Links
Clubes de assinaturas crescem 10% no Brasil
Modelo de negócio movimentou cerca de R$ 1 bilhão em 2019

Com o isolamento social, clubes de assinaturas cresceram 10% neste ano, segundo levantamento da Betalabs, empresa especializada em tecnologia para gestão de comércio eletrônico. Durante a pandemia, foram lançados 800 novos clubes de assinatura no país. A estimativa é de que, por dia, 600 consumidores assinem diversos tipos de pacotes. Em 2015, existiam cerca de 300 empresas no setor. Atualmente, o número é de quase 4 mil clubes.
Uma pesquisa realizada pela Deloitte, empresa de soluções em auditoria e consultoria empresarial, descobriu que entre as gerações, os millennials são os mais propensos a assinar serviços recorrentes e clubes de assinaturas, destacando que nesse estudo foram considerados millennials até 35 anos. Esse estudo justifica o fato de o mercado de assinaturas ter movimentado cerca de R$ 1 bilhão no Brasil somente no ano passado.
Recorrência no modelo de negócio
Um dos grandes segredos de sucesso do modelo de clubes de assinatura é a recorrência. Desta forma, quando o cliente assina o pacote, existem possibilidades de assinaturas mais baratas que contemplam mais meses de entrega. Este é o caso da Gramado na Caixa, clube de assinaturas criado na cidade gaúcha durante a pandemia para incentivar o consumo de produtos produzidos na Serra mesmo em tempos de isolamento social.
Conforme o proprietário Jardel Hay, são oferecidos quatro planos. O mensal, que custa R$ 169, o trimensal, que sai por R$ 159,90 por mês, o semestral, que tem o valor de R$ 144,90 mensais, e o anual, que custa R$ 129,90 por mês. “São os mesmos produtos entregues na caixas, muda apenas o tempo de fidelidade”, explica. O proprietário explica que o sistema de pagamento recorrente é o mesmo estilo aplicado pela Netflix, que debita mensalmente do assinante, não consumindo o limite do cartão de crédito do cliente.
Além de apostar no modelo de recorrência, Jardel também trabalha com parcerias para monetizar o negócio. “A gente compra os produtos com preços mais baixos ou trabalhamos com cedência de produtos em troca de divulgação. Assim, a gente consegue mandar cerca de R$ 300 em produto, e a pessoa que assina paga apenas R$ 129 por mês”, afirma Jardel.

Outra empresa que trabalha com modelo de recorrência é Allps, startup criada em 2015, que oferece alimentos saudáveis sem lactose e sem glúten. As caixas são montadas com até 16 produtos, de acordo com a dieta do cliente. “Cobramos mensalmente pelo envio dos kits de cada cliente. Temos três diferentes tipos de planos: mensal, trimestral e semestral”, explica Camila Remonato, co-fundadora da marca, sobre o modelo de recorrência. No plano trimestral, há desconto de 10% com relação ao pacote mensal.
Modelos inovadores
O modelo de clube de assinaturas cresce a cada ano. Por isso, empreendedores buscam inovar para criar negócios criativos dentro do setor. Exemplo disso é a Mate in Box, que envia mensalmente um kit com marcas diferentes de ervas para os assinantes do clube. “O modelo de clube de assinaturas de erva-mate surgiu para proporcionar uma experiência com informação para as pessoas”, frisa Tatiane Fernandes, que atua no administrativo da empresa.
A idealização da Gramado na Caixa também envolve criatividade. Após uma pesquisa de mercado, Jardel percebeu que existiam poucos planos de assinatura que apresentavam destinos turísticos. “Criamos então uma nova forma de fazer turismo. Se a pessoa não pode vir até Gramado, Gramado vai até a pessoa. Além disso, o envio dos produtos condiz com o que está acontecendo na cidade durante aquele mês, como por exemplo Festival de Gastronomia ou Natal Luz”, ressalta.
A importância de encontrar o nicho de atuação também é importante. Por isso, Jardel focou a apresentação do clube de assinatura para pessoas que já conheciam Gramado ou que tinham interesse em conhecer a cidade. “Também percebemos que nosso público é focado nas classes B e A, e feito por mulheres de 30 a 50 anos”, comenta.
A mesma percepção também norteia a atuação da Mate in Box. Apesar de ter um mapa regional diversificado e pulverizado por todo o Brasil, 45% das vendas são para São Paulo, seguido de 12% para o Paraná e 11% para Santa Catarina. Além disso, mais da metade dos clientes possuem entre 18 e 40 anos. “São jovens consumidores exigentes que estão em busca de produtos diferenciados, se preocupam com a origem deles e nos consideram uma grande fonte de conhecimento”, pontua Tatiane.

A Allps também apostou em criatividade e oportunidade de mercado quando idealizaram o negócio. Fora isso, em 2019, foram acelerados pelo programa Inovativa Brasil, que é o maior programa de aceleração do país. “Tivemos a ajuda de vários mentores experientes que nos ajudaram a moldar melhor nosso negócio, passando dicas super importantes, o que nos fez crescer ainda mais”, conta Camila.
Assinantes motivados por fator experiência
Leonardo Kunst, de 24 anos, é apaixonado por clubes de assinatura. Ao longo dos últimos anos, foi assinante de clubes como Candy in box, Nerd Loot, Tokyo Treat e Tralha box. “Comecei a assinar esses clubes pois alguns deles geram um fator surpresa, já outros funcionalidade e praticidade, e também pela parte decorativa e exclusiva”, comenta.
Justamente por priorizar a experiência das entregas, Leonardo sempre preferiu assinar a modalidade mais completa dos clubes. Ele também comenta que, apesar de algumas das assinaturas possuíram produtos com bom custo benefício, outras valem a pena somente pela surpresa. “No meu caso, acredito que vale mais a pena pelo fator experiência, pois nunca, em nenhuma delas, tive conhecimento prévio do conteúdo”, relata.
No caso da Mate in Box, Tatiane salienta o potencial da experiência. “O clube de assinatura é um modelo de negócios que entrega uma verdadeira experiência ao assinante de forma periódica. O assinante escolhe um plano, paga um valor recorrente, e os produtos são entregues no endereço de sua preferência. É um modelo de negócios que conquista cada vez mais clientes que buscam praticidade, não têm muito tempo livre e gostam de ser surpreendidos com novidades”, frisa.
Mariana Blauth, de 25 anos, é jornalista e envolvida com projetos literários há alguns anos. Assina a TAG Curadoria desde setembro de 2018, após ser incentivada a fazer o plano por uma amiga e pela mãe. Para ela, que mantém projetos literários, o consumo da TAG incentiva na produção de conteúdos. “Acabou sendo um reflexo do trabalho que eu estava fazendo. Me deu vontade de ser consumidora, não somente produtora do conteúdo literário”, conta.
A jornalista considera a assinatura do clube um bom custo benefício, ao mesmo tempo em que salienta a entrega de uma experiência literária. “São edições especiais, com capa dura e ilustrações diferente do que é comercializado no mercado, tem uma revistada que contextualiza a obra, além de ter a questão de um curador que defende o porquê tu precisa ler a obra. É uma experiência completa que muda a nossa visão sobre o livro, porque tem esses materiais extras que nos fazem aproveitar a leitura”, frisa.