Região Sul se destaca como a segunda maior produtora de malhas do Brasil

11/5/23
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Publicado por 
Redação Start

O Estado totaliza 29% da produção brasileira de malhas e vem buscando espaço em meio a competitividade do mercado nacional

Foto: Unsplash
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A indústria têxtil vem produzindo impactos e movimenta a economia global. Dentro desse cenário, o Brasil se coloca como o quarto país no ranking de produção de vestuário. Os dados que mostram essa posição fazem parte de um estudo levantado pela GOTEX, Feira Internacional de Produtos Têxteis. O Brasil é responsável pela confecção de 6,7 bilhões de peças, o que representa 2,40% da produção mundial Têxtil e 2,60% da produção de vestuário.

Esse mercado é ascendente principalmente nas regiões sul, sudeste e nordeste. A Região Sul possui um total de 29% da produção total do Brasil, ficando atrás apenas da região sudeste com 49% de produção. Desses 29%, 17,1% estão concentrados em Santa Catarina, 8,8% no Paraná e apenas 3,2% no Rio Grande do Sul. Mesmo sendo um dos menores produtores da região sul, são muitas as empresas que focam na produção de têxtil. O mercado se concentra mais precisamente na região da Serra Gaúcha, expondo sua força na produção de malhas de tricot e vestuário de outono e inverno.

Os municípios da Serra têm o viés empreendedor há décadas, principalmente quando falamos em produção moveleira e  de bebidas como vinho e cerveja, e é claro, no mercado de malhas e tricot. Esse é o caso da cidade de Nova Petrópolis, sede dos dois maiores festivais de malhas e tricot da região, como o Festimalha e o Tricofest. O Festimalha acontecia há cerca de 33, mas oficialmente não ocorre desde 2019. Ambas as feiras carregam a malha de tricot como o principal produto a ser comercializado e exposto.

Outra feira que reúne grandes empresas de tricot da região é a Tricofest, que em sua segunda edição receberá mais de 50 expositores. Entre eles, 25 malharias de produção local, e um comércio variado focando principalmente na chegada do inverno na região. O festival acontecerá entre os dias 12 de maio a 18 de junho, em Nova Petrópolis, e entre os dias 7 e 30 de julho no município vizinho, Picada Café.

A Tricofest surgiu de um movimento de malharias por meio da Associação de Malharias de Nova Petrópolis e Picada Café, em 2020 e a primeira edição da Tricofest em 2022. Para Márcio André Kny, coordenador-geral da Tricofest e presidente da Associação de Malharias de Nova Petrópolis de Picada Café, um evento como esse é de suma importância por estarmos em um forte polo de produção da indústria têxtil.

Ele afirma que as feiras reforçam a relevância, que vai além da movimentação da cadeia econômica. A feira busca fomentar a economia local trazendo para as cidades de Nova Petrópolis e de Picada Café, um público propenso a consumir produtos de outros segmentos, desde  a gastronomia até os produtos artesanais.

Foto: Marco Dieder
“Considero que aqui na nossa região nosso volume de produção individual não seja tão alto, mas há, no entanto, um foco na venda direta ao consumidor final. Esse consumidor terá um produto de qualidade e diferenciado. Há uma busca constante por tricots originais alinhados à questões de design modernos. Nosso enfoque é o varejo", comenta Márcio.

O mercado é amplo e se estende por toda a região, contemplando também a cidade de Gramado, que abriga aproximadamente 15 fábricas de malhas. A partir das fábricas, a cidade possui cerca de 30 lojas que vendem exclusivamente malhas, segundo dados do Sindicato dos Lojistas da Região das Hortênsias - Sindilojas. Entre elas, a Lu-roe, malharia presente na cidade desde 1989, ano em que a a empreendedora Elenara e o marido Rosnei compraram uma máquina de tecer. 

Por um curto período, a produção do casal era apenas para peças pessoais e para a família. Com o tempo, a produção se estendeu a um negócio lucrativo quando a dupla notou uma oportunidade de aumentar a renda familiar. Com persistência e a vontade de crescer, a máquina de tecer manual e de quatro rocas de fio se tornou a principal fonte de renda da família com a criação da marca Lu-roe Malhas e Confecções Caetana’s - Gramado, se destacando como uma das malharias mais antigas de Gramado.

Foto: Arquivo pessoal

Elenara explica que o melhor momento para as vendas de peças de tricot é no período de outono e inverno, mas que mesmo nas estações mais quentes, a empresa busca se diversificar com propostas que atendam o público e vendam durante o ano todo.

“Quando eu tinha 17 anos, uma senhora me convidou para aprender a fazer malha e eu aceitei. Aprendi com muita facilidade. A partir disso, surgiu uma paixão que dura até hoje. Sempre digo que eu não trabalho, faço o que gosto, é a minha maior paixão produzir peças”, comenta Elenara.

Outra tradicional empresa na produção de malhas de tricot em Gramado, é a Tomasini Tricot, uma marca  familiar fundada em 18 de dezembro de 1988. Maria Helena Tomasini Heckel, sócia e proprietária da empresa, conta que na época, o produto estava com forte ascensão na região, com potencial significativo para impactar tanto a renda familiar, quanto a economia da cidade. 

Foto: Divulgação - Tomasini Tricot

Maria Helena explica que o produto da Tomasini preza  pela alta qualidade em todos os processos de fabricação das peças, até a chegada nas prateleiras das lojas. Ela afirma ainda que as peças de tricot hoje já não são mais exclusivas para uso nas estações mais frias, e que é preciso se diversificar sempre para adaptar peças de uso no verão, utilizando fibras  mais naturais, chamadas de fibras inteligentes que se adaptam ao clima mais quente.

Ambas empresas gramadenses contam que o mercado de malhas precisou se adaptar também para dividir os espaços com as produções de Minas Gerais, outro forte polo de fabricação desses produtos, e as peças importadas da China também causaram impacto para as vendas. Outro quesito apontado pelas comerciantes são os altos aluguéis na cidade e a falta de espaços para a divulgação em Gramado.

Apesar das dificuldades que fogem das competências dos lojistas, as comerciantes afirmam que o mercado ainda é vasto  e possui um grande potencial para crescer ainda mais, mas é necessário o apoio de políticas públicas que fomentem o mercado com a presença de feiras e eventos do nicho.

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