Presença de mulheres na indústria geek

28/11/23
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Redação Start

Profissionais da área falam sobre os desafios e as conquistas da presença feminina no mercado

Foto: Unsplash
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Apesar da predominância masculina, a indústria geek tem se mostrado cada vez mais promissora para o público feminino. A prova disso é que uma pesquisa realizada pela PGB, plataforma que mapeia o perfil e os hábitos dos gamers no Brasil, revela que, ao contrário do que a maioria acredita, as mulheres no mercado de games representam cerca de 51,5% do público. 

Marina Del Guerra, sócia de estratégia na OutField Inc., consultoria de estratégia para o mercado esportivo, que inclui o segmento de eSports, afirma que as mulheres vem ganhando cada vez mais representatividade no cenário dos games e esports. Além do aumento do número de lines femininas, ela afirma que é possível encontrar times de esports e grandes empresas do setor sendo comandadas por mulheres, como o caso do MIBR e do Final Level, dentre outros. 

Segundo ela, a presença feminina em posições de liderança no setor é fundamental tanto para incentivar mais mulheres a entrar no mercado de games, como para priorizar iniciativas que tornem o cenário mais igualitário. 

Foto: Divulgação - OutField Inc.
“Acredito que em todo ambiente que é majoritariamente masculino, como o caso do mercado de jogos e esports, ainda existe algum tipo de barreira nesse sentido. Ainda assim, enxergo que é um mercado mais atento a esse tipo de questão do que setores mais tradicionais. Acho que estamos no caminho certo, mas ainda temos um longo caminho a percorrer. Mais da metade do público gamer no Brasil é composto por mulheres, ou seja, é uma comunidade muito ativa no cenário e as lideranças do mercado devem ter como prioridade incluir e diversificar, ao invés de ignorar ou excluir”, comenta Marina.

Cynthya Rodrigues, head comercial LATAM da GMD, Agência Gamer da América Latina, compartilha que é fundamental reconhecer e celebrar o papel das mulheres no mercado de games. Segundo ela, embora historicamente exista uma predominância masculina nos holofotes, o movimento das mulheres na indústria é crescente, em que elas passam a assumir papéis de liderança, criando conteúdo e contribuindo significativamente para a indústria. 

Um reflexo dessa presença é que as mulheres têm uma perspectiva única a oferecer, tanto na criação de jogos quanto no marketing e na comunicação do setor, principalmente por sentirem na pele situações que os profissionais homens não imaginam ou não tem noção do que acontecem. Cynthya compartilha ainda que essa diversidade é crucial para o crescimento e a evolução do universo dos games de uma forma mais acolhedora.

Foto: Divulgação - Cynthya Rodrigues
“Encorajo a igualdade de oportunidades, a promoção de ambientes inclusivos e a ampliação do reconhecimento das realizações das mulheres nesse campo. Na GMD, trabalhamos para criar uma cultura que valoriza e respeita a diversidade de talentos, independentemente do gênero. Estou comprometida em ser uma voz ativa na promoção da igualdade e em inspirar outras mulheres a trilharem caminhos no mercado de games”, aponta Cynthya.

Outro fato que vem sendo transformado ao longo do tempo são os estereótipos pelos quais as mulheres passaram na indústria por muitos anos, à medida que mais mulheres se destacam como jogadoras, streamers, profissionais de marketing, desenvolvedoras e líderes de negócios na indústria de e-sports, ou que as vozes femininas se tornam mais proeminentes, contribuindo para a desconstrução de preconceitos e para a criação de um ambiente mais acolhedor para todos. Embora os desafios ainda existam, há uma mudança positiva nas atitudes e percepções profissionais.

“É um progresso encorajador, e estou otimista sobre o futuro inclusivo dos e-sports. Apesar dos avanços significativos, existem desafios persistentes, como estereótipos de gênero, discriminação e assédio. Muitas mulheres gamers enfrentam comentários sexistas, desconfiança em relação às suas habilidades e, em alguns casos, discriminação em ambientes de competição. As mulheres também podem ser sub-representadas em certas posições dentro da indústria de jogos e e-sports. Um exemplo claro disso é um conteúdo da apresentadora Bruna Balbino que viralizou recentemente e alguns comentários chegam a ser nojentos: https://twitter.com/brunabalbino/status/1715561149150753274”, compartilha Cynhtya.

Para contribuir e acelerar a transformação desse cenário, ela destaca que é crucial continuar trabalhando para eliminar o preconceito, promover a diversidade e criar ambientes inclusivos. Isso envolve conscientização, educação e ação concreta por parte da comunidade de jogadores, organizações de e-sports, desenvolvedores de jogos e toda a indústria, inclusive de marcas patrocinadoras que se posicionem. Ela explica ainda que o Brasil, assim como muitos outros países, enfrenta questões de estereótipos de gênero, discriminação e falta de representação em várias áreas da indústria de jogos. 

“É importante destacar que o Brasil tem raízes culturais ainda muito machistas, o que faz com que muitas de nós desistam de seus sonhos de trabalhar com games ou qualquer área de tecnologia devido ao ódio às mulheres, muitas vezes naturalizado. Eu mesma desisti da faculdade de Física de tanto hate que sofri, onde davam a entender que lugar de mulher não era nas exatas. Apesar desses desafios, há uma movimentação crescente para promover a igualdade de gênero no cenário de jogos brasileiro. Iniciativas, eventos e organizações estão surgindo para apoiar e destacar as contribuições das mulheres nos games e e-sports. Ainda há muito a melhorar, mas o Brasil, assim como outras partes do mundo, está trilhando um caminho em direção a um ambiente mais inclusivo e não podemos desistir de sermos vozes ativas nesse movimento”, completa.

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