Conceito cat café se expande pelo Brasil

21/11/23
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Publicado por 
Redação Start

Além de um negócio, cafeterias que adotam esse conceito promovem ações de conscientização sobre a causa animal

Foto: Unsplash
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Com um conceito inovador para quem adora dar uma paradinha nos dias corridos e tomar um café, os cats cafés têm uma proposta diferente para animar os dias dos seus clientes e, de quebra, promover ações voltadas para a causa animal. Os cats cafés tiveram início em Taiwan, em meados de 1998, e se tornaram uma febre mundial no setor alimentício e no mercado pet na última década. As cafeterias temáticas provaram ser um negócio promissor e aberto a investimentos, mas que precisavam de uma atenção especial com a causa animal. Após algumas décadas, países ocidentais foram aderindo a esse modelo de negócio, chegando ao Brasil por volta de 2014. 

Foi unindo o amor por gatos e o desejo de empreender que Fabiana Ribeiro criou o Café com Gato, primeiro café do segmento no Brasil. Anteriormente à criação do café, Fabiana atuava como coordenadora de insumos em uma multinacional americana e se via desmotivada com a rotina corporativa, até que um dia teve de ser responsável pelos cuidados de uma gatinha que morava na empresa, após ser atacada por um gambá.

Após essa experiência, Fabiana compartilha que se viu diante de uma oportunidade de empreender com algo que amava. Em algumas pesquisas, ela conta que foi até a vigilância sanitária de Sorocaba, cidade onde mora, para conferir a viabilidade de construir um cat café. A instituição informou que era inviável montar um empreendimento que tivesse animais e alimentos no mesmo ambiente, o que acabou desmotivando Fabiana. Mas, mesmo diante às adversidades, a empreendedora decidiu criar o negócio sem a necessidade da interação entre humanos e animais, para que não houvesse impedimento.

No dia 8 de maio de 2014, o Café com Gato inaugurou em Sorocaba, São Paulo, com a ajuda de arquitetos especializados, veterinários, nutricionistas e tudo que pudesse ajudar a manter o negócio saudável para clientes e gatos. Ao longo dos anos de estabelecimento, Fabiana afirma que o projeto foi se expandindo e ganhando cada vez mais destaque no mercado, conquistando clientes e apaixonados pelo conceito cat café. Inicialmente, o projeto possuía apenas gatos de raça, visto que a interação deveria ser impedida.

“Na época, recebemos muitas visitas de ativistas querendo conhecer o projeto, para ver o tratamento dos gatos e o tipo de exposição, até que as pessoas foram percebendo que não éramos aqueles que visam somente o lado financeiro. Temos amor pelos nossos bichanos por meio de um negócio que nos daria motivação em oferecer excelência na qualidade do espaço, uma experiência e um bom atendimento, tudo isso ao lado dos nossos gatinhos”, comenta Fabiana.

Segundo ela, o Café com Gato abrange diversos públicos, tanto gateiros quanto interessados nos itens do cardápio, que foi desenvolvido com extrema qualidade. Ela acredita que o conceito cat café não será apenas uma tendência, mas algo que veio para ficar, por meio de um trabalho contínuo e a dedicação para desenvolver um ambiente saudável para os humanos e os animais. Além do espaço de interação com os gatos, o Café com Gato possui divulgações de doação de gatos em suas redes sociais e uma parceria com uma ONG de animais de Sorocaba, onde são disponibilizados gatinhos para participarem da interação dentro do gatil do Café com Gato.

“Todos aqueles gatos que a equipe da ONG consegue fazer o isolamento de 30 dias, testes necessários e atendimentos necessários são levados para o café, com o objetivo de promover a adoção. Hoje a gente permanece com os gatos próprios, mas também temos gatinhos para adoção. Esse projeto ainda é relativamente novo, achei que ia engrenar mais, mas ainda não tivemos o retorno que esperávamos no número de doações, apesar de já ter sido grande. Até porque recebemos bastante gatos adultos, os filhotes são adotados mais rápido, os adultos não”, compartilha.

Para Mariana Brod, o processo de criação de um cat café não foi muito diferente. Ela compartilha que, inicialmente, o projeto era para ser um negócio de satisfação pessoal, mas logo foi ganhando aderência do público. Além de um negócio, a empreendedora via no conceito cat café uma forma de conscientizar as pessoas sobre a causa animal, por meio de uma exposição e demonstração comportamental dos gatos presentes no seu cat café, quebrando preconceitos e crenças a respeito dos gatos.

O Betina Cat Café teve início durante a pandemia, quando, após alguns anos atuando no mercado corporativo, Mariana Brod se viu em uma fase de insatisfação com o que fazia, abrindo espaço para ir em busca de algo que fosse satisfatório. Mariana afirma que foi criada com gatos e que, durante a faculdade, sentia muita falta de ter animais, mas quando foi morar sozinha adotou o seu primeiro gato, o Theodoro. Quando se formou, ela passou a ajudar ONGs, participando dos resgates, atuando como lar temporário, ou seja, se envolvendo completamente com a causa animal. 

“Minha inspiração foi que sempre gostei e me envolvi nisso, já entendi a importância da adoção de animais, medicamentos e cuidados com gatos, e quando vi o conceito do cat café, me brilhou os olhos porque eu poderia empreender com um propósito. O Betina Cat Café vem inspirado do meu último resgate, a minha gatinha Betina que é paraplégica e, ao que tudo indica, ela sofreu maus tratos. Ela precisa de ajuda pra fazer as necessidades dela, fisioterapia, acupuntura, remédios, ração especial, ela e o Theodoro são a minha inspiração”, afirma.

Com isso, Mariana aponta que essa história de superação da Betina foi responsável por trazer a ideia de visibilidade e estimular a adoção de gatos, especialmente gatos especiais como a Betina, mostrando que é possível adotá-los, apesar de demandar mais cuidados. Além dos gatos do espaço do café com a gatoterapia, o Betina Cat Café promove feirinhas de adoção e divulgação. Em um ano e quatro meses, o café já contabiliza diversos gatos doados e um público que tem entendido e recebido muito bem o conceito. 

Além da cafeteria, o Betina Cat Café possui um espaço Cat Shop, com mais de 140 itens para gatos e gateiros. Segundo ela, a compra do Cat Shop ajuda também o projeto com esse dinheiro. 

“Envolver gastronomia e pet é uma ótima alternativa de negócio e está em crescimento econômico no Brasil, mas é necessário que o empreendedor entenda da causa animal, das ONGs, os protetores independentes, não usar o gato como moeda de troca, respeitar muito o espaço e o temperamento dos bichos. Eles precisam ter o tempo deles de descanso, o tempo de visita e todo atendimento necessário. Espero que não seja uma tendência, para que não perca essa responsabilidade e respeito com os animais, desmistificar preconceitos com a espécie, sem que o proprietário só olhe como um negócio lucrativo”, conclui.

Como podemos observar, boa parte dos negócios nichados para esse segmento surgem do amor por animais e pela vontade de trabalhar com um negócio que fizesse sentido. Nesse contexto, Rafaela Mendes Ribeiro, empresária portoalegrense, compartilha que, após conhecer outros estabelecimentos ao redor do mundo e no Brasil, pensou em levar essa experiência para Porto Alegre, expandindo o seu amor por gatos e cafés.

Segundo ela, o projeto foi parte da união entre o sonho de empreender e a vontade de ter algo voltado para o universo dos gatos. Ela afirma que o Affogato Cat Café foi muito bem recebido pelo público da região, superando as suas expectativas e transformando a forma como consumir um simples café da tarde.

“Acredito que veio para ficar, cada vez mais as pessoas estão mais conscientes e entendendo a importância de adotar e não comprar animais. Temos uma lojinha voltada para gateiros, com itens exclusivos e pensados para aquelas pessoas apaixonadas por gatos. Vale lembrar que temos também alguns itens no cardápio que são temáticos”, comenta.

Para manter a qualidade de vida e saúde dos gatos presentes no gateiro, Rafaela compartilha que são impostas algumas regras dentro do ambiente, como o limite de pessoas dentro da área dos gatinhos e parcerias com veterinários que acompanham a saúde e bem-estar dos gatinhos.

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