Agetechs: a nova tendência inclusiva e inovadora no mercado de startups
Especialistas no assunto falam sobre os benefícios de investir em negócios dedicados aos 50+

Sob a perspectiva de crescimento da população idosa no Brasil nos próximos anos, o mercado empreendedor surge com novas oportunidades de negócios para esse nicho. Segundo uma matéria publicada pela Folha Metropolitana, com dados do IBGE, o público com mais de 60 anos saltou de 11,3% para 14,7% em 2021, passando de 22,3 milhões para 31,2 milhões de idosos no país.
Em dados divulgados pelo Instituto Locomotiva, a expectativa é que até 2030 o Brasil tenha cerca de 54 milhões de pessoas idosas e quase 1 bilhão de idosos no planeta. A Georgetown Business Magazine, canal de notícias da Universidade de Georgetown, afirma que em 2020 o mercado de produtos e serviços para a terceira idade movimentou aproximadamente 15 trilhões de dólares.
Devido a esse crescimento acentuado, o mercado conhecido como ‘Economia Prateada’ tem movimentado negócios para essa faixa etária. Como exemplo disso, a empresa ‘Vomo que Vomo’ foi criada como uma ferramenta de inclusão digital para idosos. O surgimento se deu após a fundadora, Bárbara Corrêa, perceber essa necessidade por meio da sua própria avó, que ganhou um smartphone aos 80 anos.
A avó de Bárbara, uma senhorinha de origem alemã, não é muito diferente da maioria dos idosos, que costumam guardar todas as suas informações anotadas em cadernos e agendas. Foi quando Bárbara observou que a avó tinha dificuldades em mexer no celular e sempre esperava alguém para ajudar. Então, a senhora ‘Oma’, como é chamada pelos netos, de forma despretensiosa despertou o desejo de empreender na neta, que usou as suas próprias expressões para dar nome ao negócio “Vomo que Vomo”, expressão falada por ‘Oma’ do jeito alemão de falar.
O Vomo que Vomo oferece cursos para a melhor idade de forma exclusiva e, principalmente, inclusiva para os mais velhos. O mercado de produtos e serviços para a terceira idade não vai muito além de ferramentas de saúde ou produtos que buscam camuflar a chegada velhice para as pessoas. De acordo com Bárbara, os negócios desse nicho caminham de maneira lenta, mas felizmente algumas empresas estão se inserindo cada vez mais nesse setor.
Os negócios atuais que se importam com as pessoas da geração prateada estão criando cada vez mais alternativas para esse público, e reconhecendo que o “futuro é velho”. Os motivos para abrir as portas para as pessoas da terceira idade são vários, como a mão de obra qualificada, experiência e a vontade de se manter ativo. Um exemplo que pode ser citado é o programa Masterchef+, da rede Bandeirantes, que além de ser um programa especial, o público com 60+ conseguiu ganhar o coração do público, com grandes exemplos, histórias e diversão.
Bárbara acredita que quem se aproximar primeiro dos investimentos na economia prateada terá um espaço muito maior no mercado. Um exemplo disso é quando falamos sobre os 9,6 mil idosos que prestaram o ENEM em 2019. Ela fala ainda sobre os benefícios de investir nesse setor, sendo algo essencial para fortalecer o nosso próprio futuro.
O projeto Vomo que Vomo possui um diferencial exclusivo na atenção, dedicação e carinho com os mais velhos, desenvolvendo uma metodologia para empresas, negócios, marcas e parceiros que buscam valorizar o consumidor e agregar ao produto e serviço oferecido. Com cursos personalizados, a empresa desenvolve conteúdos de acordo com a necessidade das marcas, aplicando a metodologia da empresa e encorajando os idosos.
“Desde a pandemia a necessidade de estar conectado explodiu. Muitos perderam os parabéns online dos netos e bisnetos por simplesmente não conseguirem apertar o botão do celular. Neste ano, tivemos um aumento de 24% de idosos nas urnas se comparado com as últimas eleições. Além disso, nas redes sociais, o público 60+ aumentou cinco mil por cento. Eles já mostraram que estão mais vivos que nunca e prontíssimos para se aventurar nas mudanças tecnológicas e de consumo”, finaliza Bárbara.
Para Marcos Ferreira, de 58 anos, CEO e cofundador do ‘Homens de Prata’, ‘Silver Hub’ e especializado em Longevidade, o mercado de produtos e serviços para os mais velhos tem crescido junto à expectativa de vida. O canal Homens de Prata foi idealizado em um momento onde os sócios, Marcos e Cuca, perceberam a importância de investir e falar sobre o envelhecimento de forma leve.
O projeto teve início em 2019. Os primeiros episódios foram exibidos em setembro do mesmo ano, e ele foi criado para resolver uma dor que os próprios fundadores estavam passando. O ambiente criado pelo canal é para discutir dicas, insights e referências sobre a transição de carreira e os desafios enfrentados pelas pessoas quando entram na fase madura da vida.
Segundo o CEO, em um cenário onde existem 54 milhões de consumidores 50+ no Brasil, a “silver economy" movimenta R$ 1,7 trilhões por ano no país, e o aumento populacional de pessoas idosas mostra a continuidade desse crescimento. A movimentação financeira da longevidade pode chegar a R$ 3 trilhões até 2030, e nos Estados Unidos o mercado já movimenta cerca de R$ 3,4 trilhões ao ano.
Marcos Ferreira fala também sobre a importância da atuação no setor para fomentar a valorização, inclusão e inspiração do público que já está na fase prateada. Com cerca de 40 mil seguidores nas redes sociais, os canais Homens de Prata e o negócio de investimentos Silver Hub, tem o objetivo de conectar executivos com projetos de startups que possuem foco no público maduro.
O setor está em constante crescimento, assim como a expectativa de vida de pessoas da maioridade, e o fenômeno da longevidade promete valorizar ainda mais a geração com a criação de novos produtos, serviços e empreendimentos. Devido ao quesito de identificação por parte dos que seguem o Homens de Prata, é possível explicar o sucesso dos investimentos no nicho prateado.
“Nós conectamos homens da geração prateada, auxiliando na transição para a maturidade por meio da apresentação de casos reais e de experiências vividas por homens grisalhos, em faixa etária por volta dos 50+. Por nós, Cuca e eu, termos passado por essa transição de carreira, e cada um à sua medida ter planejado essa transição, começamos a nos conectar com mais pessoas que estão na mesma fase para falar dos dilemas”, afirma Marcos.
A Silver Hub chegou ao mercado como um meio de referência com base tecnológica que aposta e investe no mercado da longevidade. Marcos acredita que a longevidade já é algo presente apesar de não ter um grande espaço de discussão na sociedade. “O processo de envelhecimento é natural e, quanto mais cedo cuidamos de todos os aspectos que garantem uma longevidade sadia, será melhor. Além disso, os maduros são um segmento de mercado com poder de compra e influência cada vez mais relevante”, finaliza o empresário.