A importância do voluntariado para o desenvolvimento econômico e social

Contribuir com o desenvolvimento de uma sociedade mais igualitária é papel do poder público e se tornou a missão de muitas empresas privadas que se preocupam com a construção de ambientes mais justos. Mas, além disso, existem pessoas que dedicam seu tempo e força de trabalho para colaborar com o crescimento social e econômico de diversos cenários. Os voluntários possuem a função de apoiar causas e colaborar com a construção de uma comunidade melhor, gerando oportunidades e melhorando, até mesmo, a própria visão de mundo.

Instituído pela ONU em 1985, O Dia Internacional do Voluntariado para o Desenvolvimento Econômico e Social, comemorado no dia 05 de dezembro, tem como objetivo promover ações de solidariedade e promover o bem-estar do próximo. Pensando nisso, a equipe da redação Start conversou com instituições que buscam transformar esses cenários. 

Fundado em 18 de agosto de 1968, O Orbis Clube de Gramado foi fundado por um grupo de jovens que tinham o objetivo de prestar serviços sociais à comunidade. Atualmente, o grupo desenvolve ações de solidariedade desenvolvidas pelos próprios voluntários, além do apoio ao  poder público local. Lauro Lovatto, presidente da associação, compartilha que faz parte do Orbis do bairro Várzea Grande, desde 1994, e desde lá vem desenvolvendo junto aos outros integrantes do clube, uma série de atividades voltadas para a comunidade. Segundo ele, o trabalho realizado dentro da associação é feito com base no lema ‘companheirismo e trabalho’.

Lauro atua como empresário há 38 anos e afirma que é necessário abdicar de muitas coisas para realizar um trabalho voluntário cuidadoso. “Ser orbiano significa ter que abrir mão de muitas coisas particulares, como urbano, como voluntário. Não conseguimos resolver os problemas do município de maneira integral, mas ajuda a amenizar muitas coisas. Como exemplo, ajudar nossa comunidade pagando alguma consulta, oferecendo cestas básicas, ou ajudando com a compra de óculos e artigos necessários para a saúde dos habitantes da nossa região, e até mesmo fora dela”, comenta Lauro.

Nesses últimos trinta anos, Lauro acredita que se tivessem mais pessoas que se interessassem pelo voluntariado ajudaria muito para o desenvolvimento de uma região, mesmo sem remuneração alguma. Ele ressalta que ser orbiano significa ter que dar mais do que recebe, ser sempre prestativo e visar o bem-estar da comunidade em geral, chegando até mesmo em pessoas de outros municípios.

“Um dos primeiros trabalhos desenvolvidos por nós foi a construção da primeira casa dos brigadianos, que foi construída pelos integrantes do Orbis Clube Gramado. Construímos casas que hoje fazem parte do poder público municipal. Ao longo dos trinta anos fizemos muitas coisas, compramos ambulância que atua aqui na comunidade, compramos um carro para Secretaria de Saúde da Várzea Grande, compramos um outro carro para a Brigada Militar. Tudo isso com parceria de empresas. Daquela vez que deu uma catástrofe em São Francisco de Paula, doamos cerca de 40 mil reais para construção”, aponta Lauro.

Ele compartilha ainda que hoje, a associação possui cerca de 60 cadeiras de rodas emprestadas para as pessoas que precisam na região, cerca de 30 camas hospitalares, muletas e outros artigos necessários. O Orbis Clube Gramado possui 26 integrantes motivados a oferecer o seu melhor à toda a comunidade. “Ser orbiano é ter o espírito comunitário e saber que ser voluntário é uma escolha”, afirma.

Ainda na região, o Rotary Club de Gramado - Distrito 4670, vem desenvolvendo uma série de ações ao longo dos seus 64 anos de existência, implementando diversos projetos para auxiliar toda a comunidade gramadense e se destacando por seus trabalhos voluntários em benefício a todos os habitantes da região. Maria de Fátima Amaral Gomes, presidente da associação, compartilha que o Rotary International é uma organização mundial sem fins lucrativos, onde profissionais de vários segmentos se reúnem, de forma voluntária, para fazer ações em prol da comunidade, promovendo a saúde, saneamento básico, educação e a paz pelo mundo.

Segundo ela, a maior bandeira levantada pelos integrantes do clube, é a vacinação de crianças de zero a cinco anos de idade, por todo o mundo, em combate à Poliomielite, com a Campanha: “End Polio Now”. Atualmente, o Rotary Club de Gramado possui o próprio Banco Ortopédico, com diversas cadeiras de rodas e outros equipamentos ortopédicos para pacientes necessitados desses cuidados. Outra ação desenvolvida por eles é o evento anual “Chá da Solidariedade”, que já está na 11° edição, onde toda verba arrecadada é totalmente entregue a Liga Feminina de Combate ao Câncer.

“Contribuímos sempre que possível, com ajuda financeira na compra de equipamentos para o Hospital Arcanjo São Miguel. Também ao MOCOVI, Movimento Comunitário de Combate a Violência na cidade de Gramado, fazemos repasses financeiros para ajudar na sua manutenção Já foram realizados projetos em algumas escolas municipais de Gramado para coleta e aproveitamento das águas das chuvas. Apoiamos a OJG (Orquestra sinfônica de Jovens de Gramado. Não posso esquecer do importante Programa de Intercâmbio de Jovens, que recebe e envia jovens para diversos países, promovendo oportunidade para jovens de 15 a 18 anos, para conhecimento da língua, costumes e convivência com outras famílias”, comenta Maria de Fátima.

Ela explica que, todas as contribuições da associação são fruto de nosso trabalho voluntário, em parceria com a Prefeitura e suas Secretarias. Como exemplo, Maria de Fátima cita o Natal Luz, junto com a Gramadotur. Segundo Maria de Fátima, o voluntariado demanda tempo e disposição por parte dos rotarianos. Mesmo não sabendo os impactos e a relevância integral do trabalho desenvolvido, ela destaca que sabemos que a recompensa da ação se apresenta quando é possível enxergar o objetivo “Fazer o bem sem olhar a quem” ser alcançado.

O Rotary tem uma Prova Quádrupla que norteia seu ideal de servir, com base no que a associação pensa, diz e faz e nos conceitos, baseado em quatro perguntas bases. 1) É a verdade; 2) É justo para todos os interessados? 3) Criará boa vontade e melhores amizades? 4) Será benéfico para todos os interessados?

Assim como o Orbis, o Rotary Club atua com motivação para os seus associados, estimulando o companheirismo e a solidariedade. Entre as associações desenvolvidas, Maria de Fátima cita a situação das enchentes no “Vale do Taquari”, onde o Rotary Club de Gramado em conjunto ao Distrito 4670 de Rotary International, o qual pertencem, realizaram uma doação em valores, a compra de produtos de higiene, além de doação de roupas, colchão e etc. Isso “alivia” um pouco os cofres do Poder público.

Participante do Rotary Club há 20 anos, Maria de Fátima compartilha que tem a associação de Betim/MG, sua cidade natal, e a associação de Gramado, onde faz parte atualmente, como parte da sua história, sua segunda família. O Rotary Club de Gramado hoje, conta com um grupo de 30 associados, voluntários que se engajam em desenvolver diversas atividades e ações abraçadas por todos da equipe, cada um com sua função administrativa dentro da associação. Entre eles, os responsáveis pela imagem pública que divulga as ações do Clube, a Tesouraria, a Secretaria, e o Protocolo que fazem a organização e parte administrativa, os Oficiais de Eventos, Fundação Rotária e de Intercâmbio. 

“Cada um dentro da sua experiência e conhecimento e o restante do grupo ajudam o Clube nos trabalhos realizados, com muita doação de tempo, boa vontade e alegria. Acredito que um bom profissional exerce sua profissão por gostar do que faz, com foco no seu desenvolvimento sócio-econômico e financeiro, por viver numa sociedade capitalista. Quando esse mesmo profissional, com sucesso no que faz, busca preencher algumas lacunas com o desejo de ajudar, cooperar e fazer o bem a sociedade que ele convive, ele só tem a ganhar, todos sabemos disso. Ganha no conhecimento, ganha na convivência com outras pessoas e ganha no bem estar de ajudar ao próximo. Essa voluntariedade nos gratifica muito, independente de credo e cultura. É só fazer o bem sem olhar a quem, sem pensar em retorno. O Lema deste Ano Rotário 2023/2024 é “Crie Esperança para o mundo”. Isso por si só já diz muito”, compartilha.

Atualmente, o Rotary Club Gramado está desenvolvendo com todos os integrantes, a venda de lanches e bebidas no Grande Desfile de Natal, que está acontecendo na ExpoGramado, centro de eventos da cidade. Além disso, o clube possui uma parceria com a Casa da Amizade de Gramado, que também doa seu trabalho na preparação dos lanches.

“Contamos ainda com os voluntários, intercambistas, pais e todos que se dispõem a ajudar. É tudo muito prazeroso e agradável. Eu, só tenho a agradecer a todos! Como resultado desses trabalhos, com a renda das vendas, nessa próxima semana o Rotary Club de Gramado estará doando um valor , bem como outros clubes de serviços de Gramado, para a compra de um Aparelho de Ecografia que se faz urgente a aquisição, para o Hospital Arcanjo Miguel”, conclui.

Da contribuição social para o mundo corporativo

Não muito diferente do trabalho voluntário social, Rafael Prates, diretor comercial Icomm Escola de E-commerce, compartilha que o trabalho voluntário atualmente vem sendo descredibilizado no ambiente corporativo, com uma visão distorcida por ambos os lados. Segundo ele, o voluntário acredita que está sendo explorado, enquanto a organização se aproveita do voluntário como uma mão de obra mais barata, o que não é verdade. Ele acredita que o trabalho voluntário é muito mais importante para o voluntariado, do que para a organização, independente de qual seja.

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“Ser voluntário nos coloca em ambientes diferentes, justamente pela possibilidade de viver novas experiências, aprender com pessoas que talvez não tenhamos acesso por outros meios. Ser voluntário é uma possibilidade de mostrar o seu trabalho e dar o seu melhor, é o momento de conquistarmos novos espaços e, reforçando, se aproximar de pessoas. Para a organização, acredito que o trabalho voluntário é uma opção para atrair novos talentos, formar novos líderes jovens e incentivar o trabalho "duro"”, comenta Rafael.

Rafael foi voluntário durante a Gramado Summit 2023, por meio do Programa de Voluntários desenvolvido pela equipe Gramado Summit e, segundo ele, a experiência foi simplesmente incrível. 

“Poder viver os bastidores e trabalhar no desenvolvimento do Gramado foi, sem dúvidas, uma experiência única e enriquecedora. Onde tive a oportunidade de conhecer pessoas importantes para o meu desenvolvimento profissional e também pessoal. O Gramado Summit de 2022 foi uma grande virada de chave na minha carreira, poder servir esse evento em 2023 foi, para mim, uma forma de honrar e agradecer a equipe, além de ter a possibilidade de mudar a vida de outras pessoas também. Pretendo participar da edição de 2024 e espero poder aprender ainda mais sobre os bastidores de um grande evento e me aproximar de pessoas chaves”, conclui.

Janaína Oliveira, responsável pelo Programa de Voluntários da empresa, compartilha que para participar, é necessário gostar de trabalhar em eventos, ser bom com pessoas, proativo e ter disponibilidade para estar em Gramado de 09 a 12 de abril de 2024. Além disso, é necessário que o voluntário tenha acima de 16 anos. 

O formulário estará disponível no link até 31 de janeiro.