Fisioterapia e tecnologia: saiba como a tecnologia pode otimizar diagnósticos e tratamentos de pacientes

9/4/24
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Redação Start

Além disso, profissionais afirmam que a tecnologia contribuiu com a construção de soluções colaborativa com procedimentos hospitalares, reduzindo a quantidade de leitos ocupados e as filas para a realização dos tratamentos

Foto: Unsplash
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Realizar tratamentos fisioterapêuticos, muitas vezes, podem ser longos e demorados para que os pacientes tenham resultados efetivos. Quanto mais grave a situação do paciente, mais complexos são os procedimentos. Mas, para mudar essa realidade, a tecnologia tem atuado lado a lado com os profissionais da área, otimizando tratamentos, melhorando diagnósticos e, até mesmo, diminuindo a quantidade de leitos ocupados e as filas em postos públicos de saúde.

Para contribuir com o cenário, diversos empreendedores decidem buscar soluções que possam ajudar questões como essas e acabam encontrando na tecnologia, uma maneira de desenvolver e fortalecer o setor. Esse é o caso da Tato Fisioterapia Inteligente, startup especializada em realizar a gestão e coordenação de cuidado, telereabilitação e telemonitoramento de pessoas com dor musculoesquelética crônica e quadros osteomusculares. 

Com um modelo de negócio é B2B, focando no segmento de mercado de operadoras de saúde, seguradoras e auto-gestoras, o objetivo da startup é transformar o cuidado de pessoas com dor musculoesquelética crônica no Brasil. Segundo Rafael Krasic Alaiti, professor especializado em Fisioterapia Musculoesquelética, mestre e Doutor em Neurociência da Dor pela USP e CEO da Tato, hoje afeta cerca de 40% da população brasileira e está entre as principais causas de incapacidade, dias perdidos de trabalho, afastamentos profissionais e custos assistenciais no Brasil.

Ele explica que, historicamente, a maior parte das implementações de novas tecnologias na fisioterapia se concentraram na área de aparelhos eletrofísicos e fotobiomodulação. Ele aponta que esses recursos podem ser utilizados para uma ampla gama de objetivos, desde estimular o recrutamento neuromuscular até acelerar a recuperação tecidual após uma lesão. 

“Atuamos desde a aquisição de segurados, com base em leads fornecidos pela operadora, e coordenação do cuidado na rede credenciada a partir de um processo de triagem digital especializada e estratificação de risco, até o planejamento e gestão de linhas de cuidado digitais pautadas na promoção de saúde musculoesquelética, telereabilitação e telemonitoramento destes pacientes. Desta forma, utilizamos a telessaúde e ciência de dados para otimizar o cuidado fisioterapêutico”, comenta Rafael.

Segundo Rafael, os desfechos clínicos relevantes para os pacientes são avaliados a partir da melhora da dor e incapacidade e a satisfação do usuário e custos relacionados à utilização de serviços de saúde junto às seguradoras. Atualmente, ele destaca que a Tato é responsável por cerca de 75% de melhora da dor e 85% de melhora da incapacidade funcional, com um NPS de 94, em uma média de 6 sessões para a alta e produzindo uma economia relevante para a fonte pagadora, a partir da redução de idas a pronto socorro, consultas médicas e cirurgias.

“Estes números diferem consideravelmente daqueles obtidos por serviços de fisioterapia tradicionais vinculados à rede credenciada de operadoras, onde o paciente realiza em média de 30-50 sessões presenciais, sem apresentar resultados clínicos relevantes e sem reduzir custos assistenciais. A telefisioterapia se baseia no uso de tratamentos e intervenções baseadas em evidências científicas. O problema é que infelizmente no Brasil, apenas 15% dos fisioterapeutas oferecem tratamentos baseados em evidências científicas. Desta forma, nós enxergamos a tecnologia apenas como um meio para fornecer acesso à fisioterapia de qualidade para aqueles que sofrem de condições dolorosas incapacitantes”, ressalta.  

Assim como Rafael, a fisioterapeuta Fernanda Grün Rosa, também é autora de uma solução que contribui significativamente com a melhoria em tratamentos fisioterapêuticos. Fernanda atua com reabilitação de tecidos cicatriciais e explica o processo de reabilitação de pacientes por meio da sua solução. Ela conta que, anteriormente, após o cirurgião realizar o procedimento cirúrgico, o paciente se recuperava de qualquer jeito. Hoje em dia, ela destaca que o processo começa antes mesmo da cirurgia, com a consulta fisioterapêutica pré-operatória e vai até a recuperação pós-operatória.

Foto: Divulgação - Fernanda Grün
“Para realizar tal atendimento, é preciso entender muito de pele e patologias de pele, interação de fármacos tópicos e via oral e principalmente estomaterapia, a especialidade que trata feridas. Resumindo, a informação correta ao paciente no momento certo é uma aliada poderosíssima considerada a primeira tecnologia da informação! Segundo, o desenvolvimento de lasers e bandagens para minimizar o processo inflamatório, dor , inchaço, roxos e gerado no trauma cirúrgico são consideradas novas tecnologias poderosíssimas e de última geração”, destaca Fernanda.

Segundo ela, a base da solução oferecida ao paciente é a informação, incluindo orientações básicas, como o que irá acontecer na cirurgia, o que o paciente irá sentir, como deve se sentar, deitar, levantar, tomar banho, vestir-se, despir-se, higienizar-se. Além de orientar os acompanhantes e familiares do paciente. Outro ponto comentado por Fernanda é o uso do Laser, que ativa as mitocôndrias das células fazendo com que elas gerem mais energia para acelerar os processos metabólicos celulares. Conforme a programação do laser, ela destaca que pode proporcionar mais sangue num tecido (pele, músculo ou fáscia) e estimular uma cicatrização perfeita.

Fernanda destaca ainda que os resultados obtidos por meio das soluções desenvolvidas são excelentes. “Antigamente as pacientes tinham muitas reações ruins no pós-operatório e acabavam ficando três meses realizando os procedimentos necessário, como drenagem linfática, e hoje sabemos que, por meio de pesquisas científicas, boa parte dos vasos linfáticos e sanguíneos são seccionados pelo trauma cirúrgico (bisturis, cânulas, etc), não havendo vaso linfático ativo para reabsorver todo o edema. Então hoje em dia não se realiza especificamente a drenagem linfática onde ocorreu trauma cirúrgico. O tape acelera o “período ruim” pós operatório. Para se ter uma ideia, antigamente se faziam 20-30 atendimentos pós operatório. Hoje eu faço de três a seis ”, comenta Fernanda.

Ambos os fisioterapeutas afirmam que as soluções inovadoras aliadas à tecnologia podem melhorar questões de desocupação de leitos hospitalares após procedimentos cirúrgicos, visto que a maior parte das cirurgias realizadas em pacientes com quadros de dor musculoesquelética não deveriam ocorrer. Desta forma, podemos contribuir para que estes leitos não sejam indevidamente ocupados. Quando bem executado, os resultados são extremamente satisfatórios.

Dessa forma, podemos observar que a tecnologia está presente em diversas soluções voltadas para o setor, incluindo a otimização de tratamentos e diagnóstico. Mas, em meio a tudo isso, existem ainda casos de pessoas que necessitam dos profissionais da fisioterapia para outra função que, muitas vezes, pode ser longa e dolorosa, que é se adaptar a um membro no lugar de um membro perdido. Os casos das pessoas que utilizam próteses podem ser rápidos ou demorados, dependendo do molde da prótese e a anatomia do membro afetado, fazendo com que muitos pacientes demorem para se adaptar ao processo e necessitando da ajuda de um acompanhamento fisioterapêutico ainda mais completo.

Por esse motivo, para auxiliar os profissionais, a startup Limbx, que utiliza da tecnologia de impressão 3D, decidiu criar soluções para fabricar próteses altamente personalizadas, adaptando-as à anatomia dos usuários com diferentes necessidades. Natã Vargas, fundador e CEO da startup, compartilha que o método permite uma precisão inigualável na personalização, melhorando significativamente o conforto e a funcionalidade para o usuário.

Foto: Divulgação
“Em comparação com métodos tradicionais, a impressão 3D oferece vantagens como menor tempo e custo de produção, flexibilidade no design, escalabilidade e a capacidade de fazer ajustes finos com facilidade, resultando em próteses que são mais adaptadas às necessidades dos clientes. Por isso, estamos criando uma linha diversificada de próteses, para diferentes tamanhos e necessidades. Hoje, focada principalmente para amputações de membros superiores abaixo do cotovelo. Mas caso por algum motivo nossa prótese não atenda algum usuário, a empresa adota uma abordagem colaborativa com os pacientes, utilizando escaneamentos 3D do membro residual para modelar a prótese que se ajusta perfeitamente, garantindo não só funcionalidade mas também conforto e estética”, comenta Natã.

Ele explica ainda que os materiais comuns incluem o PLA e o ABS, conhecidos por sua leveza e durabilidade, e para prototipar são utilizados grafeno, devido à sua resistência, leveza e propriedades antibacterianas. Segundo ele, desenvolver próteses personalizadas utilizando impressão 3D apresenta desafios como integrar efetivamente as partes mecânicas e eletrônicas em um design funcional e estéticamente agradável, além de garantir durabilidade para atividades diárias e atender expectativas estéticas dos usuários. Apesar dessas dificuldades, a equipe da Limbx consegue contornar cada um desses desafios, graças à dedicação e ao uso de técnicas exclusivas, assegurando que nossas próteses não só atendam mas superem as expectativas dos usuários.

“A LimbX trabalha em estreita colaboração com profissionais de saúde para assegurar que as próteses não só atendam às necessidades médicas dos pacientes mas também melhorem sua qualidade de vida, através de feedback contínuo e ajustes baseados em experiências reais de uso. Estamos realizando provas de conceito com hospitais referência no país, junto de profissionais da saúde capacitados, que fazem um acompanhamento com nossos usuários. Aproveitamos os feedbacks para prover melhorias. Nos empenhamos para tornar as próteses mais acessíveis com a otimização dos custos de produção e da busca por parcerias para subsídios, reduzindo o impacto financeiro nos pacientes. Adicionalmente, estamos desenvolvendo parcerias para programas de subsídio e financiamento para os pacientes, tornando nossas próteses mais inclusivas”, aponta.

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