Biotecnologia: deeptechs têm potencial para transformar a América Latina

4/1/24
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Redação Start

Por Markus Schreyer, CEO The Ganesha Lab, aceleradora global para startups latino-americanas de ciência e biotecnologia

As deep techs, startups pautadas em descobertas científicas ou inovação disruptiva, desempenham uma papel crucial na reconfiguração da economia latino-americana, destacando o Brasil como um dos principais protagonistas desse cenário. Segundo relatório do Laboratório de Inovação do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID Lab), o país ocupa a segunda posição no ranking de nações com maior número de empresas dedicadas à deep tech na região.

O setor abrange empresas dedicadas a diversas áreas, como inteligência artificial, biotecnologia, robótica, tecnologia espacial, energia limpa e nanotecnologia, revelando a diversidade e amplitude das inovações impulsionadas por essas startups no cenário latino-americano. Estima-se que o segmento movimente cerca de R$ 38 bilhões no continente, evidenciando seu vasto potencial de expansão.

No entanto, a capacidade do ecossistema na região de converter ainda mais ciência e tecnologia em empreendimentos lucrativos tem sido prejudicada pela escassez de investimento financeiro. Em 2009, a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal) identificou apenas sete nações (Chile, Argentina, Brasil, Costa Rica, Uruguai, Cuba e Colômbia) impulsionando a biotecnologia por meio de investimentos público-privados, indicando crescimento desigual entre os países do continente.

Internacionalmente, a região tampouco tinha uma posição favorável. Nenhum país latino-americano pertencente à Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) figurava entre as 10 nações com maior número de empresas de biotecnologia até 2018, conforme dados do site Statista.

Apesar da relevância econômica e do potencial para melhorar a qualidade de vida das pessoas, o progresso na área da biotecnologia tem se revelado lento na América Latina. Diante desse cenário, torna-se essencial a criação e destaque de novas startups voltadas para biotecnologia, uma vez que o setor desempenha papel crucial não apenas para atrair investidores para a região, mas também para posicionar a América Latina como líder no desenvolvimento científico. Essas iniciativas não só impulsionaram o crescimento, mas também podem abrir caminho para a criação de oportunidades de emprego significativas para a população local.

A biotecnologia, de fato, detém o potencial de transformar vidas através de inovações não apenas na saúde, mas também nos setores agrícola, enfrentamento de questões climáticas e preservação de recursos naturais. Acredito firmemente que a convergência entre ciência e tecnologia continuará a impulsionar avanços significativos em nossa região, desempenhando um papel crucial em uma transformação global, com a América Latina como protagonista.

Neste cenário, é imperativo fomentar o surgimento de mais empresas voltadas para deep techs, enquanto o mercado global direciona sua atenção crescente para a região como um ecossistema robusto de biotecnologia. Este movimento, por sua vez, atrairá investimentos globais para as empresas latino-americanas. Também é essencial que agentes transformadores, como aceleradoras e empreendedores, unam esforços para impulsionar o crescimento do setor de biotecnologia na América Latina.

A interação com ecossistemas globais, especialmente os Estados Unidos, também desempenha um papel fundamental na partilha de conhecimento, no acesso a recursos e na ampliação do impacto global das iniciativas. À medida que as empresas adentram o universo das deep techs, estão moldando um futuro no qual a inovação se torna o alicerce do desenvolvimento econômico e social. Dessa forma, os países da América Latina poderão ser referência internacional no setor.

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