Oito em cada dez lideranças têm dificuldade em conduzir diferentes gerações, aponta 2ª edição do Panorama de Sentimento das Lideranças
Pesquisa feita pela SPUTNik, com mais de 250 líderes de grandes empresas, revela também que mais da metade das lideranças sentem a falta de clareza na estratégia como principal problema na tomada de decisão

A relação entre diferentes gerações no ambiente de trabalho tem exercido um impacto notável no dia a dia das organizações. E isso tem exigido das lideranças uma visão mais direcionada e participativa, com abordagens mais flexíveis e inclusivas para atender às necessidades de suas equipes multigeracionais. Porém, oito em cada dez (79%) das lideranças dizem ter dificuldade de liderar diferentes gerações. É o que mostra a segunda edição do Panorama de Sentimentos das Lideranças, criado pela escola corporativa SPUTNik.
Ao longo deste ano, a pesquisa ouviu mais de 250 líderes de grandes empresas, e dentre vários diagnósticos apontados estão a preocupação com ansiedade, autoconhecimento, e melhor equilíbrio entre vida pessoal e desenvolvimento profissional. O estudo mostrou, ainda, que 1/4 das lideranças consideram que “formas de desenvolver e engajar a equipe” são um horizonte nebuloso, seguido de “possibilidades de crescimento de negócio a longo prazo” (24,6%).
“Engajamento é uma dor que virou crônica entre as lideranças, mas é muito importante conectar isso também com o ambiente multigeracional. A geração Z, por exemplo, tem sido percebida como menos engajada que os millennials e baby boomers, pois é uma geração muito pautada pelo propósito, enquanto os 30+ costumam ser reconhecidos por sua dedicação incansável ao trabalho", destaca Mariana Achutti, CEO da SPUTNiK.
"Hoje, o que temos chamado de 'quiet quitting' pode, na realidade, trazer uma interpretação equivocada sobre os colaboradores. Estamos lidando, na verdade, com uma geração que apenas está pedindo para seguir o "job description", e considera démodé o perfil 'workaholic', mas não significa que não esteja engajada. Portanto, é crucial para os líderes entenderem essas nuances geracionais e adaptarem suas estratégias, reconhecendo que o sucesso e o comprometimento no trabalho estão mudando e exigindo uma abordagem mais flexível e personalizada", complementa.
Desde 2022, o Panorama de Sentimentos das Lideranças vem acompanhando como se dá a tomada de decisão nas empresas. E a falta de clareza estratégica foi, pelo segundo ano, a maior dor reportada pelos líderes (48,1%). Outra questão apontada foi a coleta e/ou análise de dados precária, o que indica que as empresas ainda não estão usando a máxima capacidade em tecnologia de dados para tomar decisões. Além disso, mais de 60% dos gestores relataram que antes de tomar uma decisão eles recorrem às suas lideranças, seus pares (56,7%) e network pessoal (53,8%). No entanto, apenas 11,9% consultam o board.
Na outra ponta, 36,2% dos respondentes sinalizaram que não têm como canal prioritário as trocas com seus líderes, assim como 43,3% não se conectam com seus pares em momentos decisivos. “Esse é um dado alarmante e que precisa ser olhado com atenção, pois nos mostra que as empresas precisam desenvolver uma cultura de colaboração entre suas lideranças, dar mais segurança psicológica e criar um fluxo para alinhamento estratégico na tomada de decisão”, comenta Achutti.
Outro ponto que chama atenção é o sentimento de desamparo. Grande parte das lideranças relata falta de apoio, e liderança pouco humanizada. Os entrevistados destacam, ainda, que estão precisando de acolhimento e cultura colaborativa para a tomada de decisão.”
"Eu sempre gosto de trazer aquela máxima 'quem cuida de quem cuida?', inclusive, faz anos que trago essa provocação nas minhas aulas e palestras. As lideranças têm sido cobradas para que acolham seus times, trabalhem segurança psicológica e saúde mental cotidianamente. Mas quem está cuidando das lideranças? Fica claro que precisamos avançar nesse cuidado mútuo e criar práticas para que esses gestores também se sintam abraçados e estejam mais preparados para orientar o time e colaborar para um ambiente mais seguro também", analisa Mariana.
Importância da saúde mental
Apesar desses desafios e da ansiedade ainda ser muito presente no dia a dia da gestão, o Panorama apontou que cerca de 60% das lideranças fazem terapia, evidenciando a crescente importância de cuidar da saúde mental de líderes em um ambiente cada vez mais competitivo e desafiador. Cerca de 30% das respostas citam que esse recurso ajuda nas tomadas de decisão, através de "autoconhecimento, controle das emoções, clareza e equilíbrio", como citam algumas das respostas.
“É notório que a troca de experiências e a interseção de perfis trazem riqueza para o dia a dia nas empresas, mas isso não quer dizer que seja fácil de operar. Essa segunda edição do Panorama de Sentimentos das Lideranças nos faz refletir sobre vários pontos e deixa claro que ainda é preciso desenvolver uma cultura mais próxima e de desenvolvimento junto às lideranças”, conclui a CEO da SPUTNik.
Para ter acesso ao estudo completo, acesse aqui.