Inovação tecnológica na gestão hídrica: o futuro da água

26/7/24
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Publicado por 
Redação Start

Startups e grandes projetos utilizam tecnologia de ponta para otimizar o uso da água e garantir sua sustentabilidade frente às mudanças climáticas

Foto: Unsplash
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Em meio às constantes discussões sobre mudanças climáticas e a crescente demanda por água, a gestão eficiente dos recursos hídricos tornou-se uma questão crítica. Em busca de transformar ou frear essa realidade, a tecnologia surge como uma aliada essencial na busca por soluções sustentáveis para o uso e a preservação da água. Sistemas de monitoramento avançado, técnicas de purificação de última geração, informação e conhecimento, vem revolucionando a forma como gerenciamos esse recurso vital para o futuro da humanidade.

Um conteúdo divulgado pela CNN Brasil em 2021 mostra que, até 2020, o Brasil abrigava cerca de 16,6 milhões de hectares de superfície de água, ou seja, cerca de 12% das reservas de água doce do planeta. Porém, devido às mudanças climáticas e má gestão de recursos, vem perdendo 15% da superfície de água desde o começo dos anos 1990. Os dados mostram a urgência por soluções para transformar essa realidade, pensando no futuro de toda vida que há na Terra. A aplicação dessas tecnologias é fundamental para enfrentar desafios como a escassez hídrica em algumas regiões e a poluição dos mananciais.

Por esse motivo, a equipe da redação Start conversou com startups que desenvolvem sensores inteligentes para monitoramento da qualidade da água e com grandes projetos de infraestrutura hídrica que utilizam inteligência artificial para otimizar o consumo. Em entrevista, Fernando Marcos Silva, presidente da PWTech, afirma que o desenvolvimento de novas tecnologias, ainda que simples, tem papel fundamental na melhoria da qualidade de vida das comunidades. No caso da startup, são utilizadas inovações para aumentar a possibilidade de crescimento social, assim como atender a outros segmentos voltados à sustentabilidade e à melhoria da capacidade produtiva.

A empresa enxerga o futuro do desenvolvimento tecnológico no setor de recursos hídricos com grande otimismo, prevendo várias tendências e avanços significativos nos próximos anos. Ele destaca a integração de tecnologias com monitoramento em tempo real, utilizando sensores e localização geográfica para otimizar o uso da água e detectar problemas rapidamente. Ele ressalta a importância do desenvolvimento de tecnologias de dessalinização e reutilização de água, tornando esses processos mais acessíveis, especialmente em regiões com escassez hídrica.

Segundo Fernando, haverá uma crescente demanda por sistemas de tratamento descentralizados e compactos, como o PW5660, que oferece flexibilidade para comunidades rurais e áreas remotas. Além disso, a sustentabilidade será uma prioridade, com o desenvolvimento de soluções de tratamento de água que otimizem energia e recursos, sendo modulares e financeiramente acessíveis, considerando a diversidade dos estados brasileiros. Ele enfatiza ainda que a empresa está comprometida em liderar esses avanços, desenvolvendo soluções inovadoras que promovam a sustentabilidade no uso dos recursos hídricos, além de também promover a educação, ações de conscientização e conhecimento.

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“O desenvolvimento do purificador PW5660 resultou em um sistema de purificação de água portátil, compacto e versátil. Medindo menos de 1 metro de largura e 43 cm de altura, e pesando aproximadamente 18 kg, o PW5660 pode funcionar com diferentes fontes de energia. O equipamento tem uma capacidade de produção diária estimada entre 5 e 10 mil litros de água doce, purificando água contaminada de rios, poços, lagoas e cisternas. Ele reduz a presença de partículas em até 99,5% e elimina 100% dos vírus e bactérias. Reconhecido como Produto Estratégico de Defesa pelo governo brasileiro, o PW5660 já foi enviado a áreas remotas e sem infraestrutura de saneamento básico, como a Ilha do Bororé, em São Paulo, e comunidades indígenas Yanomami, no Amazonas”, comenta Fernando.

Além disso, ele destaca que o purificador também é utilizado em programas de saúde e educação, fornecendo água limpa para Unidades Básicas de Saúde e escolas. Em parceria com a ONU, o PW5660 foi enviado a 20 países que passam por crises humanitárias, incluindo Ucrânia, Faixa de Gaza, Síria, Haiti, Paquistão e Etiópia. Adicionalmente, a PWTech também desenvolveu o programa Água Boa nas Escolas, que estabelece parcerias para levar água potável a 8 mil escolas no Brasil que ainda não têm acesso a esse recurso essencial.

Segundo Fernando, a tecnologia desenvolvida para o PW5660 tem um processo bastante simples: se inicia com uma cloração, passa por dois níveis de filtro particulado e acaba em uma membrana de ultrafiltração, que nada mais é do que o filtro usado em máquinas de diálise. Durante as pesquisas, foi possível desenvolver os purificadores, pensando que as membranas usadas para diálise poderiam ser uma ótima solução, eficiente e relativamente barata. 

“Nossos purificadores já são usados em regiões com pouco ou nenhum acesso a água potável, o que ajuda a melhorar a saúde das pessoas que se beneficiam deles. Com acesso a água e menos problemas de saúde, crianças não faltam às aulas, mulheres não precisam caminhar por horas para conseguir uma fonte de água, o sistema de saúde da região fica menos sobrecarregado, entre outras vantagens. Com isso, a PWTech se alinha aos objetivos 3, 4, 6, 11 e 17 da Agenda 2030 da ONU", conclui Fernando.

Com uma proposta inovadora para o saneamento básico, a Iguá Saneamento pontua que a gestão de perdas é um dos desafios mais relevantes quando falamos sobre gerir recursos hídricos. Neste sentido, a Iguá Saneamento busca alternativas inovadoras, sustentáveis e inteligentes. Atualmente, mais de 40% do volume de água na Iguá é medido por hidrômetros inteligentes, resultado da criação de uma unidade de negócios da Companhia voltada para a IoT, chamada Fluxx, que nasceu na edição 2020 do Festival de Inovação. 

Segundo Mayckel S.C. Pereira, diretor de gestão operacional da Iguá Saneamento, a implantação de sistemas de análise de anomalias de vazão e pressão nos sistemas de distribuição de água e a identificação, por meio de imagens, de áreas sensíveis e potenciais fraudes, também contribuem fortemente para a diminuição de perdas de água aumentando a eficiência operacional do sistema. Ele afirma também que a Iguá conta com uma matriz de riscos climáticos, que apoia na antecipação de ações de forma a garantir acesso à água potável para a população. 

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"A Iguá Saneamento opera sistemas de abastecimento de água e esgotamento sanitário em 27 municípios do país, beneficiando cerca de 3 milhões de pessoas. Em seus sete anos, a Iguá se destaca por uma gestão inovadora, focada na satisfação do cliente e no uso de novas tecnologias para otimizar recursos hídricos e acelerar a universalização do saneamento. Com uma equipe dedicada exclusivamente à inovação, promovemos o Festival de Inovação para incentivar e reconhecer iniciativas internas e o programa Iguá Lab para parcerias com startups. Um exemplo é a colaboração com a CONATUS para desenvolver um sensor de cargas que utiliza IoT, aprendizado de máquina e inteligência artificial para monitorar e melhorar a qualidade da água em tempo real, representando um avanço significativo no setor de saneamento", comenta Mayckel.

Entre as ações inovadoras que contribuem para a melhor qualidade dos serviços prestados, Mayckel apresenta o Iguá Lab, que desde 2018 vem fomentando os relacionamentos com startups e gerando frutos positivos tanto para o mercado, quanto para empresas. Outra solução citada pelo diretor é a Fluxx, já citada anteriormente, que foi desenvolvida para garantir maior eficiência operacional. Segundo ele, a medição digital utilizada nessa solução é mais precisa e diminui os custos da leitura presencial. Da mesma forma, são realizados monitoramentos de qualidade da água com sensores na Iguá Rio, concessionária na capital fluminense que já nasceu digital. 

“Todas essas soluções inovadoras e tecnológicas implantadas pela Iguá permitem um controle de consumo mais focado na sustentabilidade e na conservação de recursos. Outro exemplo são as iniciativas da Iguá para destinação de lodo das Estações de Tratamento de Água (ETA) e Esgoto (ETE). Nosso objetivo é, até 2025, destinar 75% do lodo produzido em nossas operações para a agricultura. Mais do que reduzir custos operacionais com o descarte de material em aterros sanitários, o reaproveitamento do lodo é uma alternativa sustentável que fecha o ciclo dos tratamentos de água e esgoto e ainda contribui com a economia local e a geração de renda. Atualmente, em quatro concessionárias do Grupo – Agreste Saneamento, Atibaia Saneamento, Iguá Rio e Águas Cuiabá – o reaproveitamento do lodo que sobra das ETEs e ETAs já é realidade e são transformados em adubo orgânico, tijolos ecológicos, argila para a produção de cerâmica e manta biodegradável”, destaca Mayckel.

Ele afirma ainda que a empresa caminha com o olhar no futuro do saneamento, e que a digitalização da água tem como premissa a otimização da operação dos sistemas por meio da utilização da inteligência em dados e de tecnologias e processos inovadores.

“Estimular o desenvolvimento da inovação e tecnologia para o setor do saneamento como um todo está entre os principais objetivos da empresa. Passando pela cadeia produtiva, chega-se ao consumidor final, que sempre será o centro da estratégia da Iguá Saneamento. Para a inovação, isso se traduz no compromisso de identificar, entender e buscar soluções para possíveis dores e desafios desses clientes”, completa Mayckel.

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