Como a inteligência artificial pode contribuir para o sistema educacional no Brasil?

16/2/23
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Publicado por 
Redação Start

Conheça duas startups que promovem iniciativas inovadoras para impulsionar o acesso ao conhecimento para jovens brasileiros

Foto: Unsplash
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Cadeiras alinhadas, alunos sentados em ordem e o professor de pé ensinando, este é o método de ensino utilizado pelas escolas desde o período da Revolução Industrial. É possível observar em estudos recentes que essa forma de ensinar já está ultrapassada e precisa se modernizar, não somente utilizando tecnologia, mas em melhoria de processos que tornem o ensino eficaz para todos.

Os métodos tradicionais vêm sendo questionados, mostrando que existem novas formas de ensino que focam não apenas em disciplinas, mas em aprimorar as habilidades individuais de cada aluno. Estudos afirmam que crianças que aprendem por esses novos meios apresentam um grau maior de aprendizagem da teoria na prática. Segundo um levantamento do blog educativo Leiturinha, as mudanças são fruto do avanço tecnológico. 

As alternativas de ensino podem impactar não somente crianças e jovens, mas os adultos do futuro e a forma como eles vão lidar com os gargalos da vida adulta. Além da necessidade de mudanças no ambiente escolar que vem sendo estudado por psicólogos, pedagogos e pensadores especialistas do segmento, podemos citar também a transformação digital como fator que conquistou espaço em meio aos mais jovens.

Os estudantes das gerações atuais têm se distanciado do sistema tradicional de educação e, por isso, é hora de repensar os métodos para conquistar a atenção dos alunos, com tecnologia e conhecimento. É preciso considerar que a inovação e a tecnologia podem ser ferramentas para tornar um futuro mais positivo e personalizado, compreendendo a classe em um nível individual e coletivo dos estudantes.

Uma matéria publicada pela plataforma de conteúdo do governo, IdeiaGov, mostra que a inovação aplicada ao sistema educacional e o ensino personalizado e dinâmico podem ser mais positivos para os alunos. Algo que estimule a criatividade e a participação de toda a classe para garantir o sucesso no aprendizado.

Com isso, empresas e startups surgiram com o objetivo de facilitar o acesso ao conhecimento por meio da tecnologia. A ChatClass é uma plataforma que utiliza o WhatsApp para ensinar inglês. A plataforma surgiu após o fundador e CEO da startup perceber a importância da educação de qualidade e as oportunidades geradas a partir do conhecimento da língua inglesa.

Apesar de uma infância simples em uma cidade rural no interior da Alemanha, Jan Krutzinna conseguiu ingressar na Universidade de Harvard, onde aprendeu português e veio para o Brasil. Ao chegar no país, Jan observou uma grande deficiência no sistema de educação brasileiro, o ensino de inglês.

A partir disso, ele desenvolveu um meio onde os alunos pudessem aprender utilizando o aplicativo de maior utilização no país, o WhatsApp. A plataforma atua por meio de um chatbot criado para ensinar o idioma com vídeos, áudios e mensagens. A startup passou por acelerações e apoios por programas como o SEED-MG, Estação Hack do Facebook, Google For Startups, Holon IQ, GSV Cup e Endeavor Scale Up. 

Jan Krutzinna - CEO e fundador do ChatClass (Foto: Marco Torelli)

Para Jan, a educação ainda passa por um atraso com relação à tecnologia. Por isso, o setor apresenta um grande potencial para investimentos para o uso de inteligência artificial. São vários os benefícios que a IA pode trazer para o sistema de educação, como ajudar os professores a acompanhar o desenvolvimento dos alunos e, assim, podendo dar atenção àqueles que precisam de mais ajuda com conteúdos específicos.

Além disso, os professores podem também criar alternativas mais chamativas para tornar o processo de aprendizagem mais eficiente. Toda a automatização dos processos educativos pode deixar os docentes inseguros quanto à extinção de profissões, mas não é preciso se preocupar, pois os professores ainda têm um papel fundamental em todo o sistema.

“As vantagens que vejo é que a IA amplia muito o conhecimento, já começamos a discussão com todas as informações à mão. Isso traz um grande avanço, principalmente se a escola souber incluir o aluno no uso das ferramentas de busca. Com as informações à mão, fica para o professor e para o ambiente em sala de aula a discussão crítica em alto nível. É um grande avanço para o aprendizado e para as interações na sala de aula”, diz Jan.

Ele afirma ainda que considera o uso da inteligência artificial positivo para a educação, pois pode contribuir com insights criativos e ampliar o conhecimento sobre algum tema específico, principalmente com a chegada do ChatGPT no mercado. Outra vantagem apontada pelo CEO é a personalização de conteúdos por meio de ferramentas comuns, como WhatsApp e Instagram, em que as pessoas podem definir o seu tempo de estudo utilizando a plataforma. 

Outra plataforma que investe ativamente em inteligência artificial para a educação é a ProUser, uma startup desenvolvedora de aplicativos com soluções para a educação. A edtech impactou o setor e fechou 2022 com resultados positivos para o ensino básico no Brasil, por meio dos aplicativos Reforça App, Taplingo e Tô aqui.

O Reforça App surgiu para facilitar o acesso a conteúdos de todas as disciplinas, alinhados à Base Nacional Comum Curricular (BNCC) do Ensino Fundamental 2 e do Ensino Médio. Com uma abordagem simples e prática, o propósito do aplicativo é tornar o aprendizado mais dinâmico, utilizando metodologias baseadas em ilustrações, textos e áudios para complementar a jornada do estudante.

Rodrigo Murta - CEO e fundador da ProUser (Foto: Léo Franco)

Além de todos os ativos, o aplicativo possui um plantão de professores online, em que os alunos podem tirar dúvidas no chat. O plantão permanece ativo nos horários comerciais, de segunda a sexta-feira. Em parceria com a TIM, a startup se uniu para contribuir com a educação básica por meio de uma iniciativa social para duas escolas municipais do Rio de Janeiro. O propósito da parceria é oferecer o acesso gratuito do aplicativo para alunos que iriam prestar o Enem e outros vestibulares.

Cerca de 52% dos alunos da Escola Municipal Francis Hime, no Rio de Janeiro, já apresentaram um resultado positivo com apenas 1 mês de uso gratuito do Reforça App. Para Rodrigo Murta, CEO e fundador da ProUser, a tecnologia desenvolvida pela empresa é fundamental para que os alunos se sintam inseridos nos conteúdos, de forma que possam aprender com uma ferramenta que carregamos nas mãos em todos os momentos, o celular.

"Hoje, como sociedade, consumimos conteúdo de maneira segmentada, com YouTube, TikTok, Netflix etc, porém, em sua maioria, esse conteúdo não tem curadoria e é aqui que entregamos o nosso diferencial. No Reforça App, o conteúdo é segmentado e com curadoria, pois foi feito por profissionais qualificados e docentes de suas respectivas áreas de conhecimento. Com os flashcards, trabalhamos os conceitos mais importantes para auxiliar na compreensão do todo. Afinal, não é fácil entender de Física, por exemplo, sem memorizar algumas de suas fórmulas. Com elas frescas na memória, entender como são usadas se torna ainda mais fácil", finaliza Rodrigo.

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