CEO e cofundadora do Movimento Corpo Livre fala sobre sua jornada no ambiente digital

24/3/23
|
Publicado por 
Redação Start

Beta Boechat estará presente na Gramado Summit 2023 e promete reverberar novas formas de pensar a comunicação

Foto: Instagram - Beta Boechat
Foto: Instagram - Beta Boechat

Formada em Publicidade e com um discurso firme sobre diversidade e inclusão, Beta Boechat é uma mulher trans que luta contra o preconceito por meio da sua presença na internet. Beta aborda em suas redes sociais a importância da aceitação diante à exaltação da sociedade com corpos magros, mas que além da sociedade, a mudança começa dentro de si mesmo. Além disso, a influenciadora conversa com seus seguidores de forma descontraída sobre diversos assuntos, como curiosidades, dificuldades, questões e informações do universo trans.

A influenciadora estará presente na Gramado Summit 2023, que acontece nos dias 12, 13 e 14 de abril. Beta pontua que as dificuldades e o preconceito ao longo dos anos foram gás para a transformação, fazendo com que a sua presença na internet abrisse as portas para a construção de um novo cenário na sociedade atual.

Confira o papo que batemos com a Beta a seguir:

1- Como tu observa a importância da tua presença no ambiente digital sendo mulher, trans e gorda?

A internet possibilitou que a comunicação saísse da mão de poucos para a mão de muitos. Esse movimento fez com que cada vez mais vidas, mais realidades tivessem oportunidade de mostrar que existem, além de encontrarem os seus iguais. Eu sou uma dessas histórias, desses corpos que antes eram invisíveis ao olhar da sociedade. O digital me possibilitou ser ouvida, encontrar pessoas como eu e me fazer sentir um pouco mais parte da sociedade.

2- De que forma tu espera que as pessoas se inspirem e te tenham como exemplo? 

Eu não sou uma guru, e é essa a minha mensagem principal no meu trabalho. Sou uma pessoa normal, com suas particularidades, que está nessa jornada de me amar, me aceitar, fazer as pazes com meu corpo, com a minha identidade, e ter orgulho de quem eu sou. Meu conteúdo existe para documentar essa jornada e compartilhar o que eu aprendi, para que outras pessoas se sintam acolhidas e motivadas a entrar nesse processo também. Se amar é uma escolha diária, e é isso que eu quero sempre lembrar a quem me segue.

3- Sobre o Movimento Corpo Livre, como surgiu e que motivos te levaram a criar essa iniciativa? Qual o propósito do Movimento Corpo Livre?

O Movimento Corpo Livre nasceu da necessidade de trazer o assunto da aceitação, da diversidade corporal, do combate ao preconceito sobre corpos, numa época em que pouco ou nada se falava disso. Eu, junto com a Alexandra Gurgel e o Caio Revela, batalhamos muito para que, por meio do nosso conteúdo, pudéssemos criar um ambiente mais seguro e acolhedor para pessoas como nós. O Movimento nasce com o propósito de expandir esse sentimento e essa vontade pelo país. Hoje, somos a maior referência e polo de produção de conteúdo sobre o assunto, seja na internet ou offline, e isso é só o começo. Queremos atravessar o discurso da inclusão, com uma narrativa afirmativa, mostrando que corpos diferentes, pessoas diferentes, podem sim mudar o mundo e mudar a si mesmas.

4- Quais dificuldades tu enfrentou durante a jornada como mulher trans e gorda no ambiente digital? De que forma as dificuldades te ajudaram a chegar onde chegou e ser quem é atualmente?

Ser gorda na internet é um desafio árduo. Apenas por existir, somos tratadas com ódio, como se o nosso corpo por si só fosse uma agressão, digna de ser excluída e humilhada. Muitas pessoas gordas desistem de mostrar seus talentos, seu trabalho, por não conseguirem lidar com o ódio. Transicionar na internet também é um desafio enorme. Quando comecei meu trabalho, ainda apresentava uma figura masculina, e não foram poucos os comentários maldosos que recebi e recebo durante todo o meu processo. Mas isso tudo me fez entender que, se eu recebo toda essa carga negativa, tantas outras pessoas desistem de se amar, desistem de ser quem gostariam de ser exatamente pelo medo das consequências. Isso me fez aprender que sim, eu posso ser alguém que vai dar a cara a tapa e ser essa voz de incentivo, apesar dos contrários. Minha luta é para que ninguém precise ter vergonha de ser quem é, e as dificuldades só mostram que minha presença e a de tantas outras como eu é fundamental para construção desse espaço de acolhimento.

5- Se tu fosse te definir em apenas uma palavra, qual palavra escolheria e por que? 

Criação - Todo dia que acordo, todo dia que faço um conteúdo estou criando a mim mesma. Entendo que mais importante que “descobrir quem somos” é criar quem queremos ser. Nossa vida é uma troca interminável, uma negociação entre nossos desejos, nossos medos, nossas vivências, as pessoas que nos cercam, a sociedade em que vivemos, e é dessa negociação que nasce a Beta. É essa vontade de me construir que me faz ter vontade de estar viva.

6- O que tu espera da tua participação na Gramado Summit 2023? De que forma tu espera impactar as pessoas que assistirem a tua palestra?

Participar de um espaço como a Gramado Summit pra mim é poder ter a oportunidade de contar histórias que vão incomodar, fazer refletir e talvez reverberar novas formas de pensar a comunicação. Diversidade não é apenas um número bonito para apresentar no relatório anual. É se abrir para o novo, para o inesperado, para o que nunca fizemos antes. Se eu conseguir passar essa mensagem, já vou estar muito feliz.

7- De que forma a Gaiah te ajudou durante a tua jornada no ambiente digital? Como tu observa a importância de uma agência com foco em diversidade e inclusão para o mercado publicitário?

Nada nesse mundo se constrói sozinho. A Gaiah é uma parceira que faz com que meu trabalho seja possível, não só me ajudando a remunerar meu conteúdo, mas como também um ponto de reverberação da diversidade. É uma empresa que nunca se cansa de contestar, de questionar, de trazer a diversidade como tema central na comunicação, o que se alinha completamente com o meu propósito individual. A Creator Economy veio para colocar a criatividade como asset principal em qualquer organização, time ou empresa, mais do que nunca. E o que é a criatividade senão o choque de ideias. A diversidade é combustível fundamental da inovação, e ter empresas como a Gaiah, que não nos deixam esquecer disso, é fundamental.

Confira mais posts do Start