CFO estratégico: a importância de um bom profissional para as corporações
Profissionais da área destacam pontos fundamentais para uma boa atuação, desempenhando o papel de conduzir e tomar decisões de estrutura de custos
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Responsável pelas estratégias financeiras de uma empresa, o CFO é um dos profissionais mais importantes dentro de uma corporação, sendo encarregado da gestão de atividades financeiras, contábeis, fiscais, contas a pagar e receber e, até mesmo, gerar relatórios e análises capazes de prever cenários futuros. O profissional desempenha um papel fundamental para conduzir e tomar decisões voltadas para a estrutura de custo, funding, fusões e aquisições, relações com investidores e gestão de risco.
Marcos Becker, CFO na TAG Livros, clube de assinaturas de livros, compartilha que a posição do CFO exige um conhecimento técnico avançado financeiro, contábil, fiscal, entre outros, para conseguir tomar boas e rápidas decisões. Além disso, ele afirma que é necessário que o profissional tenha uma capacidade de análise, possibilitando a identificação de oportunidades de melhorias ou riscos ao negócio. Segundo ele, é importante entender do negócio para conseguir ajudar outras áreas (comercial, operacional, etc) a tomar as melhores decisões. Ele afirma ainda que o profissional precisa ter habilidades de liderança e comunicação para direcionar o próprio time que ele lidera e comunicar ao CEO, Conselho, pares e o restante da empresa sobre os resultados, riscos e oportunidades.

Ana Bueno Chaves, CFO do Landscape, explica que o CFO é responsável não necessariamente pelo lucro da empresa, mas pelo valor gerado, tanto econômico quanto em aspectos mais subjetivos. Segundo a profissional, as habilidades necessárias para uma boa atuação no setor financeiro envolvem a concatenação de todos os aspectos que permeiam a empresa. De forma objetiva, ela resume alguns principais pontos de atenção, como:
- Conhecimento técnico financeiro para suporte e tomada decisão, tais como tesouraria, controles internos, finanças corporativas e contabilidade;
- Entendimento de pessoas e contextos para auferir boa comunicação em todos os níveis. Todos os colaboradores da empresa precisam ter conhecimentos básicos de gestão financeira para suportarem suas decisões do dia a dia, e é papel da área financeira capacitar os colegas nesse sentido;
- Profundo interesse em gestão de negócios, um financeiro agnóstico à tomada de decisão nas áreas comerciais, marketing e tecnologia é pouco ou nada eficaz;
O profissional Rarian Caetano, que também atua como CFO em uma empresa de construção civil, explica que o CFO é responsável por garantir a estabilidade financeira e o sucesso a longo prazo da organização. Ele destaca que a principal diferença entre o CFO e o financeiro comum é que o CFO desempenha um papel fundamental na tomada de decisões estratégicas da empresa, enquanto profissionais de finanças comuns geralmente executam tarefas de apoio e análise para apoiar essas decisões. O CFO está no topo da hierarquia financeira da empresa, muitas vezes reportando diretamente ao CEO.

“Acredito que o profissional precisa ter uma visão estratégica, uma visão clara das metas estabelecidas, capacidade de liderar e desenvolver equipe, identificação dos riscos, ter uma comunicação clara e eficaz para que os outros departamentos possam andar alinhados e, acima de tudo, ter ética e lealdade”, comenta Rarian.
Todas essas habilidades são fundamentais para manter a saúde financeira da empresa, mantendo todos os pagamentos e projeções atualizadas, além de um bom caixa. Mas, quando há um momento de instabilidade, Marcos Becker explica que o profissional deve trabalhar muito próximo ao CEO, trazendo a ele o cenário real da situação, sem otimismo infundado, e já com possibilidades de ações para melhorar a situação. Segundo ele, o CFO deve ser capaz de tomar e direcionar a empresa a tomar decisões difíceis, como corte de custos, que não raramente envolvem corte de pessoas, e repriorização de projetos, sempre pensando no que for melhor para a empresa atingir seus objetivos de longo prazo.
“Estas decisões difíceis, por sinal, nem sempre são favoráveis aos desejos e objetivos de curto prazo da própria pessoa do CFO, mas estes devem ser deixados de lado em um momento de crise. Momentos de instabilidade podem ser frequentes. Especificamente falando de problemas de caixa (talvez a pior das instabilidades), e para evitá-los é importante um acompanhamento confiável da projeção de caixa de curto prazo e médio prazo. Essa projeção precisa ser pessimista nas premissas mais voláteis, como vendas, por exemplo. A partir desse cenário, pensa-se num plano para caso este cenário pessimista se confirme”, aponta Marcos.
Além disso, ele ressalta que é fundamental deixar o CEO por dentro sobre as projeções futuras e chamar atenção para as necessidades de ajuste de rota. Ainda, manter um relacionamento próximo com bancos e investidores nas épocas de tranquilidade financeira é importante para tê-los como parceiros em tempos de crise.
Ana acredita que o principal ponto do CFO em momentos de crise é a tranquilidade do direcionamento claro das medidas paliativas a serem assumidas até a instabilidade passar. Ela explica que os principais pilares que garantem uma boa gestão dos CFOs são a rentabilidade, satisfação do cliente, gestão de pessoas e influência na gestão da companhia. Ela explica que na hora dos cortes, a conexão com os demais pares já deve estar estabelecida para que as decisões fluam de maneira eficiente.

“Desde o momento inicial, independente de crise, o CFO tem que estabelecer laços de confiança com todo o management para que em momentos mais complicados, quando a notícia "vamos ter que cortar" tiver que ser dada, a reação seja mais voltada ao plano de ação do que à resistência e incredulidade - muito comum nestes momentos. Ainda, é importante que o CFO tenha entendimento transversal do negócio para que em vez de cortes "retos" em percentuais fixos, seja elaborada uma estratégia de redução e recuperação para além da diminuição”, comenta Ana.
Para que o profissional faça um plano concreto e metas dentro da realidade, Rarian acredita que muitas crises que acontecem dentro de um negócio estão associadas a um plano mal planejado. Segundo ele, a solução mais efetiva a curto prazo é o corte de custos.
“A otimização das despesas, junto ao gerenciamento do fluxo de caixa, garante que a empresa tenha liquidez suficiente para passar por uma instabilidade. Falando a longo prazo, o ideal é renegociar dívidas e, assim que se estabilizar, tentar quitá-las garantindo um desconto e amortização de juros. É interessante também ir ao mercado e encontrar fornecedores com preço e condições mais atrativas”, conclui.