O que o acidente dos Andes nos ensina sobre tomada de decisão
Avião que caiu na Cordilheira dos Andes na década de 70 teve 16 sobreviventes que nos ensinam sobre escolhas
No dia 13 de outubro de 1972, o time de rugby do Uruguai estava a caminho de Santiago do Chile quando a aeronave em que estavam caiu na Cordilheira dos Andes. Deste grave acidente, sobreviveram 16 pessoas, que ficaram 72 dias em condições de frio extremo, fome e sede.
A história dos sobreviventes inspirou documentários e filmes, que narram as dificuldades enfrentadas, as incertezas e as improbabilidades de sobrevivência. Mas o que me motiva a escrever este artigo de hoje não são os detalhes e os milagres que giram em torno do episódio. O que me leva a refletir ainda mais sobre o acontecido são o espírito de sobrevivência, a motivação e, principalmente, o poder de tomada de decisões.
Dos 45 passageiros a bordo, apenas 16 sobreviveram. E o que essas pessoas nos ensinam? Para sobreviver em situações de extrema incerteza, é preciso uma determinação absurda e racional, o que implica em deixar de lado emoções, sentimentos e crenças.
Nando Parrado, um dos sobreviventes, comenta justamente sobre as decisões que foram tomadas e como elas foram responsáveis por salvar vidas.
“Eu já falei com presidentes de muitos países, com CEOs das maiores empresas do mundo, com políticos e esportistas. Mas a melhor decisão que vi na vida foi a de Marcelo [um dos sobreviventes]. Ele disse: ‘são 17h30. Até que as equipes de resgate consigam se preparar e mandar helicópteros, serão mais de 22h. E não se pode voar de helicóptero à noite em meio às montanhas. Então nós só seremos resgatados amanhã. A temperatura à noite chega a -25/-30 graus. Combinada com este vento, nós vamos congelar antes do amanhecer”, lembra-se Parrado.
O papel da liderança se destaca também no episódio. Foi necessário criar estratégias de racionamento de comida, de manutenção de calor e temperaturas, de expedição e plano de fuga, entre tantas outras.
Perceberam que a expedição seria mais complexa do que imaginavam e decidiram que um deles voltaria ao acampamento na fuselagem do avião – assim os outros dois teriam mais comida e agilidade para continuar a caminhada. Professores das melhores universidades do mundo, entre elas Harvard, disseram que a rápida decisão de mandar um dos expedicionários de volta, tomada em uma situação de extremo desgaste físico e emocional, foi fundamental para a sobrevivência de todos. "Essa decisão salvou nossa vida” - trecho da reportagem publicada pelo Infomoney.
A capacidade de avaliar rapidamente as opções disponíveis, considerar as consequências e agir com determinação possivelmente foram alguns dos fatores que garantiram a sobrevivência de 16 pessoas.
E, para o mundo corporativo, resguardando as proporções do acontecimento, podemos pensar em como esses mesmos valores são potenciais para serem aplicados no cotidiano. A tomada de decisão e a presença de líderes com visão de longo prazo são fundamentais em momentos de crise.