6 conselhos de especialistas para empreendedores tomarem melhores decisões
Empresas de tecnologia avaliam cenário global e contam quais decisões devem ser consideradas no planejamento

O ano de 2023 já se mostra cheio de desafios para empreendedores de diferentes segmentos. Na tecnologia, empresas de diferentes setores já deram o start em iniciativas internas para garantir mais vendas, retenção de talentos, engajamento dos times e buscar parcerias.
As empresas estão investindo na automação de marketing, em práticas de inclusão e diversidade, em fortalecer a governança e em consolidar o modelo flexível de trabalho e em construir um bom networking. Conheça algumas das iniciativas em startups e empresas de tecnologia e os conselhos para empreendedores:
Planejamento e estratégia: é preciso ter foco e se concentrar nas metas da empresa
Na opinião de Guilherme Reitz, CEO e cofundador da Yungas, empresa de tecnologia especializada na gestão e comunicação de grandes redes de franquias, é importante que o empreendedor se concentre em seu planejamento e estratégias, evitando gastar tempo e energia com o turbulento cenário político-econômico do país.
"Em momentos turbulentos e polarizados como temos vivido no Brasil nos últimos anos, é comum que alguns empreendedores se desgastem e tomem decisões equivocadas e precipitadas frente às incertezas", ele comenta. "A verdade é que o Brasil sempre teve inúmeros problemas e desafios político-econômicos, e provavelmente isso infelizmente não mudará no curto prazo. O empreendedor, especialmente o pequeno empreendedor, na minha visão, deve canalizar todas as suas energias em se adaptar, executar o seu plano, fazer seu negócio crescer e não deixar as mazelas de Brasília atrapalharem seu foco."
Guilherme teve duas jornadas no mundo do empreendedorismo até conseguir escalar o modelo de negócios com a Axado, startup pioneira e líder em tecnologia logística para ecommerce, que foi vendida para o Mercado Livre em 2016, por R$ 26 milhões. Em 2018 Guilherme fundou a Yungas, plataforma líder em Customer Success para grandes operações de franchising, que hoje já atende mais de sete mil franquias, incluindo alguns dos maiores grupos do segmento no Brasil. "Em doze anos de empreendedorismo, aprendi que o importante é focar em estratégias e metas, independente do cenário político", conclui o CEO. "No final das contas, o foco na execução desses planos é o que de fato vai trazer resultados significativos para a empresa."
Marketing: automação para vender mais
O cenário global de recessão previsto para 2023 é uma das preocupações do setor de vendas das empresas. Nesse contexto, André Floriano, country manager da edrone no Brasil, orienta que o foco seja a retenção de clientes, que exige menos investimento que a aquisição de leads. A startup polonesa especializada em automação de marketing e busca por voz para comércio eletrônico acompanha a evolução principalmente de pequenas e médias empresas em 25 países. No Brasil, uma das estratégias adotadas pela edrone em 2022 foi a consolidação do time de vendas e se tornar uma referência em inteligência de dados de e-commerce para alavancar as vendas dos clientes.
"Vemos um potencial grande no e-commerce brasileiro entre PMEs e em 2023 pode ser uma boa oportunidade dessas empresas usarem estratégias de marketing digital para fortalecer o relacionamento com o consumidor. A principal dica para quem vende online é conhecer seu cliente e estabelecer um contato próximo dele. Apostar em omnicanalidade, com venda em diferentes canais, estimular feedbacks e avaliações, criar benefícios de fidelização e compartilhar conhecimento são ações que podem ser automatizadas. A automação das atividades de Marketing, além de economizar tempo e esforço da equipe, gera resultados muito melhores do que as práticas tradicionais. O custo-benefício é imbatível", sugere o country manager.
M&A: startups precisam adequar governança
Para Rafael Assunção, fundador e Managing Partner da Questum, deverá ocorrer expressiva ampliação do perfil de empresas que buscam, por meio da aquisição de startups, acessar novos modelos de negócios, produtos e times em 2023.
“Acreditamos que 2023 será um ano de retomada seletiva de IPOs, o que traz liquidez a potenciais compradores e abre mais oportunidades de M&A para startups. Além disso, algumas mudanças regulatórias podem acelerar as movimentações em determinados segmentos. Destacamos a agenda de Open Finance do Banco Central, que deve continuar acelerando as oportunidades para as fintechs. Na mesma linha, o novo marco regulatório liderado pela Superintendência de Seguros Privados (Susep) tende a acelerar o segmento das insurtechs”, afirma o executivo.
Para que os empreendedores estejam preparados para aproveitar as oportunidades, porém, é preciso se antecipar e aprimorar os aspectos de governança corporativa, levando a startup a um patamar de práticas tributárias, trabalhistas e societárias adequado às demandas de empresas de capital aberto.
“Do ponto de vista dos compradores, o maior desafio é encontrar startups que tenham um tamanho e nível de governança adequados para viabilizar uma operação. Do lado das startups, é a construção de modelos de transação de M&A que sejam capazes de realizar as sinergias planejadas”, orienta Assunção que assessorou, junto à Questum, as operações de vendas das startups PagueVeloz (para Serasa Experian), Lett (para Neogrid), Ipê Digital, Effecti e Mercos (para Nuvini), Mercadapp (para Linx) e Zipper (para CRM&BONUS).
RH: Retenção e atração de talentos
Na área de Recursos Humanos, o início do ano é um momento importante para definir as prioridades e se assegurar de que elas estejam alinhadas com as estratégias da empresa. No setor de tecnologia, depois de um ano de volatilidade de mão de obra, o foco da divisão de Agricultura da Hexagon, que desenvolve soluções digitais para o campo e a floresta, é construir mais ações de atração e retenção. Segundo o gestor do projeto de RH estratégico da divisão, Luciano Campanha, é preciso avaliar, em primeiro lugar, se há recursos necessários para realizá-las e, se precisar, negociar o orçamento para execução dessas ações.
“No início do ano preparamos um plano de trabalho contendo todas as ações e datas previstas para cada área do RH (recrutamento, treinamentos, segurança, benefícios etc...). Esse plano é discutido com o Presidente e então, depois de aprovado e ajustado, os projetos são apresentados e distribuídos para toda a equipe”, explica. Ele recomenda, também, rever as prioridades pelo menos trimestralmente e ajustá-las sempre que necessário.
Além da atração e retenção de talentos, o desenvolvimento de lideranças e ações de inclusão e diversidade também serão foco da empresa neste ano. “Buscamos promover um ambiente de trabalho que seja cada vez mais inclusivo, acolhedor e motivador para todos. Um grande desafio das empresas na atualidade é o monitoramento desse novo ambiente de trabalho híbrido (presencial e home office) e como manter a nossa cultura organizacional viva e o engajamento de nossos colaboradores nesse novo cenário”, explica.
Flexibilidade: Consolidação do trabalho remoto e seus desafios
Já é um fato que o trabalho remoto veio para ficar. Se ainda havia desconfiança sobre o home office, depois dele se mostrar eficiente durante a pandemia de Covid-19, essa realidade mudou, mas ainda exige adaptação por parte das empresas e dos funcionários. A Triven, que atua com serviços de backoffice para startups, como o CFO as a Service, tem hoje 100% da equipe atuando em regime de anywhere office, ou seja, é possível trabalhar de onde o funcionário desejar e com horário flexível.
Segundo Maria Gabriela Souza, People Business Partner da empresa, o principal desafio do regime remoto de trabalho para o RH é engajar times. "Quando não estamos presencialmente juntos, falta esse contato de ver a pessoa, sentir como ela está. Então, precisamos criar formas de manter e medir o engajamento por meio de ferramentas e também de cerimônias / rituais e benefícios para o time", completa. Alguns ritos realizados pela Triven são encontros semanais, daily por Squad, rituais de cultura, além de conversas individuais de lideranças com o RH e com a gestão da empresa. Em relação às ferramentas, Maria Gabriela destaca as de organização de atividades (Monday, Calender); de informação (Google Drive); e comunicação (Slack, Feedz), entre outras
"Por meio da Feedz, por exemplo, que é uma ferramenta de engajamento e interação de colaboradores, nós conseguimos ver o termômetro do humor da equipe, é possível fazer celebração de conquistas, destacar o que foi legal nos squads, comemorar aniversários e datas como tempo de casa, promovendo uma interação e trazendo mais engajamento", explica. A empresa ainda aposta nos treinamentos e programas de desenvolvimento para o time, encontros remotos e, algumas vezes presenciais, sempre com foco nas trocas de experiência e em manter uma comunicação muito alinhada com lideranças e equipe.
Networking: empreendedorismo se fortalece em conjunto
Empreendedorismo se faz dentro de um ecossistema e, portanto, em conjunto com pares dos setores públicos, privados e sociedade civil. Para Fabiano Dell Agnolo, diretor executivo do Join.Valle, essas parcerias garantem conexões importantes para desenvolver os negócios no longo prazo. “Estar em contato com outras pessoas permite que o empreendedor entenda o contexto do mercado que está inserido, trace estratégias para sua empresa e se faça conhecer por potenciais clientes, investidores e parceiros que ajudam a alavancar a empresa. É sobre manter contato, se comunicar e se posicionar para gerar relevância no mercado, sobretudo, ajudando com as dores de seus parceiros e clientes. O empreendedor deve saber quais locais são estratégicos para estar”, explica o executivo.
As opções de interação são muitas, em vários espaços diferentes: movimentos locais de empreendedorismo, eventos e feiras de negócios, palestras pontuais sobre o mercado e programas de aceleração. O empreendedor precisa estar informado sobre iniciativas e suas agendas de programas e eventos, para buscar de forma ativa por conexões. O Join.Valle, por exemplo, é um movimento de incentivo ao empreendedorismo e inovação em Joinville e região.
“Nós recebemos estudantes, empreendedores, executivos de empresas tradicionais e indústrias, atores do setor público e investidores. As conexões acontecem por meio dos encontros que promovemos, sejam presenciais ou à distância, e resultam em parcerias simbióticas para os participantes”, explica Dell Agnolo.