Como os hubs de inovação contribuem com os ecossistemas locais?

13/7/23
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Publicado por 
Redação Start

Fundadores de espaços de incentivo à inovação falam sobre a representação e iniciativas no Rio Grande do Sul

Foto: Divulgação - Instituto Caldeira
Foto: Divulgação - Instituto Caldeira

Se você está por dentro dos acontecimentos que envolvem o ecossistema de inovação, já deve ter ouvido falar no termo hub de inovação, utilizado para descrever espaços que carregam a proposta de estimular conexões, novos projetos e ideias inovadoras. Esses espaços são reflexo de uma demanda crescente no país, fruto do progresso brasileiro com relação ao surgimento de novas startups e de tecnologia.

Segundo dados do Associação Brasileira de Startups, existe uma média de 13 mil startups espalhadas por todo o país, o que reflete diretamente na demanda por ambientes que promovem a inovação e desempenham um papel importante que amplia e impulsiona o ecossistema. Além do espaço aberto, hubs de inovação tendem a promover uma série de ações para fomentar essas ideias, como mentorias, programas de aceleração e outras ferramentas.

Foi pensando nisso que um grupo de empresários e empreendedores decidiram se unir para colaborar com esse cenário, dando origem ao Instituto Caldeira, localizado na cidade de Porto Alegre, Rio Grande do Sul. O Instituto nasceu da inquietação desse grupo ao  entenderam a importância de conectar e mobilizar empreendedores com a nova economia, ligada à inovação e tecnologia.

Pedro Valério, diretor executivo e cofundador do Instituto, compartilha que o nome surgiu como inspiração do próprio espaço onde está localizada a sede do Caldeira. O ambiente compõe uma área de 22 mil metros quadrados onde ficam duas caldeiras trazidas da Escócia em 1918 por A.J Renner, fundador das lojas Renner que, por meio das caldeiras, fornecia energia elétrica para empresas na região. Assim como A.J Renner, o Instituto Caldeira carrega o propósito de gerar energia para novos empreendimentos e empreendedores, mas não a energia elétrica, a energia para novos a ascensão de novos talentos no Rio Grande do Sul.

Foto: Divulgação - Instituto Caldeira

O executivo comenta que mesmo distante dos eixos de inovação nacionais e internacionais, o grupo sentia a necessidade de transformar os diferentes setores da sociedade, fomentando a competitividade saudável para o meio corporativo. O propósito do espaço vai além de gerar novos talentos, mas impulsionar conteúdos, conexões importantes para as organizações e gerar transformações concretas e positivas para os apaixonados por essa visão inovadora.

Do ponto de vista de Pedro, os hubs de inovação são pontos de colaboração, que geram valor para os negócios e para a comunidade em geral. Entre as ações promovidas pela associação, podemos citar  um portfólio extenso de produtos e serviços com programas de aceleração, programas de inovação aberta, eventos e atividades que ampliam as conexões entre os empreendedores do espaço.

“O que mantém essas instituições nos seus espaços de inovação e participando do hub está ligado a capacidade da geração de valor que a gente tem dado por meio dessas iniciativas. A gente tem um time que atende essas organizações e ajuda na compreensão dos seus desafios, estágios, e de alguma maneira, funciona como um radar de oportunidades que são conectadas diariamente com as empresas e instituições”, comenta Pedro.

Apesar de ser um espaço consolidado, ele afirma que existem desafios a serem superados em meio ao ecossistema, como a distância dos grandes eixos de inovação. Por esse motivo, existe um trabalho para erguer e se posicionar de forma concreta, promovendo o ecossistema algo diferenciado sobre a perspectiva de colaboração, da geração e formação de talentos e de impulsionamento de negócios de impacto.

Pensando nessa diferenciação que o Instituto Caldeira criou o projeto Campus Caldeira, que busca consolidar o espaço como um polo de formação de talentos para preparar e qualificar jovens da rede pública de ensino, entre 16 e 24 anos, junto a parceiros como Amazon, Google, SalesForce, Microsoft, entre outros.

“Dessa forma a gente consegue ter um volume expressivo de talentos que abastece as startups, as grandes empresas e demais iniciativas que estão localizadas dentro da comunidade do Caldeira. A gente tem olhado a expansão física do espaço, que tem como objetivo receber mais empresas, startups e espaços voltados para esse ambiente e de fato posicionar o distrito Caldeira como um ambiente com alta densidade empreendedora. Além disso, o Caldeira promove uma plataforma que vai ajudar a consolidar essa teia de parceiros nacionais e internacionais”, completa.

Subindo até a serra do Estado, há quem busque fomentar o cenário de inovação. Para Maria Júlia Bezzi, os ecossistemas de inovação são meios que promovem a transformação de negócios e economias locais. Por esse motivo, ela deu início a um projeto criando um hub de inovação em Gramado, Rio Grande do Sul. O Verso nasceu como um espaço de negócios, carregando como referência os ecossistemas globais, inspirando, conectando e fortalecendo profissionais e negócios que impactam o mercado local.

Compondo o grupo Monte Verde, que atua há quase 50 anos no mercado imobiliário, o hub completou um ano de operação, e reúne mais de 25 empresas habitantes do espaço físico e canais digitais. Segundo Maria Júlia, o Verso já ajudou a desenhar benefícios de um ambiente propício para colaboração e conexão, com potencial de impacto positivo na região.

Foto: Cássio Brezolla

Mesmo diante ao empreendedorismo mais tradicional e as ações voltadas para o turismo e a gastronomia, Maria Júlia compartilha que decidiu ir além, buscando aproveitar as temáticas locais e ampliando as oportunidades, o aprendizado e o desenvolvimento. Além disso, a equipe do Verso conta com o apoio da comunidade local, parceiros, multiplicadores e investidores para melhorar ainda mais a experiência de quem está presente no espaço e, consequentemente, dos negócios locais.

“Esse incentivo ao local se inicia nos nossos produtos: nos espaços flexíveis para todo o tipo de rotina de trabalho, absorvendo preocupações com infraestrutura e manutenção, promovendo oportunidades de conexão e desenvolvimento, propiciando encontros e troca de experiência, na visibilidade e acesso a negócios e oportunidades de outros ecossistemas. Está também nos nossos planos, que incluem um programa de rádio para promover e conectar negócios, um café e restaurante para enriquecer encontros e um braço de educação para apoiar o desenvolvimento de pessoas e negócios”, explica Maria Júlia.

Maria Júlia compartilha que montar um hub de inovação em Gramado foi um desafio muito mais cultural do que das iniciativas locais.

"Como cidade, sempre soubemos identificar tendências e replicar ao contexto local, nos mantendo por muitas décadas entre os principais destinos do país. Mudar a mentalidade de negócio é mais difícil do que conectar com tecnologias emergentes. Receber o novo mesmo com a dor de crescimento de uma economia em transformação é o que pode minimizar a resistência e viabilizar as conexões que aceleram esses resultados”, finaliza.

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