Economia circular na moda leva sociedade a repensar formas de consumo

30/11/22
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Publicado por 
Redação Start

A preocupação com os processos produtivos e o descarte consciente estimulam essa ideia

Um modelo de negócios ganha força a cada dia. Ele busca movimentar a economia com coisas usadas e possui o benefício de economizar dinheiro, aumentando a vida útil de peças de inúmeros segmentos. Diminuir o impacto do lixo no meio ambiente é apontado como um dos principais motivos que levam consumidores a comprar em bricks e brechós. Esse comportamento ganhou o nome de ‘economia circular’.

A partir da definição publicada pelo Portal da Indústria, a economia circular está associada ao desenvolvimento econômico e um uso consciente dos recursos naturais, por meio dos modelos de negócios e a otimização dos processos de fabricação de algum produto. Aliada à indústria têxtil, o conceito vai além de apenas reutilizar.  A moda consciente questiona a maneira como as roupas são fabricadas, usadas e reutilizadas.

Segundo dados de uma pesquisa divulgada pela Quantis, a indústria têxtil foi responsável pela emissão de 8% dos gases responsáveis pelo efeito estufa em 2018. Isso nos faz refletir sobre as formas de consumo e de que forma podemos mudar a realidade atual para ter um impacto positivo no futuro.

Com intuito de desapegar de algumas roupas, Rovana Silocchi e Clarissa Cortelletti se uniram há cerca de dois anos e meio e criaram a DFL. A empresa tem o objetivo de comercializar peças de moda circular, exclusivas e por um preço mais acessível, além do engajamento com o meio ambiente. 

Clarissa acredita que as peças, além de estarem alinhadas com a causa ambiental, possuem um processo de curadoria que garante a qualidade dos produtos. Apesar de ter iniciado para ser apenas um meio de renda extra, o negócio cresceu e hoje já é a principal fonte de renda da dupla. A moda circular segue um ciclo de forma que prolonga a vida útil da peça, passando pela parte da produção, varejo, consumo final, reutilização e, muitas vezes, indo até a indústria da reciclagem.

“A gente sabe que o envio para fora do estado acaba tendo um certo consumo de CO² por meio do transporte, e a lavagem feita das peças acaba tendo o consumo de água. Apesar do gasto, ainda é muito menor do que seria para produzir uma peça. Sabemos que, para produzir uma peça de roupa, são necessários três mil litros de água, e como já passamos das oito mil peças que foram vendidas, evitamos cerca de 24 milhões de litros de água. Isso mostra que consumir peças de moda circular gera um impacto positivo para o meio ambiente”, conclui Clarissa.

A empresária afirma também que o consumo desses produtos não é de exclusividade de mulheres, já que os homens também fazem parte de 5% dos clientes da DFL. Apesar de ser consumido em sua maioria por mulheres jovens de 25 a 35 anos, a loja também atende todas as idades e classes sociais. A equipe busca atender todos os clientes de forma íntima, incentivando o consumo da moda circular.

Outra empresa que investe em economia circular aliada a moda é a Roupateca, que surgiu após a idealizadora Daniela Ribeiro questionar a quantidade de mulheres que tinham o guarda-roupa cheio e sempre com a sensação de não ter o que vestir. Pensando nisso, a empresária iniciou uma busca de alternativas para que as peças circulassem mais. 

A empresa trabalha com a ideia de guarda-roupa compartilhado, criando modelos de assinaturas com inúmeras possibilidades para os clientes. A Roupateca realiza o trabalho de curadoria de marcas para comercializar por meio de box de assinatura, planos que podem variar de R$125,00 a R$500,00. Os assinantes da empresa podem escolher apenas uma peça por vez, três peças, seis peças e até um delivery mensal que permite a escolha de até dez peças, contando ainda com uma consultoria de estilo.

Segundo a CEO da empresa, Flávia Nestrovski, a empresa se preocupa em manter a essência da empresa, buscando principalmente conhecer os processos produtivos das peças circuladas. “Nos preocupamos em conhecer a cadeia de produção, saber como elas foram produzidas, desde o design até a mão de obra. Nossa preocupação é com um design autoral, uma cadeia de produção limpa, priorizamos tecidos naturais, com menos materiais sintéticos. Além disso, priorizamos produções nacionais”, diz Flávia.

Quesitos como a economia e o consumo consciente são os principais fatores que levam as pessoas a consumir peças de moda circular. A redução da água no processo de produção, a redução na emissão de CO2 e o descarte consciente são alternativas positivas para o meio ambiente e para o mercado que opta por investir em negócios desse segmento. 

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