Como a inovação e a tecnologia podem auxiliar no combate à dengue?

22/4/24
|
Publicado por 
Redação Start

Startups com foco em saúde pública e soluções para o agronegócio compartilham como têm atuado para combater a contaminação de áreas propensas à contaminação com o aedes aegypti

Foto: Divulgação - FUMAJET
Foto: Divulgação - FUMAJET

A inovação e a tecnologia estão presentes em diversas esferas da sociedade e, sem ela, é praticamente impossível o avanço. Essa ideia vem sendo cada vez mais valorizada, ainda mais após a pandemia de Covid-19, onde foi possível perceber de perto os efeitos da inovação na sociedade, por meio da implementação de soluções que auxiliaram no combate à contaminação em massa da doença.

Assim como na pandemia, a inovação tem estado presente há séculos na sociedade, porém, com cada vez mais integração de conhecimento, o desenvolvimento de inovações e o uso de novas tecnologias são meios eficazes para o combate às doenças no país. Nesse contexto, com base nas últimas notícias sobre as infestações em massa de dengue no Brasil, a equipe da redação Start conversou com quem busca transformar essa realidade. 

Marcius Victorio da Costa, CEO da FUMAJET, startup do Rio de Janeiro que desenvolveu soluções para o combate à dengue, compartilha que o Brasil ultrapassou 1 milhão de casos suspeitos de dengue desde o início de janeiro. Segundo ele, até fevereiro, o país contabilizava mais de 1 milhão de casos suspeitos e mortes por casos suspeitos ou confirmados. A startup atua por meio do uso de motofogs, que fazem o trabalho de pulverização e sanitização. 

Ele explica que o serviço foi reconhecido por usar os produtos por termonebulização controlada por injeção eletrônica (expulsão do sabão e inseticida por meio do vapor). As doses soltas pelas motofogs são precisas, têm química limpa – chamada de verde – que não poluem o ambiente.

Foto: Divulgação - FUMAJET
“Apenas com a inovação vai ser possível combater as pandemias e novas doenças, precisamos de continuidade no desenvolvimento tecnológico para ter sucesso. Desenvolvemos tecnologias há alguns anos para auxiliar no controle de zoonoses, e decidimos implementar uma tecnologia a mais para combater casos de dengue. Além do Brasil, fornecemos serviços para o continente africano, América Central e Ásia”, comenta Marcius.

A FUMAJET é uma healthtech comprometida em desenvolver soluções assertivas para o sistema de saúde, com tecnologia de ponta para auxiliar no controle de endemias e zoonoses. O propósito da empresa é preservar a saúde do ser humano por meio de produtos e serviços inovadores que façam a diferença na rotina da sociedade.

Assim como a FUMAJET, a startup Birdview tem buscado ampliar sua operação em combate a áreas contaminadas pelo mosquito da dengue, criando soluções voltadas para mapeamento de áreas de risco. Em entrevista, o diretor da empresa, Ricardo Machado, afirma que a empresa vem trabalhando desde 2015 soltando insetos benéficos para o controle biológico de pragas e, em 2021, conheceram a Técnica do Inseto Estéril. A partir desta técnica, a equipe passou a desenvolver ações voltadas para além da mosca das frutas, mas para vetores de arboviroses como dengue, zika, chikungunya e mosca tsé-tsé.

Ele explica que a soltura dos mosquitos estéreis normalmente era feita de forma terrestre, com carros. Dessa forma os machos estéreis eram concentrados sobre as vias públicas, o que prejudicava o resultado do controle da praga. Os drones e as técnicas agrícolas de proteção de lavouras trazem melhoras na homogeneidade da distribuição do macho estéril, que aumenta em muito a probabilidade de sucesso do controle, uma vez que a liberação aérea permite o acesso dos mosquitos ao interior dos quarteirões e outros imóveis.

Foto: Divulgação - Birdview
“A zika e chikungunya também são transmitidas pelo vetor Aedes aegypti, portanto, a supressão da população deste mosquito reduzirá também a incidência desta doença. Estamos trabalhando com parceiros para validar a tecnologia em laboratório e em campo para o controle do Anopheles (que transmite a malária) e da Glossina (que transmite o tsé-tsé). Esperamos poder contribuir com a diminuição e eventual erradicação dessas doenças em vários lugares no mundo”, comenta Ricardo.

Ricardo afirma ainda que a Birdview estabeleceu parcerias estratégicas para conduzir estudos e testes de campo relacionados à dispersão de mosquitos, como o CENA da USP, a Embrapa e a Agência Internacional de Energia Atômica (ONU). Além deles, a empresa também atua em parceria com biofábricas e distritos de controle de mosquitos nos EUA, que abriu espaço para colocar a solução em prática e, como consequência, evoluir e validar de forma técnica e acadêmica a solução. 

“Nós temos uma visão de operação descentralizada de nossa tecnologia, tanto na agricultura como para a saúde pública. Um dos nossos principais objetivos é democratizar o acesso ao controle macro biológico de pragas, incluindo a agricultura familiar como usuária dessa estratégia. Nossa tecnologia funciona com qualquer drone, e é fornecida aos clientes finais por aluguel por meio das biofábricas. Gostaríamos de ver microempreendedores individuais utilizando a tecnologia, prestando serviços, ajudando a aumentar a sustentabilidade da produção rural, restaurando florestas e combatendo doenças”, esclarece Ricardo.

Confira mais posts do Start