Reciclagem é foco de negócios sustentáveis

25/5/23
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Publicado por 
Redação Start

Conheça empresas que têm mudado o cenário contribuindo com o futuro das próximas gerações

Foto: Unsplash
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O descarte desenfreado de resíduos poluentes no meio ambiente é uma realidade que atinge diversos países espalhados por todo o mundo. Cada pessoa produz em média 1kg de lixo diariamente, contabilizando cerca de 240 mil toneladas por dia no Brasil. Conforme explica uma matéria publicada pelo Instituto de Logística Reversa, entre 1982 e 2012, essa quantidade de lixo gerada por indivíduo dobrou, o que impulsiona o pensamento crítico a respeito do descarte correto e da conscientização acerca de temas como a reciclagem.

Dados mais recentes do Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil 2020 mostram que, entre 2010 e 2019, o número de resíduos gerados subiu de 66,69 milhões de toneladas para 79,06 milhões de toneladas descartadas, representando um aumento de 18,6%. Os dados mostram também que apenas 1,3% de todos os resíduos foram reciclados em todo o território nacional, um número alarmante que demonstra a importância de iniciativas públicas e privadas destinadas ao descarte correto de lixo.

Partindo dessa premissa, muitas empresas têm investido em serviços terceirizados para se alinhar com as ações de sustentabilidade. A equipe da Redação Start conversou com três diferentes empresas que buscam unir a tecnologia com o objetivo de reduzir a produção de lixo e descartar corretamente cada resíduo produzido. Esse é o caso da Sygecom, empresa que apostou no mercado mesmo quando o segmento era desconhecido ou desvalorizado por boa parte da população e pelo mercado em geral. 

A Sygecom surgiu há 17 anos, quando o fundador Valdnei Machado decidiu informatizar e profissionalizar o setor de reciclagem, para trazer mais organização, eficiência e produtividade. O negócio atua mais especificamente no mercado de resíduos sólidos e tem evoluído significativamente em parceria com empresas do comércio de sucatas e empresas geradoras de resíduos. Além disso, a empresa gera empregos para catadores, que ainda sofrem com preconceito diante de uma sociedade que não reconhece o valor das suas atividades.

Priscilla Machado, CMO da Sygecom, fala sobre a importância dos resíduos para a cadeia produtiva e o quanto eles podem ser valiosos para a indústria, que vai além da preservação do meio ambiente.. Ela conta ainda que o fundador, Valdnei, foi um grande entusiasta deste mercado, propondo soluções tecnológicas para alavancar negócios por todo o Brasil. 

A Sygecom oferece um sistema de gestão que auxilia na eficiência e dinâmica de rotas, coletando e desenvolvendo resíduos para o ciclo correto. A startup também orienta a população indicando pontos de coleta, aborda informações sobre a comercialização de créditos de reciclagem e auxilia indústrias a gerenciarem os resíduos em toda a cadeia produtiva. Outro quesito importante é o fomento de questões sociais junto aos catadores e comunidades carentes.

“O mercado está aquecido e em cena, seja pelas exigências internacionais de ESG que exige o comprometimento de grandes corporações no quesito sustentabilidade, assim como na necessidade inadiável de soluções que preservem o meio ambiente para o futuro das próximas gerações. Nem sempre as políticas públicas acompanham esta evolução, mas hoje conseguimos perceber discussões enriquecedoras para esta evolução, o que traz resultados positivos para todos. Reconhecer essas necessidades e agentes da reciclagem é um grande passo para tornar este mercado mais eficiente e pouparmos o meio ambiente”, comenta Patrícia.

Ela conta ainda que a startup atua gerando uma série de benefícios para quem adquire os serviços, entre eles organização, inclusão social, dados e informações, tornando os negócios mais eficientes e sustentáveis. “Há um mercado muito grande para ser explorado com muito potencial, mas é importante tirar do papel a Política Nacional de Resíduos, que é imprescindível para que possamos continuar evoluindo em maior velocidade”, finaliza Patrícia.

Outro negócio que investe na reciclagem é a startup Meu Resíduo, que atua no mercado desde 2015, quando os fundadores foram procurados por uma empresa que fazia coleta de resíduos e que buscava por iniciativas que pudessem automatizar o processo operacional de empresas. Inicialmente a startup atuava como desenvolvedora de software, mas viu uma oportunidade de se inserir em um mercado ainda pouco explorado, mas que apresentava um enorme potencial de crescimento. 

A partir disso, a Meu Resíduo passou a investir no negócio promovendo uma solução de gestão de dados para a cadeia de resíduos. Para Fábio Tusset, CEO da Meu Resíduo, o mercado vem apresentando um crescimento significativo e se consolidando como um dos fortes pilares da sustentabilidade das empresas.

“Nossa empresa oferece a solução de software para a cadeia de resíduos, em que podemos efetuar os controles desde quando o resíduo é criado em um planta industrial, por exemplo, passando pela coleta e chegando até um destino final. O resíduo pode ser reciclado, reutilizado e transformado em subproduto para outro processo, ou até mesmo ter seu ciclo encerrado. Em alguns casos, o resíduo pode ser destinado para uso em geração de energia e/ou para aterro em alguns casos”, comenta Fábio.
Foto: Divulgação

Ele conta que o mercado no Brasil passa por um amadurecimento. Fábio explica que as empresas geradoras de resíduos buscam estar mais engajadas com as questões ESG para se tornarem protagonistas de uma destinação correta, tanto de resíduos pós-industriais como também em resíduos pós-consumo. A Meu Resíduo atua também com programas de logística reversa de embalagens. Fábio conta que há uma forte legislação presente no país para regular o setor, mas que sem fiscalização, não há garantia de cumprimento da lei.

“Empresas que utilizam nossa plataforma possuem um controle muito apurado de todas as informações referentes aos resíduos gerados em suas operações. A plataforma oferece um sistema de rastreabilidade total do resíduo até chegar ao seu destino final, com informações financeiras, operacionais e gerenciais de todo o ciclo”, diz Fábio.

Com uma proposta semelhante e complementar, a startup Ciclo trabalha ativamente para gerar um impacto positivo ao meio ambiente, por meio de pontos de coleta que incentivam a reciclagem transformando seus resíduos em dinheiro. O Ciclo é um negócio sustentável de economia circular que promove o descarte consciente de resíduos recicláveis, com pontos de coleta estratégicos localizados em regiões de grande movimentação em Porto Alegre e cidades da região metropolitana do Rio Grande do Sul.

O Ciclo oferece uma plataforma que pode ser encontrada na loja de aplicativos de qualquer smartphone. Ao baixar o aplicativo, o usuário pode fazer o cadastro, em que recebe uma conta do Ciclo para começar a acumular créditos em dinheiro. Os pontos são acumulados conforme são depositados seus reciclados nos pontos de coleta. Os créditos são transformados em dinheiro e transferidos para a conta bancária do usuário.

Entre os resíduos recicláveis que podem ser deixados nos pontos de coleta estão papéis, papelões, plásticos, garrafas pet ou latas de alumínio (separados, limpos e secos) que devem ser levados até a unidade mais próxima. O material é recolhido, pesado e valorizado conforme o preço praticado no mercado. O usuário pode receber os créditos na conta do Ciclo em até 24 horas úteis após a sua entrega. O aplicativo permite o controle de entradas e saídas financeiras no menu Carteira, onde o usuário pode visualizar o extrato, realizar transferências do seu saldo para a conta bancária e utilizar os créditos como quiser.

Foto: Arquivo pessoal

Além dos ganhos financeiros, o usuário tende a ganhar um benefício muito maior que não é palpável, mas sentido pela geração atual e pelas próximas gerações. Por meio do Ciclo, cada contribuinte tem a chance de tornar o seu bairro ou cidade ainda mais limpo e próspero, com uma atitude de responsabilidade com o meio ambiente. Toda a logística de coleta do material é realizada pelo Grupo Recicla que, em uma parceria, também atua na destinação final dos resíduos.

Jonas Cardoso, sócio-fundador da startup, conta que a política da Ciclo é com foco no aterro zero em todas as operações e atendimentos, e que o mercado de reciclagem tem ganhado cada vez mais espaço e relevância no contexto empresarial e político. Ele explica que as políticas públicas de incentivo à reciclagem tendem a crescer, principalmente pelo fato de ter empresas que buscam esses serviços e pagam por eles. Essa proposta vai de encontro com o trabalho do Ciclo, remunerando cada cliente como incentivo à reciclagem.

“Outras políticas como o ICMS verde, dedução no IRPF e IRPJ de comprovações feitas ao setor da reciclagem, abertura de toda a cadeira para a participação da comercialização de créditos de reciclagem (logística reversa) ainda são pontos que os órgãos governamentais devem trabalhar para contribuir de forma mais efetiva com o setor”, comenta Jonas.

Para empresas, o Ciclo opera por meio de contratos e parcerias que podem ser revertidos em diversos benefícios para as empresas. Entre eles, a divulgação positiva na mídia, uma oferta de serviços diferenciados de reciclagem e cashback, indicadores para relatórios ESG e exposição direta nas unidades Ciclo e nos conteúdos digitais. 

“Papéis, papelões, plásticos, garrafas pet e latas de alumínio se transformam em compras no supermercado, dinheiro na sua conta bancária ou doações para entidades beneficentes. É por meio do descarte consciente que cada resíduo terá um ciclo de vida completo, gerando assim um impacto positivo na construção de um mundo mais sustentável”, finaliza Jonas.

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