Instituições sociais: importância em momentos de fragilidade

25/7/24
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Publicado por 
Redação Start

Com base nos últimos acontecimentos climáticos no Rio Grande do Sul, instituições sociais contam como têm colaborado com as famílias e regiões afetadas

Foto: Divulgação
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Há cerca de dois meses, as cidades gaúchas amanheciam e anoiteciam debaixo de água, lama e tristeza, após serem atingidas por uma das maiores catástrofes climáticas já registradas no Brasil. O cenário de caos foi instaurado fazendo com que milhares de pessoas tivessem que abandonar as suas casas e encarar a vida dentro de abrigos disponibilizados pelas instituições públicas e privadas. Foram cerca de 471 cidades atingidas, 170 pessoas mortas e mais de 600 mil pessoas desabrigadas e desalojadas nesse período.

O estado viveu e vive uma situação de instabilidade em busca da recuperação para retomar a vida normal. Nesse momento, ações de solidariedade tiveram seu valor, tanto durante o caos, como agora, após o recuo dos rios e águas que invadiram as cidades. Muitas vezes, instituições de apoio social não recebem seu devido valor e lutam frequentemente por verba privada e pública para manter suas atividades e, como consequência, trazer um impacto positivo para as comunidades e pessoas que vivem nelas. 

Foi pensando nisso que a equipe da redação Start conversou com Nina Cardoso, CEO do Instituto Ascendendo Mentes, e com Vinicius da Silva Alves, presidente da AESPE, que têm atuado na linha de frente para apoiar as famílias atingidas.

Nina destaca que além de atividades regulares do Instituto, a equipe também atua como a Regional Sul da Rede Gerando Falcões, o que os colocou em uma posição estratégica para atuar em todo o Estado durante essa crise. Para garantir uma resposta eficiente e abrangente, ela aponta que foram eleitos líderes focais distribuídos em diversas regiões, incluindo o Vale do Taquari, Vale do Rio Pardo, Região Central e Pelotas. Esses líderes têm sido fundamentais para identificar e priorizar as necessidades mais urgentes das comunidades afetadas.

Ela conta que a atuação do Instituto Ascendendo Mentes iniciou uma ação na primeira fase da catástrofe que se concentrou nas seguintes urgências, conforme sinalizadas pelas lideranças locais:

Alimentos: Distribuição de cestas básicas e refeições prontas para garantir que as famílias afetadas tivessem o que comer durante este período difícil.

Água: Fornecimento de água potável para assegurar que todos tenham acesso a este recurso vital, especialmente em áreas onde a água ficou contaminada.

Roupas e Cobertas: Recolhimento e distribuição de roupas e cobertas para manter as pessoas aquecidas, especialmente à noite, quando as temperaturas caem.

Medicações: Distribuição de medicamentos essenciais para aqueles que precisam de tratamentos contínuos e não têm acesso fácil a farmácias ou hospitais.

Segundo ela, essas ações ainda são realizadas de maneira contínua e organizada para garantir que todas as necessidades básicas das vítimas sejam atendidas. Já na segunda fase, focada no período de recuperação, foca em contribuir com a limpeza das casas, reformas e fornecimento de mobílias para que as famílias possam retornar a um ambiente seguro e confortável. Além disso, Nina destaca que estão desenvolvendo estudos para entender como atuar na fase 3, que visa a reconstrução da vida dessas pessoas. Como muitas empresas fechando e não voltando a abrir no Sul, possivelmente faltará emprego para muitas pessoas. Por isso, estão planejando novas formações e possibilidades de geração de renda.

Foto: Arquivo pessoal
“Nosso objetivo é ajudar essas famílias a reconstruírem suas vidas, oferecendo não apenas suporte imediato, mas também oportunidades de longo prazo. Queremos capacitar e empoderar essas comunidades para que possam se recuperar e prosperar em meio às adversidades. Nosso compromisso com as comunidades afetadas é forte, mas essa jornada está repleta de obstáculos que precisamos superar diariamente”, comenta.

Apesar disso, a equipe enfrenta alguns desafios ao prestar assistência em situações de emergência. Como dificuldades de logística e acesso, devido a danos na infraestrutura, como estradas bloqueadas ou pontes destruídas, a limitação de recursos que, apesar da generosidade de doadores e parceiros, sempre há uma demanda maior do que os recursos disponíveis. Além disso, foi preciso ter uma atenção a mais para equilibrar a alocação de alimentos, água, roupas, medicações e outros itens essenciais entre as diferentes regiões afetadas, considerada uma tarefa delicada.

Outro desafio enfrentado foi a coordenação de voluntários que, devido ao grande número de voluntários, é difícil garantir que todos estejam treinados e bem informados sobre os procedimentos de segurança e as necessidades específicas das comunidades. Assim como reter os voluntários após o período de comoção. Além de manter uma comunicação eficaz entre a equipe, líderes comunitários e beneficiários, a saúde mental e bem-estar dos membros da comunidade e da equipe e voluntários.

“Enquanto respondemos às necessidades imediatas, também precisamos pensar em soluções de longo prazo. Isso inclui planejar fases subsequentes de recuperação e reconstrução, garantindo que as comunidades não apenas sobrevivam, mas também prosperem após a emergência. Nossa equipe precisa ser capaz de se adaptar rapidamente às circunstâncias em constante mudança, encontrando soluções criativas e eficazes para problemas inesperados”, pontua Nina.

Segundo ela, o impacto do trabalho do instituto vai além da ajuda material, e sim proporcionar, esperança, dignidade e um senso de comunidade. Nina destaca que o apoio contínuo do Instituto Ascendendo Mentes tem sido um farol de esperança para muitos, mostrando que, mesmo nas circunstâncias mais difíceis, a solidariedade e a compaixão prevalecem. O instituto tem recebido apoio significativo de diversas organizações para auxiliar as famílias afetadas.

Graças a essas parcerias, ela destaca que o instituto conseguiu distribuir mais de 200 toneladas de alimentos e atender mais de 300 mil pessoas, além de fornecer mais de 200 mil litros de água, mais de 150 mil fraldas, aproximadamente 400 mil peças de roupas e mais de 5 mil itens essenciais como colchões, fogões, roupeiros e sofás.

Para o futuro, o Instituto Ascendendo Mentes tem planos claros para continuar apoiando a comunidade em momentos de crise. Nina ressalta a importância do fortalecimento das parcerias com a Rede Gerando Falcões e outras organizações estratégicas.

"Planejamos investir significativamente em programas de capacitação e formação para a comunidade, incluindo treinamentos em habilidades essenciais que podem gerar renda”, afirma.

Com um compromisso contínuo, ela destaca que o Instituto Ascendendo Mentes está determinado a continuar apoiando a comunidade com todos os recursos e conhecimento disponíveis, sempre com amor, dedicação e empatia.

A Associação Esportiva e Cultural Pró-Esporte (AESPE) de Canoas, um dos municípios fortemente afetados pelas enchentes, atuou no auxílio às vítimas no município. Vinicius Alves conta que a AESPE reconheceu a gravidade da situação das enchentes e a necessidade urgente de ajudar as pessoas afetadas, fornecendo suporte e recursos essenciais para as famílias atingidas.

Foto: Arquivo pessoal

Segundo ele, a associação viu nessa ação uma oportunidade de usar sua infraestrutura, redes de contatos e engajamento comunitário para contribuir de forma significativa na recuperação e no bem-estar dos moradores de Canoas. Vinicius compartilha que a comunidade de Canoas respondeu de maneira extremamente positiva às iniciativas de apoio promovidas pela AESPE. A solidariedade e o engajamento dos moradores foram cruciais para o sucesso das ações de ajuda.

“Muitos moradores do Município se voluntariaram para ajudar na distribuição de suprimentos e na limpeza das casas afetadas, bem como houve uma grande quantidade de doações de alimentos, roupas, itens de higiene e dinheiro por parte da população e empresas locais. Um caso que se destacou foi o do Sr. José Carlos, que teve sua casa gravemente afetada pelas enchentes. Ele perdeu praticamente todos os seus pertences e, mesmo assim, trabalhou como voluntário em várias frentes buscando auxiliar outras pessoas. Buscamos auxiliar o Sr. José Carlos com roupas, alimentos, produtos de higiene, produtos de limpeza, (incluindo a doação de um lavajato) e de colchões (após limpeza da sua casa)”, conta Vinicius.
Foto: Arquivo pessoal

Naquele momento, Vinicius compartilha que a AESPE estabeleceu parcerias com outras organizações não governamentais e instituições para aumentar a capacidade de resposta e garantir a distribuição eficiente de recursos e suprimentos. Buscou colaborações com empresas locais que permitissem a arrecadação de doações e buscou parceria com outras entidades para organizar treinamentos e capacitações para voluntários, garantindo que estejam preparados para atuar em situações de emergência.

Além disso, Vinícius ressalta que a AESPE tem planos futuros para continuar apoiando a comunidade de Canoas, incluindo iniciativas e estratégias voltadas para a preparação e prevenção.

Programas de educação e conscientização:

Campanhas de sensibilização: Realização de campanhas contínuas de conscientização sobre os riscos de enchentes e medidas preventivas que a comunidade pode adotar.

Workshops e treinamentos: Organização de workshops e treinamentos regulares para a comunidade sobre gestão de desastres, primeiros socorros e preparação para emergências.

Parcerias estratégicas e colaborações:

Colaboração com governos e ONGs: Fortalecimento das parcerias com entidades governamentais e ONGs para coordenar esforços.

Apoio de Empresas Locais: Continuar a trabalhar com empresas locais para garantir a disponibilidade de recursos e apoio financeiro.

Suporte social:

Projetos de inclusão social: Implementar projetos que promovam a inclusão social e econômica das famílias afetadas.

Recuperação ambiental: Iniciativas de recuperação e preservação ambiental para reduzir o impacto de futuros desastres naturais.

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