A influência das retailtechs no varejo
Diego Sanches é Gestor de Aceleração e Startup Hunter da Liga Ventures, maior rede de inovação da América Latina com o propósito de gerar resultados e impacto, conectando as melhores startups às empresas e a todo ecossistema empreendedor

A chegada da pandemia de covid-19 e a instabilidade econômica vivida nos últimos meses mexeu demais com o varejo, e, por isso, foi necessário rever muitos dos conceitos que tínhamos até então. O setor precisou estar antenado ao novo perfil do consumidor, que está cada vez mais dinâmico - inclusive pensando nas novas gerações, que são extremamente focadas no digital e na experiência de compra.
Além disso, foi importante entender o papel das redes sociais, influenciadores, programas de fidelização e novos meios de pagamento. Mas, de maneira geral, o segmento vem se mostrando muito atuante em termos de inovação e transformação digital, e existem muitas oportunidades a serem exploradas.
Tanto é que diversas empresas já estão olhando para programas de inovação que podem contribuir positivamente para ajustes de rotas, novas soluções e negócios, melhoria de produtividade etc. E, nesse contexto, as startups que atuam com o varejo tem se tornado extremamente necessárias neste movimento de transformação, principalmente quando o que está em jogo é digitalização, experiência do consumidor e melhora em processos organizacionais.
Pensando em inovação, temos como destaque principalmente a participação das retailtechs (startups de tecnologia atuantes no varejo), que têm como missão e desafio acelerar o processo de inovação das varejistas por meio de novas tecnologias; automatização dos processos de compra, e fidelização dos clientes, cada vez mais exigentes e ávidos por vivências diferenciadas e marcantes. E tudo isso em um ambiente socio/econômico/político bastante incerto, o que pede ainda mais empenho e criatividade dos empreendedores e corporações.
Mas, mesmo que o momento atual seja delicado para as startups de maneira geral, como diz o ditado popular: "uns choram enquanto outros vendem lenços!". Ou seja, depende muito do grau de maturidade do empreendedor em validar o seu negócio frente a tantas incertezas. Por isso, é importante entender que o cenário depende muito das oportunidades e do nível de estruturação do negócio, então certamente ainda veremos muitos investimentos nas retailtechs.
Com relação às principais tendências para o varejo nos próximos tempos, temos as soluções baseadas em inteligência artificial e realidade aumentada, em decorrência dos avanços do metaverso; experiência física em loja, com tecnologias visuais de vitrines, auto atendimento etc; machine learning para identificação do comportamento dos consumidores e melhoria de processos internos, e tecnologias de precificação, conhecidas como pricing techs, que levam em conta na análise automática o rastreamento de estoque e do histórico de compras.
Além disso, podemos destacar a evolução no ecossistema de pagamentos, com a biometria; carteiras virtuais; cartões pré-pagos sem mensalidades; cashback; pix; reconhecimento facial; touchless, e omnichannel, que, tecnicamente, "envelopa" todos os processos, garantindo uma experiência única e organizada para o consumidor final.
E o Brasil está bem avançado com relação às inovações no segmento: de acordo com dados da Startup Scanner, ferramenta que permite o monitoramento constante das startups de diversos setores no país, durante o último ano tivemos um aumento de 17,85% no número de startups de varejo. Isso mostra que o cenário, mesmo com as adversidades, é otimista, e o ano de 2023 promete ser mais sadio em termos de números.