Indústrias sofrem cada vez mais mudanças com a chegada da inteligência artificial
Desde o surgimento dos robôs na década de 70, o mundo vem se robotizando. Relatórios da International Federation of Robotics (IFR) mostram que a base instalada de robôs globalmente é de 2,7 milhões de unidades. Neste processo, os cobots têm papel muito importante pois abriram um novo campo de atuação: pessoas e robôs compartilhando o mesmo espaço físico. Para o pesquisador e economista Cezar Taurion Chede, o significado da sigla RH passará a ser Robôs e Humanos. “Será natural convivermos com inteligência artificial e robótica no nosso dia a dia
Desde o surgimento dos robôs na década de 70, o mundo vem se robotizando. Relatórios da International Federation of Robotics (IFR) mostram que a base instalada de robôs globalmente é de 2,7 milhões de unidades. Neste processo, os cobots têm papel muito importante pois abriram um novo campo de atuação: pessoas e robôs compartilhando o mesmo espaço físico.
Para o pesquisador e economista Cezar Taurion Chede, o significado da sigla RH passará a ser Robôs e Humanos. “Será natural convivermos com inteligência artificial e robótica no nosso dia a dia. E, quando falamos em robôs, não são necessariamente robôs físicos, mas softwares que estarão embutidos em nossos equipamentos”, explica.
Diante disso, surgem também os dilemas sobre os limites éticos. Para Denis Pineda, da Universal Robots, pessoas devem fazer trabalho de pessoas e robôs trabalho de robôs. “É ético deixar pessoas fazendo processos de paletização de caixas de 8kg, três caixas por minuto durante oito horas? Por que não utilizar um robô para fazer tarefas que implicam risco ergonômico evitando que as pessoas se machuquem?”, questiona.
Um ponto chave para que uma indústria passe do mindset analógico para o digital é investir na automação. Para Denis Pineda, gerente regional da Universal Robots, empresa dinamarquesa líder na produção de braços robóticos industriais colaborativos, os cobots podem ser bons aliados nesse processo.
"Defendemos muito a visão de um modelo híbrido que seja contemplado por humanos e cobots para atingirmos maiores eficiências produtivas com menores impactos financeiros. Ao automatizar um determinado processo com um equipamento desse tipo, pode-se atingir ganhos expressivos em qualidade graças a repetibilidade e precisão dos cobots e isso já traz um impacto direto em KPIs tangíveis produtivos e intangíveis com relação à lealdade dos clientes, já que produtos sem defeitos geram satisfação dos usuários com relação à marca e causam um impacto logístico muito reduzido", explica o especialista da empresa que possui 29 escritórios em 20 países e mais de 46 mil cobots vendidos em todo o mundo.
Como toda tecnologia nova, o processo exige capacitação. Porém, no caso de Universal Robots, o processo é muito menos complexo quando comparado a robótica convencional. “A capacitação de operadores pode ser feita em questão de horas e de programadores leva apenas uma semana de treinamento”, comenta.
Já Cezar contribui que os limites éticos serão definidos pelas sociedades. “Cada uma tem características próprias, tanto culturais quanto econômicas. O mundo não é homogêneo e o que chineses aceitam, brasileiros não. O que brasileiros aceitam, alemães não. Assim, ao longo dos próximos anos vamos aos poucos desenhar quais os limites éticos que deverão ser respeitados”, frisa.
Por sua vez, Thomas Job Antunes, executivo do Hélice (instituto que conecta grandes corporações - como Randon, Marcopolo e Soprano - com startups) salienta que, no escopo das marcas que fazem parte do Instituto, não há existe projeção de uso de inteligências sem a presença do ser humano ao lado. “Vemos sempre uma combinação de competências digitais com competências humanas, nunca somente um ou outra”, ressalta.
Sobre a substituição do fator humano com o uso de novas tecnologias, Thomas considera um mito. “No nosso ponto de vista, esse é um mito que deve ser desconstruído. O que acontece é a substituição da tarefa que a pessoa realiza, mas não a substituição da pessoa. Ao invés de gastar seu tempo em trabalhos operacionais e manuais, a pessoa se dedica na análise dos dados desses processos, por exemplo”, explica.
O executiva considera a inteligência artificial como um dos principais caminhos para a transformação digital das empresas. “Há uma grande capacidade de resiliência e aceleração da transformação digital das empresas, permitindo que sejam mais rápidas e mais resistentes às mudanças constantes”, comenta. Ao mesmo tempo, ressalta a importância de preparação e gerenciamento para inserção das novas tecnologias nas corporações. “Não é tão simples quanto contratar um fornecedor e tudo fica resolvido. Na realidade, tem todo uma cultura e uma competência a ser desenvolvida internamente”, aponta.
Conforme Thomas, o grande motivador de transformação das empresas é o uso de inteligência artificial, mas a inserção da mesma nas corporações envolve diversas complexidades, relacionadas à integração de sistemas, questões jurídicas, alinhamento de estratégias, envolvimento financeiro, processos de compra, por exemplo.