Quando é a hora certa de buscar investimentos?

29/5/23
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Publicado por 
Redação Start

Investidores contam como a startup deve se comportar para buscar investimentos

Foto: Unsplash
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Ao longo dos anos, o mercado passou por uma série de mudanças, tanto na forma como fazer negócio, quanto nas perspectivas por parte dos empresários e investidores. Quando se trata de startups, as mudanças foram ainda maiores, tendo consequências positivas e negativas. O aporte financeiro é uma necessidade para muitos negócios e, para captá-lo, é preciso seguir alguns princípios em que os investidores avaliam o negócio com potencial de crescimento e rentabilidade expressiva após a captação do investimento.

Entre os tipos de investidores podemos destacar cinco principais perfis, como família e amigos, investidores-anjo, aceleradoras, seed capital e venture capital. Cada tipo de investidor possui suas características, que podem ser analisadas pelo empreendedor na hora de buscar o que se encaixa com o seu perfil de negócio e com os objetivos da startup. 

É importante entender que a busca por investimentos não deve acontecer quando há um problema de gestão financeira dentro da empresa. Muitas empresas levam questões financeiras com irresponsabilidade e acabam misturando o dinheiro da pessoa física com o dinheiro da pessoa jurídica, causando uma desorganização no caixa da empresa. Essa desorganização pode cair em um ciclo vicioso em que o empreendedor acaba sempre em busca de investidores, mitigando as ações da empresa em troca de aporte para não quebrar o negócio.

Para buscar investimentos é necessário que o empreendedor tenha um planejamento. Realizar uma análise profunda de questões tributárias, fiscais e contábeis da empresa para, assim, deixar em evidência aspectos que mostrem ou não a necessidade do aporte de capital. É preciso também que o negócio seja avaliado para ver se o necessário é a aceleração ou o investimento, a negociação de custos e prazos, bem como a definição de prazos para apresentar resultados após o investimento.

Para a equipe da WOW Aceleradora, aceleradora que vai muito além do investimento financeiro e acredita no poder das conexões, networking e capital intelectual, afirma que existem vários fatores a serem considerados antes de um possível investimento. O potencial de crescimento da startup não define se o negócio receberá ou não investimento. A WOW leva em consideração vários fatores no processo de seleção, como a equipe, o mercado e o modelo de negócio. 

Dentre eles, existem aspectos que podem ser vistos positivamente ou negativamente pelo investidor. A equipe da WOW explica que o empreendedor deve ser claro com o investidor quanto às suas qualidades, desafios, dúvidas e certezas, de forma que o investidor tenha informações suficientes durante o processo de análise e possível investimento. 

Para que o empreendedor consiga passar as informações por meio do pitch para o investidor, é necessário que ele defina e apresente os problemas do negócio, a solução, o mercado, o modelo de negócio, a concorrência, os diferenciais e um time consolidado. Outro quesito avaliado mas que não define completamente o possível investimento é a performance do apresentador, de forma que o negócio seja apresentado com clareza e segurança.

Entre as falhas mais recorrentes notadas por investidores durante as fases de captação, a WOW destaca algumas:

“Precisar de investimento para manter a operação e a urgência obrigar a escolher apenas pelo investimento em si, não pelo apoio e alinhamento estratégico com o investidor. Buscar recursos para crescer, mas ainda não tem premissas mínimas de como investir para crescer. Falta de foco, achar que ter várias frentes de atuação é uma vantagem enquanto muitas vezes apenas demonstra não saber onde focar”, explica André Ghignatti, CEO da WOW Aceleradora.

Nos últimos seis meses, a aceleradora conta que o mercado apresentou um comportamento de impacto diante de adversidades de grandes empresas, como o caso da Americanas e a queda do Sillicon Valley Bank. Mas que, mesmo em uma instabilidade por parte das big techs, não impactou diretamente no trabalho da WOW, visto que a aceleradora trabalha com startups em early stage. A equipe caracteriza o mercado como superaquecido e positivo, com muitas startups e times de qualidade.

“No último Batch selecionamos sete excelentes startups para compor o nosso portfólio, e estamos com as inscrições do processo seletivo do Batch #25 abertas”, afirma André. Quando o assunto é segmentos de startups, a WOW acredita que diante a uma rede de mais de 300 investidores inseridos em diferentes setores da economia, é possível acessar conexões valiosas em vários segmentos, entregando smart money em quase todos os setores da economia.

André conta que o ecossistema brasileiro de startups tem evoluído e amadurecido, e que os empreendedores se destacam como cada vez mais capacitados e preparados para o mercado.

“Rodamos três batches por ano e temos recebido excelentes startups. Quanto a principais falhas, no nosso caso que bem early stage, geralmente passa por equipe (por exemplo, empreendedor solo) ou muito foco em buscar dinheiro do investidor e pouco foco em buscar clientes”, comenta André.

Do ponto de vista da Ventiur Smart Capital, existem alguns fatores de importância analisados pelo investidor antes de viabilizar um possível investimento, entre eles se o problema é algo real, o tamanho do mercado e o time de empreendedores. Outro detalhe apontado é o produto, os concorrentes e informações que podem indicar o crescimento do negócio nos últimos meses.

É importante que o empreendedor consiga informar com clareza e segurança se a solução é viável e está robusta o suficiente para crescimento, além de entender as métricas da startup. Guilherme Kudies, diretor de startups e sócio da Ventiur Smart Capital, explica que é necessário a análise do LTV e CAC, indicadores que conseguem evidenciar o custo de aquisição de clientes e qual o retorno de investimento, para que o investidor entenda a tração da startup. 

Guilherme compartilha que muitos empreendedores têm buscado rodadas de investimentos que não se encaixam com a maturidade da startup, como por exemplo, uma startup em estágio inicial buscando valores muito elevados de investimento. Seguindo o processo de Fundraising, é importante que a startup acompanhe rodadas de investimentos subindo degraus conforme a evolução do negócio. 

Ele exemplifica da seguinte forma: se a startup possui um faturamento de R$5 mil reais, é importante que o empreendedor busque investimentos iniciais, de amigos ou familiares. Caso a startup tenha um faturamento em torno de R$20 mil, talvez consiga captar um pré-seed ou por meio de investidores-anjo. Já uma startup que fatura entre R$100 ou 200 mil, talvez consiga alcançar investimento Seed. E, por fim, uma startup com uma média de R$500 mil reais de faturamento mensal é possível captar um investimento muito maior.

Em comparação ao ano de 2022, Guilherme explica que a análise para grandes investimentos tem se tornado cada vez mais criteriosa, devido à grande quantidade de notícias de escassez de recursos no mercado. Mas os investimentos em startups em estágio inicial continuam na mesma proporção que o ano anterior. O especialista acredita que, geralmente, as startups que se caracterizam com maior rentabilidade são as fintechs e Retail Techs, por estarem diretamente ligadas ao potencial de escalabilidade.

“Existe uma facilidade no faturamento na retenção de recursos nas fintechs, assim, é possível ter um faturamento expressivo por lidarem diretamente com dinheiro. Retail é outro segmento que tem um rápido retorno e um crescimento expressivo historicamente, mas tem sofrido um pouco devido ao aumento da taxa de juros e inflação. O consumidor está menos capitalizado, mais receoso e não está gastando tanto, o que tem causado uma desaceleração. A indústria também não tem investido tanto em tecnologia e inovação, por exemplo, exceto tecnologias como inteligência artificial”, comenta Guilherme.

No geral, o especialista afirma que o mercado está propício para novos empreendedores, e que ano após ano as startups têm se mostrado mais maduras. Mas é necessário que o empreendedor busque conhecimento e se prepare para o mercado. 

“Tem um volume muito grande e expressivo de startups ruins, mas tem mais boas startups do que há alguns anos, principalmente agora com o período de um volume menor de investimentos”, finaliza.

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