“A gente volta pra base mais atento”: o que vivi na Gramado Summit

3/7/25
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Publicado por 
Redação Start

Valesca Karsten é educadora, cofundadora do @caracolescolinha, host do PodeMãe e Colunista das revistas Pais&Filhos e Bá

Foto: A jornalista Gabriella Bordasch (esq.) foi uma das escutas da Valesca Karsten
Foto: A jornalista Gabriella Bordasch (esq.) foi uma das escutas da Valesca Karsten

Educação é o que move os futuros. E sim, ela estava na Gramado Summit, no meio de tanta gente falando sobre tecnologia, marketing, dados e negócios.

Fui convidada como educadora e podcaster para gravar conversas ali, no meio da muvuca de um dos maiores eventos de brainstorming da América Latina. E foi ali mesmo, no improviso das trocas mais humanas, que conversei com muita gente inspiradora sobre temas como cuidado, infância e alfabetização emocional. Assuntos que nem sempre entram no palco, mas que afloram nos bastidores e dizem muito sobre o futuro que estamos construindo.

A Gramado Summit chegou à sua oitava edição como muito mais do que um evento de inovação. É um lugar de encontros. É um símbolo de reconstrução da autoestima gaúcha. E, claro, é o palco de empresas que estão moldando o amanhã: Magalu, Google, Renner, Boticário. Mesmo com toda a magnitude do evento, eu sinto que a pauta da educação atravessou todas as discussões, mas nem sempre de forma tão explícita.

Acredito que inovação sem olhar para a infância é só performance. E tecnologia sem afeto é só máquina.

Estar lá foi registrar, escutar e reconectar a educação com tudo aquilo que ela também é: base, ponte e futuro.

Gravei uma série de episódios no estúdio da RealWood, em parceria com a Padrinho Conteúdo, que assinou a assessoria de imprensa da Gramado Summit. Junto com a
jornalista Alexandra Zanela puxamos conversas com pessoas que têm muito a dizer. Gente que provoca, que constrói, que está na lida com o presente pra imaginar outros futuros.

E por mais que a pauta da educação não estivesse no roteiro, ela apareceu. Em todas. Como se falar de futuro sem falar de educação fosse simplesmente impossível.

A Michele Garbin, por exemplo, atua nos bastidores do evento, na sala dos palestrantes. É educadora de formação. E mesmo fora da sala de aula, carrega aquele jeito de quem segue sendo professora: no olhar atento, na escuta cuidadosa, no jeito de acolher. Mãe de um adolescente atípico, falou sobre os dilemas de viajar a trabalho, a força que vem da rede de apoio, e o quanto tudo isso a fortalece.

Com a jornalista Gabriella Bordasch, o papo foi direto pro centro. Ela, que já cobriu summits no Brasil, na América Latina e nos Estados Unidos, trouxe um termo que ficou na minha cabeça: policrise. Várias crises ao mesmo tempo, todas interligadas. Mas também falou de esperança. Como ela mesma disse: no meio de tanta dor, tem coisa querendo nascer.

Na mesma roda, o Dennis Penna, da Polo Palestrantes, trouxe uma visão linda sobre o poder da palavra. Ele acredita que palestras e podcasts são ferramentas pra construir pensamento. E isso só acontece com curadoria, com cuidado, com escuta. E ele cuida. De verdade.

Outro episódio que virou uma aula foi com o Carlos Klein. Pai, mestre em economia, investidor, ex-reitor. A conversa fluiu fácil, com profundidade e leveza. Como também
aconteceu com o Rafael Martins, do Share, e com o Augusto Rocha, VP da @pmweb e curador da Gramado Summit. Foram trocas generosas, daquelas que a gente sai com mais perguntas do que respostas — e isso é bom.

Segui gravando com outras mulheres que me inspiram só de lembrar. A Thaís Reale, mãe de gêmeos, que acelera negócios e orienta carreiras com uma escuta afiada. A Silvia Berger, que entende de marca pessoal, mas sobretudo entende de gente. E a Fernanda Meneghel, da Travelmate de Chapecó, que trabalha com intercâmbio e entende, como poucas, o poder de sair do lugar pra ampliar o olhar.

Teve também um episódio que me atravessou como educadora. Um encontro entre diretores de escola, com falas que me emocionaram. Eu, representando a Escola Caracol, de Porto Alegre, Rafael Santos, do Centro de Letras e Comunicação da Mackenzie, e Marícia Ferri, do Colégio Farroupilha. Falamos sobre como os alunos voltaram da pandemia e sobre o que a escola precisa ser daqui pra frente. Alfabetização emocional, pra nós, não é modinha nem acessório. É uma ferramenta de convivência.

Pra fechar, teve um episódio com o casal Gabi Bernardon e Rômulo Figurelli, fundadores da @meublow e pais de duas meninas pequenas. Ela cuida da comunicação; ele, da expansão do negócio. Juntos, tocam a empresa e dividem a criação das filhas. Entendem que empreender e educar não são jornadas paralelas. São a mesma estrada.

Participar de eventos como esse amplia o repertório e aproxima mundos que, às vezes, parecem distantes demais. A gente volta pra base mais atento, mais instigado, com outras perguntas na cabeça. E é urgente que mais educadores ocupem esses espaços. Não pra ensinar fórmulas prontas, mas pra somar com escuta, sensibilidade e presença, porque aprendizado não nasce pronto. Ele se constrói no encontro. Na rotina de quem cuida, de quem aposta no outro, de quem acredita que dá pra fazer diferente. No fim das contas, talvez não exista inovação mais potente do que essa.

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