“Ser anão é só um detalhe”: Mateus Baptistella fala sobre a importância da conquista de espaços no mercado digital

31/3/23
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Publicado por 
Redação Start

O influenciador estará presente na Gramado Summit e fará palestra no Palco Share

Foto: Instagram: @vireiadulto - Mateus Baptistella
Foto: Instagram: @vireiadulto - Mateus Baptistella

Para falar sobre representatividade e a importância da presença em espaços no mercado digital, o influenciador Mateus Baptistella fala abertamente sobre o processo de auto aceitação. Mateus é formado em Economia e atua como influenciador digital por meio do Instagram @vireiadulto, onde compartilha coisas da sua rotina morando sozinho. O influenciador busca desmistificar crenças capacitistas e fazer com que as pessoas acreditem mais em si mesmas, tendo como inspiração a rotina do próprio Mateus.

Mateus Baptistella estará presente na Gramado Summit 2023 e fará uma palestra no Palco Share, contando um pouco da sua trajetória como influenciador. Confira a entrevista exclusiva para a Redação Start.

1- Como surgiu a ideia de começar a falar sobre a rotina de uma pessoa anã de forma descontraída? 

Eu sempre assisti programas de televisão e sempre observava algo que me deixava triste, porque as pessoas com nanismo eram taxadas com vexame. Uma pessoa com nanismo tinha que apanhar para ser engraçada, tinha que passar por situações vexatórias para que outras pessoas rissem dela. Eu queria mostrar humor e fazer conteúdos engraçados de uma forma que as pessoas me respeitassem.

2- De que forma tu busca inspirar e conscientizar as pessoas nas tuas redes sociais? Como tu observa a importância da tua presença na internet falando sobre o assunto, impulsionando a questão da representatividade?

A minha forma de inspirar as pessoas é mostrar que elas podem ser o que elas quiserem, sabe? Eu tenho 1,40m mas eu posso fazer as coisas que uma pessoa de 2 metros faz. Eu posso cozinhar, posso ser engraçado, posso realizar sonhos, posso morar sozinho e fazer outras milhares de coisas. Então, o meu propósito é sempre mostrar para as pessoas que elas podem realizar os sonhos delas, que elas podem ir atrás da oportunidade. 

Acredito que a minha presença tem uma importância essencial porque quando as pessoas olham pra mim e me veem realizando sonhos, cozinhando, fazendo as coisas que eu amo, elas podem me ver como inspiração. Outra curiosidade nisso é que eu sempre busco fazer meus vídeos sorrindo, para mostrar às pessoas que elas também podem. Sorrir é uma forma de mostrar pra elas que: "você também consegue”, não só cozinhar mas qualquer coisa que ela tentar ela vai conseguir. 

3- Qual sentimento e qualidade tu poderia escolher para definir a importância da tua presença nas redes sociais? 

O sentimento é felicidade, de poder inspirar outras pessoas a serem o que quiserem, que não precisam ter vergonha daquilo que elas são. Temos que nos amar do jeito que somos. Cada característica do nosso corpo não nos faz menor que ninguém. A cor do cabelo, o tamanho, a altura, o peso, tudo isso são só características, e características não nos definem por completo. O que nos define é o nosso caráter, o que carregamos no nosso coração.

4- Como foi o teu processo de auto aceitação e quais ações ou pessoas foram fundamentais pra ti nesse processo? 

O processo de aceitação é difícil. Eu vim de uma cidade do interior, onde tinham 20 mil habitantes, e eu era a única pessoa com nanismo. Eu lembro que andava na rua, e as pessoas queriam até me tocar pra ver se eu era de verdade. Tem uma pessoa muito essencial na minha aceitação que foi a minha mãe, ela nunca me tratou como vítima, ela sempre me tratou com capacidade daquilo que eu queria fazer. Ela nunca deixou meu tamanho definir minhas atitudes ou os meus sonhos, ela sempre falou "você é capaz”, então a minha mãe teve um papel muito importante na minha vida.

5- Sobre o Virei Adulto, como surgiu e que motivos te levaram a criar essa iniciativa? Qual o propósito do Virei Adulto?

O Virei Adulto surgiu quando eu fui morar sozinho. Eu criei o blog e lá eu compartilhava situações do dia a dia, tudo que eu aprendia eu colocava no blog. Quando eu fui morar só, eu não sabia nada, então eu buscava compartilhar dicas sobre fazer um arroz ou dicas de como limpar a casa. Depois, quando o Instagram começou a se popularizar, comecei a criar conteúdo com o propósito de mostrar para as pessoas que nenhuma característica pode limitar os nossos sonhos, como o meu sonho de ir morar sozinho.

6- O que tu espera da tua participação na Gramado Summit 2023? De que forma tu espera impactar as pessoas?

Eu estou muito animado de participar, será minha primeira vez no evento e eu quero impactar as pessoas de uma forma positiva, de uma forma que elas possam ter um olhar diferente sobre a vida. Eu quero falar sobre aceitação, sobre a importância da aceitação, para as pessoas se aceitarem do jeito que elas são. É muito fácil a gente falar “Eu me amo do jeito que eu sou”, mas e na prática? Então eu quero mostrar para elas que as nossas características são únicas e só nos respeitando e nos amando que os outros vão nos respeitar e nos amar.

7- De que forma a Gaiah te ajudou durante a tua jornada no ambiente digital? Como tu observa a importância de uma agência com foco em diversidade e inclusão para o mercado publicitário?

A Gaiah mudou a minha vida e tem um papel fundamental para mostrar para as marcas o quão importante é ter inclusão e diversidade em campanhas, mostrar a pluralidade. A Gaiah funciona como um posicionamento. Quando eu recebo uma proposta de trabalho, a agência analisa se realmente faz sentido com meu conteúdo, se é uma marca que realmente respeita pessoas com deficiência ou se é uma marca que só faz campanhas no mês alusivo às pessoas com deficiência. 

Ela funciona como a minha base para decidir o que é melhor para minha imagem. Ter uma agência com foco em pessoas PCDS, LGBTQUIA+ e minorias é importante para ocupar espaços, como na internet, na televisão ou em revistas. A gente precisa mostrar para as pessoas que nós existimos e que as pessoas possam nos respeitar cada vez mais. Vai chegar uma hora que terão tantas pessoas com deficiência em espaços de destaque que já não vai ser um choque.

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