24 especialistas apontam tendências em tecnologia e negócios para 2024

11/1/24
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Publicado por 
Redação Start

Inteligência artificial mais acessível, criação de distritos de inovação e investimentos em sociobioeconomia estão no radar dos empresários para o próximo ano

Foto: Divulgação
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Depois de um ano marcado por avanços significativos na utilização de tecnologia, principalmente com relação à inteligência artificial, 2024 abrirá um novo leque de oportunidades para as empresas. No cenário de investimentos, os negócios dedicados à sustentabilidade devem chamar mais a atenção das corporações. No setor financeiro, os avanços do Banco Central com o lançamento do Drex e a criação de um superapp se somam à priorização de hubs de tecnologia para tornar o segmento ainda mais integrado. Já no varejo, enquanto as micro e pequenas empresas apostam nas redes sociais para comunicação com o cliente, as grandes redes investem em cadeias de suprimentos unificadas, oferecendo uma jornada de compra personalizada. Enquanto isso, os processos empresariais internos devem ganhar opções para diminuir custos e automatizar operações.

Ouvimos a opinião de especialistas na área de tecnologia em diferentes segmentos para apontar quais soluções e inovações deverão ser destaque em 2024. Veja as principais tendências:

Inteligência Artificial mais acessível

Um ano após o lançamento do ChatGPT, responsável por popularizar o uso da Inteligência Artificial generativa (GenAI, na sigla em inglês), algumas iniciativas vêm aproximando-a mais do usuário final, o que, para o especialista em estratégias digitais Rafael Hertel, beneficia sobretudo as pequenas e médias empresas.

“A GenAI favorece a tomada de decisão e otimiza recursos, dois fatores fundamentais sobretudo para pequenos e médios negócios. Além disso, traz um grande benefício: a personalização da experiência, que é uma grande tendência global. O que torna essa experiência verdadeiramente única é o constante aprendizado da Inteligência Artificial, adaptando-se com base nos valiosos feedbacks dos usuários”, afirma Rafael Hertel, country manager no Brasil da Hostinger, empresa de hospedagem de sites presente em 150 países que desenvolveu um criador de sites com recursos de GenAI.

Distritos de inovação

A criação de distritos de inovação, áreas geográficas que unem diversos setores,  já vem sendo adotada ao redor do mundo e deve ganhar ainda mais fôlego em 2024. Cidades como Bolonha e Barcelona apostaram nos distritos como forma de revitalização urbana. Pedro Valério, CEO do Instituto Caldeira, destaca o potencial para o desenvolvimento urbano quando há sinergia entre os setores privado e público, além das instituições de ensino. A criação de ambientes que ofereçam alto adensamento de empreendedores e novos talentos contribui na criação de um centro gravitacional para o desenvolvimento econômico social, além da geração de valor e de novas oportunidades.

“Essa simbiose entre as startups, empresas e demais entusiastas da inovação, cria grandes transformações urbanas e novas janelas de oportunidades, como as quais temos observado no 4° Distrito em Porto Alegre: a ressignificação de uma região a partir da colaboração entre diferentes atores do ecossistema cria uma visão positiva e propositiva sobre tudo que uma cidade pode ser", complementa Valério.

Crescimento do CVC e aposta em negócios de impacto

Em 2024, os investimentos de corporações no setor de inovação devem ter um destaque ainda maior para os negócios dedicados à sustentabilidade. O CEO e fundador da Triven, empresa de serviços de backoffice financeiros e de RH para startups, Fernando Trota, avalia que o CVC (Corporare Venture Capital) deve ganhar mais força.

“As startups brasileiras já receberam mais de R$ 10 bilhões em recursos vindos deste modelo. O crescimento é tão expressivo que já existe a Associação Brasileira de CVCs. Temos assistido o diálogo com investidores e eles vêm deixando cada vez mais evidente que estão de portas mais abertas a empresas em breakeven ou a caminho de breakeven”, diz.

O CEO afirma que 2024 será um bom ano para o Venture Capital, pois tanto os fundadores de startups quanto os investidores na América Latina projetam maior liquidez no mercado. “90% dos investidores dizem que 2024 será melhor, segundo um estudo recente da Latitud”, aponta Fernando. Ele completa que os negócios de impacto, como Ed Techs e negócios relacionados a ESG, como as Deep Techs, devem ter um crescimento intenso nos próximos anos.

Startups que atuam na sociobioeconomia

A sociobioeconomia é um conceito que leva em conta os vínculos entre a biodiversidade e os sistemas socioculturais; utilizando cadeias de produção sustentáveis, valorizando o conhecimento das comunidades tradicionais, estimulando a criação de empregos e a geração de renda. Ainda existe, porém, uma lacuna entre a oferta de produtos da sociobioeconomia e as necessidades do mercado. É aí que surge uma oportunidade para startups inovadoras, que vêm atuando nos elos intermediários das cadeias de suprimentos; diversificando a demanda, superando desafios de escala e logística, e conectando florestas e comunidades a cadeias globais sustentáveis.

"Esse tipo de inovação desempenha um papel transformador, impulsionando a bioeconomia em direção ao seu pleno potencial", diz Janice Maciel, coordenadora da Plataforma Jornada Amazônia, projeto que busca fortalecer um pipeline de startups inovadoras na região.
"A abordagem da bioeconomia apresenta um amplo espectro de oportunidades para gerar produtos inovadores, promover o crescimento econômico sustentável, e preservar a diversidade biológica, cultural e social."

Impactos da Resolução CVM 175 para os fundos de investimento

A Resolução CVM 175 é um marco recente na regulação de fundos de investimento no Brasil, indicando tendências para 2024.

"As mudanças são importantes para garantir a governança e maturidade do ecossistema. No entanto, existem desafios no cascateamento das classes de cotas, que ainda não tem suporte tecnológico para implementação, e na concentração de gestores”, destaca Rafael Moreira, CEO e fundador da Bertha Capital, gestora de investimentos que conecta corporações ao mercado de capitais e startups.

Autorizado pela CVM, o cascateamento possibilita diferentes classes de cotas no mesmo fundo, conferindo a cada uma direitos e obrigações específicos, facilitando a criação de portfólios diversificados para atrair investidores sem a necessidade de fundos separados. A Resolução também intensifica a complexidade para gestores, exigindo diligência e monitoramento de ativos, podendo resultar em concentração, desafiando os menores a atenderem aos novos requisitos, levando a fusões ou fechamento.

Startups bem estruturadas terão mais oportunidades em M&A

As startups que "arrumaram a casa" - no sentido de governança, boas práticas contábeis, financeiras e de pessoas - ao longo deste ano, devem fechar bons deals em 2024, segundo Rafael Assunção, founder e managing partner da Questum, assessoria de M&A e investimentos em startups. Ainda que 2022 tenha sido marcado por uma desaceleração das transações de M&A com startups, 2023 tem se mostrado um ano de retomada - segundo a consultoria PWC, até maio deste ano foram anunciadas 509 transações de M&A apenas no Brasil. Com expectativas de um cenário macroeconômico com menos incertezas e mais capital disponível para o exit, 2024 deve ser positivo para a geração de bons negócios. “Não tivemos um IPO nos últimos dois anos, mas o mercado continuou ativo, com negócios inovadores surgindo e a IA ganhando cada vez mais espaço. A tendência agora é que o mercado continue nessa crescente, com  previsões positivas para empresas que se prepararam e investiram tempo e esforço em gestão e governança, especialmente para as empresas de tecnologia”, diz o especialista.

Capacitação e networking continuam sendo essenciais para acelerar startups

Alexandre Souza, coordenador do Sebrae Startups, destaca que as oportunidades de mercado no Brasil se mostram mais positivas para 2024. Entretanto, segundo ele, há maiores possibilidades de captação de recursos pelas startups que investem em conhecimento e networking.

“É verdade que existem ainda investidores e empresas conservadoras, mas não podemos negar que as startups são essenciais para manter a economia girando no país”, diz Souza.

Prova disso é que, ao analisar 4.663 negócios cadastrados no Observatório Sebrae Startups, é possível observar que o faturamento anual de  60,2% delas  gira em torno de R$81 mil e R$4,8 milhões.

“É inegável o impacto que as startups possuem na nossa economia, mas é preciso que os empreendedores busquem continuamente por capacitação, mentorias, networking e participem de seus ecossistemas locais para continuar mostrando que diferentes modelos de negócios fazem a diferença no contexto socioeconômico brasileiro”.

Setor Financeiro

Tokenização e moeda digital

Segundo dados da Future Market Insights, o mercado internacional de tokenização deve ter uma taxa composta de crescimento anual de 22.6% nos próximos dez anos. No Brasil, a partir de 2024, o Banco Central prevê o início das operações do Real Digital, o Drex, que utiliza a tokenização para permitir, por exemplo, a automação de transações financeiras empregando smart contracts e a transferência de dinheiro e propriedade de forma simultânea.

“Para atender ao novo cenário da moeda digital, a tendência para o mercado financeiro é a realização de testes em ambientes isolados, chamados de sandbox. Esses ambientes, que usam uma das blockchains mais poderosas dos últimos tempos, permitem a simulação de uma série de operações que serão viabilizadas pelo Real Digital. Entre elas, estão os contratos inteligentes - os smart contracts - além da tokenização de ativos como títulos privados, debêntures, imóveis, entre outros. A partir desse treinamento e dessa adaptação é que as instituições financeiras poderão migrar para o ambiente de operação do Drex com agilidade e estarão mais preparadas para o que está por vir”, avalia André Mello, CEO da RTM.

Teremos super app em 2024?

Recentemente, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou que poderemos ter, até o fim de 2024, um super app. A ferramenta, desenvolvida pelo próprio BC, reuniria em um mesmo ambiente os dados de todas as contas que um cidadão possui, funcionando como agregador financeiro. Caso a ideia se torne realidade, poderia tornar obsoletos os atuais aplicativos dos bancos. Na avaliação de Daniel Ferretti, CPO da Franq, fintech com sede em Florianópolis (SC), é justamente essa possibilidade de substituir os aplicativos atuais que pode atrasar a implementação do super app. Ele lembra que já houve tentativas de bancos e fintechs de emplacar o chamado agregador de contas, porém todas foram infrutíferas até agora.

“Dificilmente o BC irá conseguir esta façanha e substituir completamente um canal tão importante para os bancos, que já capturam mais de 80% do volume de transação através de seus canais digitais, sendo o aplicativo o mais relevante deles”, diz Ferretti.

Fintechs e os hubs de tecnologia

A integração também aparece entre as principais tendências quando o assunto são as fintechs. Em 2024, os sistemas que funcionam como hubs de tecnologia, unindo em uma mesma plataforma diferentes funcionalidades, devem ganhar ainda mais espaço.

“O setor financeiro tem algumas particularidades que exigem esse tipo de solução. Tecnologias que funcionem de forma integrada, unindo uma solução de core banking e internet banking, por exemplo, com um trabalho de consultoria regulatória, têm sido cada vez mais valorizadas”, explica Felipe Santiago, CEO da CashWay, techfin de Florianópolis/SC.

Além de ser mais conveniente, a integração de diferentes funcionalidades em uma única plataforma proporciona maior eficiência operacional, permitindo que as fintechs otimizem processos e reduzam custos.

“Outro ponto é a segurança, preocupação central no setor financeiro. Esse tipo de solução costuma proporcionar um ambiente mais robusto e resiliente contra ameaças cibernéticas, garantindo a proteção dos dados financeiros”, complementa Felipe.

Aceleração de fintechs

De acordo com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), entre 2018 e 2021, o setor fintech da América Latina teve um crescimento de 112%. No último ano, a informação divulgada pelo Distrito relatava que as fintechs brasileiras captaram R$9 bilhões em investimentos, sendo a maioria em rodadas seed. Marcos Mueller, CEO da Darwin Startups, comenta que para 2024, alguns pontos devem favorecer um cenário positivo.

“A retomada do ânimo da indústria de investimentos é a principal notícia e as fintechs devem liderar em volume de capital e em quantidade de operações. Vale também destacar os novos produtos e serviços financeiros, utilizando IA Generativa, e o movimento do Banco Central com a criação do Real Digital (DREX) que movimentam bastante o setor”, complementa Mueller.

Marketing e varejo

Micro e pequenos estão cada vez mais tecnológicos

No varejo, o uso de tecnologia também é tendência para os micro e pequenos. O diretor da Vertical de Varejo da Zucchetti, empresa que atende mais de 100 mil pequenos varejos no Brasil com softwares de gestão, Wagner Muller, aponta que o uso de WhatsApp e redes sociais tem crescido. Pesquisa realizada pela Zucchetti com a Fecomércio SC indicou que 96% dos micro e pequenos varejos usam o WhatsApp como ferramenta para comunicação com o cliente e 59% também usam as redes sociais.

“Embora a loja física seja o principal canal para fechamento das vendas, com 82% dos negócios materializados ali, vemos um crescimento no uso de redes sociais como parte dessa jornada. As pequenas empresas vêm aprendendo a usar tecnologia para fortalecer o engajamento com o público, levando informações de  produtos, promoções e ofertas customizadas, com mais assertividade. 57% delas disponibilizam redes sociais para fechamento de vendas, em complemento à loja física. Essa é uma tendência que vem se consolidando: o omnichannel, integração do virtual com o presencial, do off com o online”, comenta Wagner.

Cadeia de suprimentos unificada

Uma cadeia de suprimentos integrada e unificada, que prioriza a comunicação entre o backend e o frontend - armazém, transporte, pátio e loja - é uma necessidade urgente para as empresas que buscam acelerar o crescimento em 2024.

"Os avanços tecnológicos digitais capacitaram os clientes, e os varejistas precisam responder com soluções ágeis para atender às expectativas geradas. Ao unificar as soluções tecnológicas, as marcas poderão oferecer uma experiência de compra consistente e aprimorada em todos os canais de venda", explica Danielle Willig, Gerente de Desenvolvimento de Mercado na Manhattan Associates, líder global em tecnologia para cadeias de suprimentos.

Isso também permite que os funcionários da loja rastreiem informações dos clientes em vários canais, tenham total visibilidade do estoque alocável e acessem o histórico de pedidos para proporcionar uma jornada de compra personalizada que fortalecerá ainda mais a fidelidade do cliente.

“Music branding” ganha espaço no comércio

Depois de um período de instabilidade, o varejo físico voltou a ganhar força: o Índice de Performance do Varejo (IPV) mostra que, em outubro, o número de consumidores em lojas físicas cresceu 12% com relação a setembro. Há fôlego e oportunidades para o setor em 2024. Para Maichel Gerstberger, gerente de vendas da Frahm — líder nacional em sonorização de ambientes, um dos caminhos para atrair e reter clientes é aplicar o “music branding”, que cria a identidade sonora de uma marca. A estratégia está em evidência na procura de projetos de sonorização por franquias, comércios pequenos e redes varejistas.

“Conectar-se ao seu público através de músicas que transmitem seus valores e ideais, faz com que o cliente identifique e relacione sua marca com boas experiências, tornando-se um diferencial competitivo de sucesso. Essa é uma tendência que estamos observando e que deve se intensificar”, avalia.

Estudos da HeartBeats International estimam que quando um varejista reproduz a música certa, cerca de 35% dos clientes irão permanecer mais tempo na loja. Por consequência, 14% deles vão comprar mais e cerca de 31% vão retornar para futuras compras.

Trade marketing: comunicação integrada

Em 2024, o foco da indústria com relação às estratégias de Trade Marketing deve ser em soluções para melhorar a comunicação entre os times. Para André Krummenauer, CEO da Involves, retail tech que desenvolve soluções para indústria, a troca de informações precisa acontecer de forma descentralizada e alcançar todos os setores. Por isso, uma das principais tendências para o próximo ano é a integração.

"A coerência entre o que é visão na ‘sala de justiça’ de um time decisor e o que é implementado no dia a dia no PDV precisa ser checada diariamente", recomenda André.

Para que essa estratégia funcione, é preciso priorizar ferramentas exclusivas de Trade Marketing, que permitam que diferentes times (além do trade) estejam conectados à estratégia em loja.

“Isso é comunicação e integração de toda a indústria no mesmo propósito”, destaca o CEO.

Além disso, essas soluções proporcionam inteligência às indústrias, agências e distribuidoras, oferecendo recursos de educação contínua, por meio de bibliotecas específicas, e garantem acesso seguro e o compartilhamento adequado dos dados.

Programas de fidelidade customizáveis

O percentual de pessoas que preferem realizar compras em marcas que oferecem programas de fidelidade passou de 72%, em 2022, para 85,2% em 2023. O dado é da pesquisa

"Panorama da Fidelização no Brasil 2023", que ouviu 2.317 pessoas, e indica a expansão dos programas de benefícios em 2024. Jonatan da Costa, CEO da Área Central, líder em tecnologia e inteligência para negócios, afirma que antes esse mercado ficava restrito aos grandes varejistas, que investiam alto para criar seus próprios benefícios.

Enquanto isso, as PMEs não tinham ferramentas para obter estratégias bem definidas para atrair e reter clientes e mantinham controle manual de informações, o que dificultava a análise sobre produtos, estoques e comportamento de compra do cliente.

"Hoje, com os aplicativos “white label” é possível qualquer empreendedor oferecer benefícios (cashback, clube de vantagens, descontos e programas de pontos) de forma simples, rápida, barata e eficaz, facilitando o avanço do segmento no próximo ano", indica.

Processos internos empresariais

Tecnologia a serviço da saúde mental

O mundo está imerso na hiperconexão e na inteligência artificial, o que gera uma questão central: como preservar o lado humano? Cada vez mais pessoas buscam soluções personalizadas e uma conexão humana, mesmo que virtualmente - e a tecnologia pode contribuir para isso. Com isso, a busca por formas de prevenção e cuidado crescem no ambiente corporativo e na sociedade em geral. Liana Chiaradia e Rodrigo Roncaglio, founders do Guia da Alma, plataforma de saúde mental, identificam como tendência para 2024 a busca por soluções que promovam o bem-estar, tanto individual, quanto organizacional, combinando tecnologia e humanização.

"A tecnologia evolui rapidamente e precisamos aprender a usá-la a nosso favor, de maneira saudável. Muitos problemas de saúde mental estão ligados ao uso inadequado e excessivo da tecnologia. No entanto, ao mesmo tempo, ela pode ser uma aliada valiosa, proporcionando, por exemplo, terapia online onde quer que você esteja", destaca Liana.

Aprimoramento da experiência do viajante

A redução de custos segue sendo a prioridade das empresas no que diz respeito à gestão de viagens corporativas, segundo indicou a pesquisa GBTA Business Travel Index Outlook: 62% das companhias apontaram essa métrica como a mais importante para se avaliar o sucesso de seus programas de viagens. Mas há outro dado que vem ganhando cada vez mais força: a experiência do viajante, indicada como prioridade por 32% dos respondentes.

"Percebemos que, após a pandemia, as empresas passaram a prestar mais atenção na saúde e na segurança do viajante corporativo, o que acabou se transformando em uma maior preocupação com a experiência do viajante como um todo", explica Guilherme Rizzi, Diretor Travel da Paytrack, scale-up especializada em gestão de despesas e viagens corporativas.
"Aprimorar  a experiência de viajar não implica necessariamente em oferecer hotéis ou voos mais caros. O viajante corporativo procura praticidade e segurança, e quer se preocupar o mínimo possível com planejamento e organização. Ter o suporte necessário tanto antes quanto durante a viagem é um dos principais meios para elevar a satisfação do colaborador nesse sentido."

Contabilidade: automação de processos

Para Guilherme Pessoa, CEO da Dattos, plataforma de automação de análises financeiras, a automatização de processos será a grande tendência do setor em 2024. Segundo o executivo, casos como Americanas e Magalu colocaram o segmento contábil sob uma lupa e as equipes precisarão garantir a segurança dos processos para preservar a sustentabilidade financeira e a reputação das empresas. Porém, fazer isso sem automatizar as tarefas do dia a dia será impossível devido ao aumento crescente dos dados administrados pela área.

“Dados da consultoria EY mostram que o volume de dados está crescendo 63% ao mês em grandes empresas. Se tudo isso for administrado manualmente, a qualidade do trabalho será comprometida e a empresa ficará exposta a erros.  Quem não automatizar seus processos em 2024 vai ficar para trás”, afirma Guilherme.

4ª Geração de ERP: gestão baseada em dados

Quase a totalidade das médias e grandes empresas utilizam um sistema de gestão integrado, ou ERP (do inglês Enterprise resource planning), conforme dados do levantamento anual

“Pesquisa do Uso de TI”, realizado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). Em 2024, a evolução da inteligência artificial e a expansão de uma cultura de gestão cada vez mais voltada à análise de dados traz um novo conceito de ERP, conforme aponta Márcio Tomelin, diretor de Produto e Mercado da WK, referência em ERPs.
“Estudo da Gartner aponta que os sistemas de automatização das atividades operacionais estão chegando à 4ª Geração, o ERP Composable. A quarta era do ERP traz como característica a promoção do protagonismo do usuário pautado em seis pilares: Data-centric; consumable; customer facin; people augmented; Enabling; AI-driven. No próximo ano, cada vez mais a inteligência artificial fará parte da tomada de decisão nas empresas a partir de informações geradas pelo ERP", aposta.

Construção civil: metodologia BIM

Em 2024, as atenções da construção civil estarão voltadas para a implementação da metodologia BIM em órgãos públicos. Licitações de obras e serviços de engenharia e arquitetura passarão a ter que ser preferencialmente em BIM (sigla em inglês para Modelagem da Informação da Construção), processo que permite o planejamento e a coordenação de informações de todo o ciclo de vida de uma obra.

"Com a metodologia, é possível acompanhar etapas de concepção,  gestão, orçamento e manutenção, criando um fluxo de trabalho integrado, multidisciplinar e contínuo", explica Rodrigo Koerich, diretor de portfólio na AltoQi, empresa de tecnologia para a construção civil. De acordo com ele, a adoção da metodologia representa uma transformação digital no setor. “
Com o BIM, é possível agregar informações dentro da etapa de construção virtual. Quando construímos utilizando essa metodologia, temos mais gestão sobre os custos e prazos, além de mais qualidade na solução. Nas obras públicas há menor chance de aditivos de contrato, pois os problemas são resolvidos antes da construção. O ganho de eficiência é geral e as expectativas para seu uso são altas”, explica.

Terceirização de processos

Em 2024 tendências como o BPO (business process outsourcing) seguirão ganhando cada vez mais força, conforme estudo IT BPO Market by Type and Geography - Previsão e Análise 2022-2026, publicado pela Technavio. De acordo com o levantamento, o mercado de terceirização de processos deve movimentar US $ 281,25 bilhões até 2026. Fabiano dos Santos, CEO do Grupo Verante, destaca que o BPO na governança de imóveis é uma estratégia de negócios inteligente que deve ser acompanhada de uma mudança de mentalidade por parte das lideranças de grandes empreendimentos.

“Tratar as questões relacionadas aos bens imóveis como ativos de valor é uma estratégia inteligente e rentável. No país, ainda muitas empresas que  tratam suas terras como item de ‘suprimento’, é preciso mudar essa mentalidade com urgência. Há oportunidades e maneiras de mitigar os riscos na operação e ainda recuperar áreas degradadas, preservação de recursos naturais, entre outros. O primeiro passo está na governança desses ativos imóveis”, aponta.

Casas e escritórios inteligentes e conectados

A Internet das Coisas (IoT) no Brasil estará ainda mais consolidada em 2024. Todos os anos, o uso de produtos que se conectem à internet e permitam a facilidade de controle digital aumenta. O celular, por exemplo, mais do que um equipamento de comunicação, tornou-se uma ferramenta de controle inteligente para objetos em casas e escritórios. Nilton Junior, CEO da ZOOM Tech Business Group, indústria e integradora de Tecnologias da Informação e Comunicação, conta que o aumento da busca por aparelhos conectados à rede deve também melhorar o acesso.

“O IoT é uma realidade, mas até pouco tempo atrás estava restrito a um pequeno grupo de usuários. As empresas brasileiras entenderam a necessidade de investir na tecnologia e a expertise aumentou no país. Hoje conseguimos encontrar no mercado produtos nacionais e inteligentes, que permitem o controle ao alcance das mãos, muito mais acessíveis e igualmente funcionais. Com a completa instalação do 5G, o uso se cristaliza ainda mais”.

Mercado livre de energia

A partir de janeiro de 2024, todos os consumidores de média tensão poderão migrar para o mercado livre de energia - que já existe no Brasil desde 1995, mas que, até agora, só permitia a adesão de unidades com demanda mínima de 500 kW por mês. Com a Portaria 50/2022 do Ministério de Minas e Energia, a adesão independe da demanda contratada, ficando a cargo da unidade consumidora; o que deve aumentar o tamanho do mercado livre de energia no país, e também permitir mais liberdade e economia aos consumidores. "

A redução dos custos com energia pode chegar a até 40%; sem contar que a migração garante que a empresa esteja engajada com compromissos de ESG", aponta Cristiano Tessaro, CEO da Camerge, gestora de energia presente no mercado há 15 anos.
"A gestão eficiente do consumo e os incentivos à eficiência energética são diferenciais que podem impactar na economia e na sustentabilidade de diversas indústrias. A transição para o mercado livre é uma importante estratégia para o crescimento sustentável e a competitividade no cenário empresarial atual."

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