Estudante cria marca de chás durante a pandemia e já supera mil clientes

A pandemia trouxe consequências diretas para o dia a dia das pessoas: não apenas pelos efeitos sanitários, mas também pelo impacto econômico. Nesse período, o empreendedorismo no Brasil passou por um salto: de acordo com o Sebrae, o número de pessoas oficialmente empreendedoras aumentou em 14% em relação ao ano passado.

Alguns desses empreendimentos tiveram um boom, como o caso de Andressa Figueiró, uma estudante de Odontologia que criou a Evah: marca especializada em chás saudáveis, 100% naturais e produzidos de forma sustentável. Lançada na pandemia, a Evah já supera os mil clientes. 

Empreender na pandemia: dados e estatísticas

O Brasil bateu um recorde neste 2020 no que se refere ao empreendedorismo: estima-se que 30% do PIB brasileiro vem, justamente, dos empreendedores. Segundo a Global Entrepreneuship Monitor, o Brasil tem, nada mais nada menos, que 52 milhões de pessoas donas do seu próprio negócio.

O que mais chama a atenção, contudo, é o crescimento do empreendedorismo durante a pandemia: se compararmos os primeiros nove meses de 2020 aos primeiros nove meses do ano anterior, há um aumento de 14,8%. As razões por trás desses números são várias. Para a Andressa Figueiró, a ideia de abrir uma marca especializada em chás está ligada à vontade de fazer negócios de uma maneira mais sustentável.

“A Evah nasceu do desejo de ser diferente, de quebrar os moldes tradicionais e desafiar a maneira como as coisas são feitas. Nós acreditamos em uma nova forma de fazer negócio, mais sustentável, cooperativa e inclusiva”, diz a estudante de Odontologia.

O caso Evah: uma revolução na maneira de tomar chá

Os chás fazem parte do dia a dia dos brasileiros. Aliás, entre os anos de 2010 e 2019, o consumo de chá no país aumentou em mais de 50%, de acordo com uma pesquisa feita pela Europass Monitor.

Mas não é isso que vem mudando: a escolha do chá também é outra. Agora, as pessoas buscam alternativas cada vez mais naturais para aproveitar todas as propriedades e benefícios das plantas.

Andressa Figueiró optou por trabalhar apenas com produtos selecionados, vindos de pequenos produtores devidamente licenciados. A intenção é ter chás 100% naturais para que as pessoas possam aproveitar todos os benefícios das plantas. É por isso que a Evah não trabalha com chás em saquinhos de papel. Afinal, nesse tipo de embalagem, há substâncias químicas, como:

- Conservantes;

- Colorantes artificiais;

- Saborizantes;

- Aromatizantes;

- Plástico.

Além disso, dentro desses saquinhos, está somente uma espécie de poeira das plantas, já que elas passaram por um intenso processo de trituração, no qual acabaram perdendo seus óleos essenciais, seu sabor e propriedades. O que a Evah utiliza é o chamado saquinho piramidal.

Os saquinhos piramidais são assim chamados pelo seu formato de pirâmide, pensados para facilitar a passagem dos óleos essenciais presentes nas plantas e também para permitir que as folhas permaneçam inteiras.

Nessa nova maneira de comercializar chás, não ocorre a trituração das plantas, o que preserva os benefícios, o aroma, a cor e o sabor do chá, evitando, assim, a inserção de substâncias químicas, como conservantes.

Aliás, uma das grandes razões pelas quais as pessoas têm preferido esse tipo de saquinho é a segurança de que não são acrescentadas substâncias químicas, nem há o uso de plástico: tudo é 100% natural. Algumas características desses saquinhos:

- Sua composição: o PLA é um material feito à base de vegetais, principalmente do amido de milho. Não utiliza o plástico ou outros tipos de componentes.

- Seu formato: O formato dos saquinhos permite a passagem dos óleos essenciais das ervas e folhas utilizadas nos chás, o que potencia seus efeitos e propriedades naturais.

- O tempo de infusão: Os saquinhos piramidais respeitam o tempo correto de infusão das plantas. O resultado é uma bebida com muito mais sabor.

- Antioxidantes: Os chás em saquinhos piramidais contêm até cinco vezes mais antioxidantes naturais do que aqueles comercializados em saquinhos de papel.

Iniciativas com compromisso social

Outro dado que chama a atenção, quando pensamos no novo empreendedorismo no Brasil, é a responsabilidade social de grande parte das novas marcas. Elas valorizam muito mais os pequenos produtores, as questões sociais e os cuidados com o meio ambiente.

A Evah também é um exemplo desse tipo de ação. Segundo Andressa Figueiró, fundadora da marca, 20% dos lucros da empresa são destinados a “empoderar uma mulher com água potável e saneamento básico, por meio da Water.org”.

No Brasil, quase metade da população não tem acesso a sistemas de esgotamento sanitário. Quanto à água tratada, 16% da população brasileira não têm acesso a esse recurso básico. Esses dados foram divulgados oficialmente pelo Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS) em junho de 2020 e despertaram iniciativas como a da Evah.

“As mulheres são as grandes responsáveis por coletar água em locais de extrema pobreza. Quando uma comunidade recebe água, mulheres e meninas recuperam suas vidas. Elas iniciam negócios, melhoram suas casas e se encarregam de seus próprios destinos”, explica Figueiró.

Assim como grande parte dos empreendimentos que nasceram na pandemia, a Evah é online. Os pedidos são feitos pelo site e entregues em todo o país, via correio. Hoje, a Evah já tem mais de mil clientes.