Governança Interinstitucional e Capital Relacional: a convergência dos atores sociais para o desenvolvimento territorial sustentável.
Cidades criativas e sustentáveis não se constroem sozinhas — nascem da conexão entre governo, universidades, mercado e comunidade. É isso que Santa Maria vem fazendo: juntando gente, ideias e propósito. Com uma forte base acadêmica, um ecossistema inovador em crescimento e projetos como o Distrito Criativo Centro-Gare, a cidade mostra que inovação com inclusão é o caminho para um futuro mais inteligente e sustentável.
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O desenvolvimento sustentável de um território não é fruto de ações isoladas, mas da capacidade coletiva de articular atores diversos, construir confiança interinstitucional e implementar projetos sistêmicos, inclusivos e inovadores. Cidades que aspiram ser inteligentes, criativas e sustentáveis precisam mais do que recursos financeiros ou tecnologia: elas precisam de governança colaborativa, diversidade de vozes e redes sociais fortes. A aproximação entre governo, universidades, setor produtivo e sociedade civil — frequentemente denominada modelo quádrupla hélice — tem se consolidado como paradigma eficaz para enfrentar os desafios urbanos contemporâneos. Mais do que cooperação, trata-se de um processo de co-construtivismo territorial, no qual o conhecimento acadêmico, o potencial inovador do mercado, a ação pública e o protagonismo comunitário convergem para transformar realidades.
Desenvolvimento sustentável como construção coletiva
O conceito de desenvolvimento sustentável ultrapassa a dimensão ambiental e exige uma abordagem sistêmica que contemple crescimento econômico, equidade social e equilíbrio ecológico. Isso só é viável quando múltiplos atores sociais contribuem com visões, saberes e práticas complementares. Cidades que criam condições para que esses atores se encontrem, dialoguem e operem conjuntamente, constroem soluções com maior legitimidade, eficiência e permanência. É o tecido institucional, e não apenas a estrutura física, que sustenta um modelo urbano, inovador, durável e justo.
A tríade da sustentabilidade: inovação tecnológica, inovação social e diversidade
Centros de pesquisa, startups e empresas inovadoras têm papel crucial na criação de tecnologias aplicadas à mobilidade, saneamento, educação, energia e serviços públicos. Mas inovação tecnológica isolada não é suficiente. É preciso promover também novas formas de organizar relações sociais, produzir serviços públicos e articular comunidades. A inovação social resgata saberes locais, protagoniza sujeitos historicamente excluídos e gera soluções com forte enraizamento territorial. Valorizar o empreendedorismo feminino, a juventude, diferentes etnias, comunidades periféricas e pessoas com necessidades especiais não é apenas uma questão de justiça — é uma estratégia de desenvolvimento heterogênea e mais robusta e muito mais criativa. Cidades diversas são cidades mais inteligentes.
Governança territorial: institucionalizar a colaboração
Governança territorial é a capacidade de planejar, decidir e agir coletivamente sobre o futuro de um território. Para que ela seja efetiva, precisa se basear em: Arranjos interinstitucionais permanentes e estruturados. Metas compartilhadas e indicadores públicos. Transparência nos processos e nos resultados. Distribuição justa de poder decisório. Modelos de governança eficazes valorizam a inteligência coletiva e reconhecem que nenhuma organização, por mais capacitada que seja, é capaz de resolver sozinha os problemas complexos das cidades contemporâneas.
As relações interpessoais e o papel das famílias institucionais
Para além das estruturas formais, o desenvolvimento territorial sustentável é sustentado por um ativo imaterial e poderoso: o capital relacional. Lideranças públicas, acadêmicas e empresariais que confiam umas nas outras, que já construíram projetos conjuntos e que compartilham valores tornam-se catalisadoras de políticas inovadoras. Essas redes, por vezes chamadas de “famílias institucionais”, resistem às mudanças de gestão e garantem continuidade estratégica nos processos de planejamento urbano e inovação territorial.
A cidade como ecossistema de corresponsabilidade
Uma cidade capaz de articular os seus atores sociais de forma estratégica transforma-se em um verdadeiro ecossistema de corresponsabilidade. Nela: O poder público regula, induz e articula. As universidades produzem e compartilham conhecimento. As empresas inovam, investem e escalam soluções. A sociedade civil representa, provoca e reinventa. Essa arquitetura plural não se forma por decreto, mas por processos de confiança acumulada, institucionalização do diálogo e compromisso com o bem comum.
Santa Maria: uma cidade em movimento para se tornar um território criativo e sustentávelSanta Maria, cidade universitária e polo regional do centro do Rio Grande do Sul, representa um exemplo concreto de como a convergência entre atores institucionais pode gerar novos ciclos de desenvolvimento territorial. Com mais de 30 mil estudantes universitários, uma universidade federal de excelência (UFSM), um parque tecnológico em operação (PIT-SM), um movimento empreendedor crescente e experiências de inovação social em comunidades, a cidade constrói um ecossistema onde conhecimento, criatividade e impacto social se encontram. O projeto do Distrito Criativo Centro-Gare é um marco nesse processo. Mais do que uma intervenção urbana, trata-se de uma estratégia territorial de requalificação simbólica e econômica, que articula cultura, patrimônio, empreendedorismo, inovação e inclusão social em um espaço urbano pulsante, coletivo e colaborativo. A governança do ecossistema de inovação de Santa Maria — articulando prefeitura, universidades, setor produtivo e sociedade civil organizada — tem se fortalecido como base para políticas públicas mais modernas, abertas e integradas. Santa Maria está se tornando, com consistência, uma cidade que cria com propósito, inova com inclusão e desenvolve com sustentabilidade.