Perspectivas e tendências para a segurança de dados em startups

2/2/24
|
Publicado por 
Redação Start

Por Leandro Corrêa, advogado, CEO e co-fundador da Warun

Foto: Unsplash
Foto: Unsplash

À medida que avançamos ao longo do ano, vislumbramos não apenas um novo capítulo, mas uma era dinâmica no ecossistema de startups brasileiras, impulsionada pela iminente interseção entre a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) e a ascensão da Inteligência Artificial (IA).

Aprovada em 2018, a LGPD marcou o pontapé inicial para uma transformação significativa na forma como o Brasil protege os dados pessoais. Contemplando essa jornada, testemunhamos uma mudança cultural marcante, com uma crescente conscientização sobre a importância crucial da privacidade e segurança de dados.

Nesse percurso, a Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD) emergiu como uma figura central, orientando e fiscalizando o cumprimento rigoroso desta legislação inovadora. Agora, já em 2024, um novo ator se destaca no palco da evolução tecnológica: a Inteligência Artificial, cujo papel se intensifica nas discussões sobre a proteção de dados e inovação.

O que esperar da agenda regulatória para 2024

A ANPD, por meio de sua Agenda Regulatória para o biênio 2023-2024, delineou temas cruciais que provavelmente moldarão as discussões no próximo ano. A transferência internacional de dados pessoais, hipóteses legais de tratamento, definição de alto risco e larga escala, termo de ajustamento de conduta (TAC) e dados pessoais sensíveis são questões que devem ganhar destaque.

Destaco ainda a perspectiva de um olhar mais profundo sobre a Inteligência Artificial (IA), com a possível aprovação do Projeto de Lei n° 2338. Essa legislação visa estabelecer normas gerais para o desenvolvimento, implementação e uso responsável de sistemas de IA no Brasil, com ênfase na proteção dos direitos fundamentais. Ela sinaliza a crescente conscientização sobre os desafios éticos e legais associados à IA. Se aprovado, o projeto poderá ter um impacto significativo no desenvolvimento e uso de sistemas da tecnologia no Brasil.

Desafios e perspectivas para startups brasileiras

A cultura de dados no Brasil ainda é defasada. De acordo com uma pesquisa realizada pelo Google For Startups, 33% das startups acreditam que a falta de uma cultura de dados limpos prejudica o crescimento da IA. Por isso, a conscientização sobre a importância da qualidade dos dados será crucial para o progresso.

Além da cultura, é preciso criar soluções para melhores práticas como incentivar a educação sobre a importância da qualidade dos dados, promover investimentos em tecnologias de limpeza e organização de dados, facilitar a colaboração entre startups e especialistas em governança de dados.

Outro ponto crucial para uma nova era é que as startups tenham um papel ativo nas discussões regulatórias. É necessário que elas se engajem ativamente, trazendo suas experiências e desafios ao centro do debate. Pois, a colaboração entre setores público e privado será fundamental para garantir que as regulamentações sejam equilibradas, promovendo inovação sem comprometer a segurança e privacidade.

Enquanto este cenário se desenha, as startups podem adotar ações práticas para superar os desafios e implementar práticas de qualidade de dados. Compartilho algumas diretrizes valiosas para enfrentar esse desafio:

Conscientização e educação: as equipes devem compreender a importância da qualidade dos dados e seu papel fundamental no sucesso da IA. Sessões de treinamento e workshops podem ser ferramentas eficazes para disseminar conhecimento.

Investir em tecnologias de limpeza e organização de dados: a implementação de ferramentas de limpeza e organização de dados é imperativa. É possível implementar soluções tecnológicas que automatizem a detecção e correção de inconsistências nos dados, garantindo que estejam precisos e prontos para o uso em processos de IA.

Colaboração entre startups e especialistas em governança de dados: a colaboração é a chave. Startups podem se beneficiar ao estabelecer parcerias com especialistas em governança de dados. Essa colaboração pode proporcionar insights valiosos, estratégias de melhores práticas e ajudar na implementação de políticas de dados eficazes.

Envolvimento ativo em discussões regulatórias: as empresas devem participar ativamente das discussões regulatórias, contribuindo com suas experiências e desafios. Essa participação direta permite que elas contribuam para a criação de regulamentações equilibradas e favoráveis à inovação.

Incentivar uma cultura de dados limpos: além das ferramentas, é necessário criar uma cultura interna de dados limpos. Incentivar práticas de coleta, armazenamento e uso responsável dos dados deve ser parte integrante da organização.

Ao adotar e internalizar as melhores práticas, as startups não se limitam a uma mera conformidade com as regulamentações; elas se tornam verdadeiras protagonistas na construção do futuro ético na era da Inteligência Artificial (IA). São arquitetas da inovação responsável, onde a qualidade dos dados não é apenas uma obrigação, mas sim um distintivo de integridade e confiança.

Assim, em 2024, as startups brasileiras têm uma oportunidade ímpar de não apenas se destacarem como inovadoras, mas também como líderes éticas na revolução da IA. Ao assumirem esse papel, elas asseguram sua própria sustentabilidade, bem como, moldam ativamente um futuro onde a tecnologia e a ética se cruzam para o benefício de toda a sociedade.

Confira mais posts do Start