Com conteúdos variados, indústria de podcasts cresce no Brasil

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Apesar de já existir desde o início dos anos 2000, o termo podcast tem ganhado cada vez mais espaço nos últimos anos. O formato permite que o ouvinte consuma informações onde e quando quiser. No Brasil, as plataformas de áudio e streaming já aderiram ao modelo que tem feito muito sucesso. 

Segundo um levantamento feito pela plataforma CupomValido.com.br, o Brasil se destaca como o terceiro maior consumidor de podcasts do mundo no ranking mundial.  Os dados têm como base os institutos Statista e IBOPE. O país conta com cerca de 30 milhões de ouvintes. A questão da proximidade e a familiaridade de ouvintes com temas abordados em podcasts é um dos principais fatores que fazem o modelo ganhar força. 

Com mais de 6 milhões de inscritos, o podcast PodPah, criado por Mitico (Thiago Marques) e Igão (Igor Cavalari), surgiu para levar informação e entretenimento para a população periférica. Segundo Victor Assis, diretor executivo do Podpah, o podcast foi planejado para ser relevante, uma plataforma que proporcionasse espaço e voz. 

O diretor executivo afirma que os momentos mais marcantes estão ligados aos grandes nomes da cultura popular brasileira, do funk, trap, rap, jogadores e ex-jogadores que já passaram pelo PodPah. O sucesso é tão grande que a equipe já planeja deixar de ser apenas um podcast para se tornar um HUB de conteúdo, com uma programação diária com tempo e audiência relevante.

Victor conta que a construção de pauta do Podpah está alinhada ao consumo e interesses da audiência. “Todos os convidados são debatidos por um time interno para entendermos o feat que esse convidado tem com a audiência e a proposta que o Podpah tem como podcast, para sempre trazermos pessoas com uma história e papo relevantes”, conclui Victor.

O produtor de podcasts e publicitário Lucas Schuch, conta sobre a experiência como produtor de conteúdo para esse nicho, que surgiu a partir de pesquisas de mestrado e doutorado. O produtor deu o pontapé inicial para dividir os seus resultados de pesquisas com pessoas interessadas no mesmo assunto que ele estava acostumado a abordar. 

O ‘Propaganda Não é Só Isso’ já comemora três anos no ar e conta com ouvintes fiéis, interessados em temas como representatividade, problemas no mundo corporativo, novas formas de trabalhar com um cotidiano mais liberal e saudável, jornada excessiva de trabalho dentro da publicidade, entre outros.

Lucas acredita que a principal importância dessas abordagens em um podcast é conversar sobre como problemas nos aproximam da solução. Além disso, em debater temas que antes não eram falados, não só dos nichos associados à publicidade, mas em todas as discussões relevantes para melhorar e levar questionamentos ao dia a dia de quem escuta podcasts. 

Ele afirma ainda, que durante o período pandêmico, acreditava-se que o consumo desse modelo diminuiria com o fim do deslocamento. Contudo, o que aconteceu foi o contrário, as pessoas passaram a consumir mais por ser uma forma de distração e de se colocar em contato com outras pessoas também, só que na internet.

“O podcast é uma ótima forma de você continuar a fazer seus afazeres e consumir conteúdo naquele tempo em que sua cabeça não precisa executar tarefas muito difíceis, você consegue ficar alí acompanhado. Isso ajudou muito a indústria de podcasts após esse primeiro período de isolamento a gente entender que é uma forma de se colocar em contato com outras pessoas também”, finaliza Lucas.

O podcast e as tradicionais rádios: desafios ou oportunidades?

Engana-se quem pensa que rádios sentiram um impacto negativo em relação aos podcasts. Isso até pode ter sido um desafio, para aquelas que insistem em um formato mais tradicional.  Acreditando na conexão dos dois mundos - analógico e digital -, a Clube 885, localizada em Canela, Rio Grande do Sul, se destaca na região como uma produtora de conteúdo online, com uma forte presença em meios de comunicação de áudio e vídeo na internet. 

A Clube 885, presente na região há quase 90 anos, busca conversar com os ouvintes de forma mais natural. A rádio vem se adaptando sempre às novas tecnologias e tendências no mercado de comunicação, estando presente no site, redes sociais e aplicativo.

Segundo o diretor da Clube 885, Lucas Dias, a rádio sempre procurou se adaptar de uma forma particular às tendências: "A gente faz podcast muito antes de existir esse termo podcast, com gravação em conteúdo de áudio e vídeo no nosso site, em 2005. A gente lida bem, nos abre espaço para fazer mais coisas”, conclui Lucas.

Além de ser um negócio tendência no mercado audiovisual, os podcasts também podem ser lucrativos para quem busca monetizar e ganhar com divulgação, venda de produtos ou serviços durante transmissões, por exemplo. Mas, apesar disso, o foco sempre vai ser gerar conteúdo de relevância para o público.