Iude Richele, fotógrafo brasileiro renomado, fala sobre a humanização do trabalho fotográfico

20/2/24
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Redação Start

Ele será palestrante na Gramado Summit 2024 e, em entrevista, o profissional fala sobre as expectativas para a participação no evento

Foto: @rodaluge | @iude
Foto: @rodaluge | @iude

Por trás de um trabalho autêntico e inovador, o fotógrafo brasileiro renomado, Iude Richele, compartilha um pouco da sua trajetória e como foi adquirindo experiência ao longo dos anos de carreira. Pelas lentes de Iude, é possível captar a essência de eventos fashionistas e a energia das pessoas fotografadas.

Em entrevista para a equipe da redação Start, ele compartilha que o trabalho realizado é uma troca de valorizações, quando o cliente valoriza o seu trabalho, ele valoriza a pessoa que está fotografando. É por esse motivo que Iude aponta que a fotografia se torna uma experiência para ele. Iude será um dos palestrantes da Gramado Summit, que acontecerá entre os dias 10 e 12 de abril de 2024.

Existe algum ensinamento que tu carregas contigo durante todo esse tempo e que tu pode compartilhar com quem está iniciando a carreira na fotografia e que deseja empreender por meio desse serviço?

Analisando todos esses anos que estou no mercado, nos últimos sete anos que tenho estado totalmente focado no mercado da fotografia, eu observo que a inovação fez muita diferença, sempre buscando suportes que fizessem essa diferença para quem presto serviço. Tenho observado há alguns anos, antes mesmo de inovação e imediatismo digital ser um assunto comum nas plataformas, eu já tinha trazido isso para o meu trabalho, por meio do uso de ferramentas que me auxiliaram nesse processo, principalmente para fazer com que tudo acontecesse muito imediato. Isso fez total diferença no meu negócio, no meu empreendimento.

Acredito que a maior tomada de decisão que eu fiz foi tentar mudar o meu trabalho e trazer ele de forma diferenciada dos demais, e para compartilhar com a galera, para quem está iniciando carreira indico o investimento e a construção de uma boa marca pessoal. Desenvolver a identidade visual forte que representa o seu estilo. É muito importante que o fotógrafo tenha a habilidade de produzir um portfólio chamativo e criativo. Além disso, é necessário aprimorar as habilidades técnicas, um ponto que faz toda a diferença no final, e entender o mercado, pesquisar, compreender o que que funciona para você e o que funciona para o mercado geral.

Vale ressaltar que o network também é fundamental, construir essas relações com outros profissionais da área para trocar experiências e conhecimentos, ampliar a rede de clientes em potencial e ter colegas fotógrafos. Participar de eventos, feiras, grupos, tudo que for relacionado à fotografia para conhecimento também é importante. Acho que é válido definir preços realistas, o que pode variar dependendo da região, o tipo de atendimento e qualidade da fotografia. 

Independente disso, destaco que oferecer excelência no atendimento, desde o primeiro contato até o final da entrega do produto, compreender a necessidade e as expectativas desses clientes fazem diferença na entrega final. Trabalhar em cima desses princípios fez total sentido na minha carreira e faz sentido até hoje, porque quando a gente está disposto a aprender com os desafios e os nossos erros no decorrer da nossa caminhada nos fortalece e fortalece nosso trabalho. Acredito que persistência e paciência também são a cereja do bolo.

Sabemos que a fotografia é complexa, pois envolve criatividade, um olhar artístico e um pensamento diferente do tradicional. A partir disso, como tu buscou se diferenciar por meio dos teus registros e se tornar reconhecido pelo teu trabalho?

Acredito que o que mais me fez ser diferente no meu trabalho foi trazer o imediatismo e a qualidade para esse ativo. Direcionar a pessoa, entrar num lado que passa a ser mais humanizado, no sentido de dar atenção pra pessoa, fotografar e dispor a estar presente totalmente naquele momento com as pessoas. Por mais que o momento dure dez segundos, minutos ou horas, é necessário estar disposto a extrair o melhor daquela pessoa e deixá-la à vontade. São fatores que eu levo muito comigo, porque no meu trabalho eu prezo muito por isso e é o que as pessoas falam quando vão fotografar comigo ou quando vão me indicar, muito pelo direcionamento, o cuidado, a atenção total àquele momento. O direcionamento, a estética, a agilidade e a comunicação assertiva com a pessoa são pontos fortes que devem ser levados com profissionalismo.

Como tu avalia o mercado da fotografia no Brasil atualmente? Como tu mostra para o público que o teu trabalho é diferente e, por isso, valorizado?

A fotografia vai muito além do clique, e acho que você pode trazer isso para um lugar onde as pessoas realmente se observem. A foto faz toda a diferença no seu dia, na sua autoestima, na sua vivência. É o cenário que vejo hoje, mais humanizado, mostrando para as pessoas que elas não precisam de retoques, que elas não precisam ficar se editando. Quando eu trago uma luz bonita, quando eu deixo a pessoa confortável e o que eu mostro pro meu público que o meu trabalho é diferente.

É gratificante ver que meus clientes se sentem mais à vontade, se sentem mais bonitos e querem sempre fazer uma foto comigo. Até às vezes quando eu não estou trabalhando e alguém me vê em algum evento, as pessoas querem uma foto minha. Isso é muito gratificante, a pessoa te valoriza, porque o que eu faço é exatamente isso. Eu valorizo as pessoas que fotografo, faço com que o meu cliente tenha uma experiência muito boa comigo, e não só essa experiência, eu faço ela se olhar e se gostar. Eu acho que isso é fator de grande importância, a pessoa se olhar e ela se gostar.

Consegue compartilhar sobre como tu iniciou a tua carreira profissional? Além da carreira, quais habilidades foram necessárias para que tu chegasse aonde está agora? Qual a tua expectativa com relação ao futuro da tua carreira e das ações que tu defende?

Eu fui morar em Paris com 18 anos e lá me formei em Gastronomia, mas sempre fui muito ativo para as artes. Arte é uma coisa que sempre me moveu e move a fotografia também. Porém, eu não tinha referências na fotografia e eu nem tinha referências de alguém para admirar e me inspirar para levar isso como uma profissão. Eu não tinha essa experiência, as minhas experiências foram outras e eu voltei a morar em São Paulo, eu fazia fotos de comida, das comidas que eu fazia e por obra do destino conheci uma pessoa, o Eraldo, que é grande amigo meu. Nesse momento ele me perguntou se eu fazia fotos e eu disse que sim, e ele me convidou pra fazer São Paulo Fashion Week. 

Inicialmente eu não fazia ideia do que era esse evento, até porque era totalmente fora da minha realidade, e fui fazer. Lembro que eu tinha um cabo para passar fotos e ninguém mais tinha esse cabo. Nesse momento eu tinha um grande diferencial, eu fazia uma boa foto e passava na hora. E as pessoas ficaram admiradas e começaram a passar para as outras pessoas essa informação. Eu sempre estava caracterizado com um boné preto e uma roupa toda preta, e assim como eu fico até hoje. A partir disso, as pessoas passaram a me reconhecer e foi o momento em que eu fui entendendo a profissão e fui buscando melhorar, aperfeiçoar o que eu sabia fazer e aperfeiçoar as minhas habilidades.

Ter senso crítico estético é importantíssimo, ter a capacidade de olhar uma fotografia e analisar se está de fato boa ou se pode melhorar. É porque no fim você tem que entregar excelência no que você faz e eu busco sempre encontrar excelência no que eu faço. A minha expectativa em relação ao futuro da minha carreira é que eu cresça e possa ser referência para outros profissionais da área. Defendo a fotografia como algo que faz parte do nosso dia a dia, da nossa vivência e acho que cada vez mais a gente mostra a realidade do que a gente está vivendo, sem filtros, sem edições. Acho que isso é muito importante, levar para o nosso dia, para a nossa vida, a fotografia mais humanizada.

Sobre a tua participação na Gramado Summit 2024, o que tu espera passar para o público que te assistir?

Em primeiro lugar, estou muito animado, porque eu acho que quando você se conecta com pessoas, faz toda a diferença. Acho que em todo trabalho você deve sim ter parte técnica, saber muita técnica do que você faz. Você ser técnico é importante, mas por outro lado eu prezo muito pela humanização do meu trabalho. Quando você entende isso e você começa a colocar isso em prática, você percebe o quão diferente as pessoas te observam, o quão diferente as pessoas desejam o teu trabalho. O seu trabalho entra no sentido emocional, acolhedor das coisas, e eu espero passar essa experiência. 

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