Hotéis de selva: experiência e aventura
Hospedagens na selva amazônica se tornam promissoras para investimentos e público aumenta após a pandemia

Em meio a uma geração que valoriza a experiência e busca conhecer realidades diferentes para sair da zona de conforto, os hotéis de selva se tornam uma alternativa voltada para um público diferenciado, mas que já é bastante conhecido pelo público estrangeiro. O Brasil possui um potencial turístico gigantesco por diversos aspectos, entre belas praias, serras incomparáveis, uma gastronomia diversa, cultura indescritível e, como um dos principais atrativos, a tão conhecida floresta amazônica.
Apesar de poucos investimentos voltados para a indústria turística, a região amazônica possui atrativos que chamam a atenção de turistas, especialmente pela diversidade da fauna e flora. Nesse contexto, investir em um ambiente promissor ao turismo na região se torna lucrativo. Os hotéis e pousadas de selva promovem um ambiente diferente aos seus hóspedes, oferecendo além de conforto, uma experiência imersiva na floresta. Apesar das hospedagens desse segmento possuírem uma força atrativa para o mercado internacional, vem ganhando destaque também entre os brasileiros nos últimos anos. Além disso, esse tipo de negócio promove ações que contribuem com as comunidades locais, gerando emprego e renda.
O Anavilhanas Jungle Lodge, localizado no arquipélago de Anavilhanas, município de Novo Airão, no Amazonas, compartilha que todo o seu ideal é pensado para que os hóspedes tenham uma experiência deliciosa, autêntica e longe de qualquer preocupação. Por esse motivo, além de hospedagem, os pacotes incluem todos os passeios, refeições a la carte, transfer terrestre de ida e volta entre Manaus e o lodge. Entre os passeios, podemos destacar as caminhadas na mata, contemplação do nascer do sol e canoagem pelos igapós (mata alagada) e igarapés (pequenos afluentes de rios).
Além disso, as experiências podem durar de dois a cinco noites e têm sua programação desenhada de acordo com o tempo de cada viajante, incluindo ainda visitas às comunidades ribeirinhas, expedição pelo Parque Nacional de Anavilhanas, arco e flecha, pesca recreativa, expedição em um dos nossos charmosos barcos regionais e vista à Base Avançada, um refúgio mantido há 50 km do lodge. A assessoria do hotel compartilha que os passeios e atividades realizadas pela equipe são pensadas para mostrar os mais diversos encantos da floresta com conforto, segurança, pitadas de aventura e, acima de tudo, respeito aos grandes protagonistas da Amazônia, a sua natureza e suas comunidades.

Segundo a assessoria, existem muitos fatores que compõem o Anavilhanas e tornam o lugar único, entre eles a arquitetura, que foi pensada para não interferir na floresta, se camuflar na paisagem e oferecer essa constante sensação de estar dentro dela. Para isso, destacam que foram utilizadas técnicas construtivas da região, como coberturas de palha, e uma infraestrutura que promove a iluminação e ventilação naturais. Além disso, as histórias dos guias, muitos deles nascidos em comunidades ribeirinhas, que cresceram cortando árvores e, hoje, graças ao turismo, entendem e batalham pela floresta em pé, também são o diferencial do hotel em comparação a outros tipos de hospedagem. Além disso, o hotel está inteiramente ligado com as questões sociais e ambientais da região, realizando diversas iniciativas focadas em valorizar e empoderar as comunidades locais.
“Somos o maior empregador privado da região – cerca de 85% dos nossos colaboradores são locais – e enxergamos o turismo sustentável como uma oportunidade de desenvolvimento e educação ambiental. Com cuidado e respeito, lutamos para melhorar a qualidade de vida dos nossos colaboradores e engajá-los na luta pela preservação da Amazônia. Como resultado das nossas ações, estão o aumento da escolaridade, o uso consciente do solo, a reciclagem, a geração de renda complementar e a valorização da cultura local. Também priorizamos produtos feitos por pequenos produtores de diferentes áreas, da agricultura ao artesanato. Na nossa loja, estão criações de artesãos locais e de populações indígenas para gerar renda e valorizar o trabalho regional”, comenta a assessoria.
Para reforçar esse compromisso, em 2022, o hotel criou o Instituto Anavilhanas com o intuito de formalizar esse trabalho feito há longa data e, assim, aprofundar o empenho com a conservação. Esse trabalho é dividido em cinco frentes principais – educação, saúde, desenvolvimento local sustentável, meio ambiente e apoio à pesquisa na Amazônia. A equipe destaca que um hotel de selva é, antes de qualquer coisa, um facilitador de experiências na Amazônia. Geralmente, quem o procura são viajantes que desejam ter um primeiro contato com a floresta.
Em sua maioria, dos mais simples aos mais sofisticados, dos mais novos aos que fecharam, todos funcionam ou funcionaram com essa ideia de entregar ao hóspede uma série de serviços durante a estada, que mostre o que é a Amazônia. A assessoria destaca ainda que hotéis e pousadas desse segmento não são apenas hospedagens, mas prestadores de serviços, que vão entregar uma experiência completa e, por isso, os preços acabam sendo mais elevados, envolvendo logísticas mais complexas. No caso do Anavilhanas, por exemplo, as diárias incluem: todos os passeios, refeições a la carte, transfer terrestre de ida e volta entre Manaus e o lodge. Tudo isso traz um valor agregado à experiência.
“Atualmente, recebemos cerca de 55% de estrangeiros e 45% de brasileiros. Nas férias e feriados, há muitos brasileiros vindo em famílias com crianças, mas em geral, a maior parte são casais que buscam destino de natureza, com serviço de alta qualidade, passeios ativos e estrutura de hospedagem acima da média dentro da amazônia brasileira. A localização do Anavilhanas, por si só, já faz com que a experiência seja única e inesquecível. Estamos imersos no coração da floresta amazônica, às margens do rio Negro e em frente ao Parque Nacional de Anavilhanas, um santuário com 3,5 bilhões de metros quadrados de mata preservada. Dos bangalôs ao restaurante, passando pelo nosso bar flutuante, a sensação é sempre a mesma:a de estar, literalmente, dentro da floresta”, destaca a assessoria.
Assim como o Anavilhanas, A Pousada Caboclos House Ecolodge também valoriza a experiência imersiva na Amazônia Brasileira, promovendo roteiros completos para que o hóspede possa ter um misto de contemplação, relaxamento, aventura e imersão cultural. Localizada na Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Rio Negro, nos arredores do Lago do Acajatuba, a pousada é rodeada de igarapés e mata nativa, o que proporciona uma experiência privilegiada.
Entre as atividades oferecidas, podemos destacar um passeio ao lago Acajatuba, vista do pôr do sol no flutuante, trilha pela selva, vista do nascer do sol, relaxamento na praia de rio ou igapós, interação e observação com botos, focagem de jacarés, pesca de piranhas, aula de carimbó, passeio no rio Ariaú e visita à árvores centenárias. Além de visita à casa de farinha, observação noturna do céu, oficina de artesanato indígena e cerâmica, de saboaria artesanal, plantas medicinais, doces amazônicos, canoagem e visita a uma Aldeia indígena.

Marina Lourenço, fundadora da Bemtevi, agência que apoia a Caboclos no desenho de experiência, marketing e vendas, e Horenilde Gomes, proprietária da Pousada, afirmam que a Caboclos é de liderança local, familiar e feminina, destinada a viajantes que querem descobrir a Amazônia por meio da convivência com cidadãos locais. Segundo Marina, a imersão começa no instante em que o viajante entra na canoa ou lancha, é recebido por um canoeiro local e atravessa os igarapés da Amazônia para chegar até a Caboclos.
“Promovemos pacotes completos e imersivos, com transporte terrestre e fluvial desde Manaus, pensão completa e experiências conduzidas por guias locais ao longo de todo o ano - os pacotes de selva. Além deles, em datas pré agendadas realizamos viagens temáticas em grupo, sendo elas a vivência Amazen, a Expedição Amazônia para Aventureiros e a Viagem Gastronômica Tucupi Tacacá. O foco dos nossos roteiros é sempre promover a imersão cultural apresentando a Amazônia por meio do olhar daqueles que vivem nela e são seus verdadeiros guardiões”, comenta Marina.
Como forma de contribuição com a comunidade local, a Caboclos contrata majoritariamente mão de obra local, realizando passeios e atividades que são conduzidos por pessoas da comunidade. Para que cada roteiro aconteça, toda uma cadeia é impactada, sempre movimentando a economia local. Segundo Marina, a precificação dos pacotes contempla não apenas a hospedagem em si, mas os custos de transporte, refeições, passeios e toda a equipe envolvida em cada uma dessas áreas, custos altos referentes a manutenção, uma vez que um hotel de selva é exposto constantemente aos fenômenos da natureza, além dos custos de gestão.
“Após a pandemia, nosso público passou a ser majoritariamente de brasileiros, em torno de 80%. São viajantes que querem se conectar com suas origens, e que viajam com consciência, buscando alternativas de turismo que promova boas práticas e envolva comunidades locais. Nossa casa está aberta para todos e todas. Somos o único hotel de selva a receber o selo Livre de Assédio no Brasil e especialmente as mulheres são muito bem vindas para explorar a Amazônia em um ambiente seguro com uma equipe acolhedora”, destaca Marina.
Ambos hotéis afirmam contribuir para a educação ambiental dos hóspedes, promovendo o conhecimento e a valorização da cultura local. Segundo a equipe do Anavilhanas, é impossível sobreviver sem considerar a sustentabilidade como premissa básica. O hotel acredita no turismo como ferramenta de conservação e tudo e todas as atividades realizadas tem como objetivo manter a floresta em pé, além de valorizar seus povos e saberes.
“A decisão contempla iniciativas mais palpáveis, como o uso eficiente energia, mas imprime um olhar mais amplo, que sempre coloca a comunidade como protagonista. Somos uma empresa B certificada, parte de uma comunidade global que repensa a economia global para beneficiar todas as pessoas e o planeta. Também somos signatários do Pacto Global da Onu. Em 2022, fundamos o Instituto Anavilhanas justamente para organizar e dar voz a todas as iniciativas em prol da comunidade que temos feito desde o início da nossa história, em 2007. Confira o nosso Compromisso com a Floresta, em que listamos cada uma delas”, ressalta a equipe.
Sobre logística, apesar de parecer complexa e o Anavilhanas estar debruçado sobre o rio Negro, não é preciso barco para chegar até o hotel. O trajeto é feito de van por uma estrada asfaltada, e tem duração de cerca de 3 horas. “A situação de 2023 foi certamente gravíssima em muitas regiões e nos mantemos atentos com as necessidades das comunidades de nosso entorno. No Anavilhanas, apesar do nível mais baixo dos rios, seguimos com uma grande extensão de água porque estamos em frente ao canal principal do Rio Negro. É importante lembrar que a Amazônia enche e seca todo ano e, entre setembro e novembro, é normal ver o rio bastante baixo. Por isso, como um lodge imerso na floresta, estamos acostumados a adaptar nossas experiências se necessário”, destaca.
Já para a Pousada Caboclos, a seca extrema de 2023 impactou diretamente o turismo, visto que o acesso é por vias fluviais. Marina compartilha que, tanto a seca extrema quanto a cheia extremas podem interferir na logística. Ela explica que os últimos episódios de seca e cheia extremas a Caboclos precisou fazer adaptações em sua logística, mas sem paralisar a operação.
“Muitos hotéis da região tiveram suas operações suspensas por semanas, devido à inviabilidade de acesso (na seca, não havendo caminho para chegar até a propriedade; na cheia, com a propriedade alagada). No nosso caso, na seca, precisamos realizar uma logística mais longa e custosa, saindo de lancha grande a partir da cidade de Manaus, e trocando de embarcação ao atingir pontos em que o nível do rio era muito baixo. Na cheia, como a Caboclos é inteiramente construída em palafitas, até o momento nenhuma alagação recente foi alta o suficiente para adentrar a propriedade”, conclui Marina.