Startups Camelo: cenário promissor para o futuro da inovação

8/8/23
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Publicado por 
Redação Start

Empreendedores e especialistas falam sobre como uma gestão Camelo pode ser positiva para o mercado de startups

Foto: Unsplash
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Mesmo com um cenário onde os recursos disponíveis para investimentos se encontram reduzidos, em comparação com os anos de 2020 e 2021, o mercado de startups vem apresentando um crescimento repentino. Esse cenário se deve a  alta demanda e oferta de recursos no mercado da inovação. Algum tempo atrás, muito se falava sobre as startups unicórnios, mas você já ouviu falar sobre a nova terminologia desse mercado? 

Baseada na zoo da inovação, termos do mercado de startups recebem nomes de animais reais ou fictícios para nomear modelos de negócios, e esse é o exemplo das startups Camelo. O termo startups Camelo se caracteriza pela resistência às diversas turbulências ao longo da sua caminhada no mercado corporativo. Tudo isso, porque os Camelos são animais que suportam altas temperaturas em suas jornadas no deserto.

Conforme explica Andrea Miranda, CEO e cofundadora da STANDOUT, martech que se caracteriza como uma startup Camelo, startups que seguem esse modelo de negócio nada mais são do que negócios  que conseguem ter estrutura para superar os momentos de adversidades econômicas. Já Felipe Ferreira, CEO e cofundador da Proesc, edtech nascida no Amapá, que foi Camelo até o início de 2023, afirma que esse modelo representa negócios que prezam pela sustentabilidade e não abrem mão da segurança financeira porque, muitas vezes, crescem por meio  de investimento próprio.

Para Tânia Gomes, diretora de inovação do Ibrawork, as startups Camelo focam na sustentabilidade do negócio a longo prazo, crescendo de forma equilibrada e consciente , ao invés de priorizar o crescimento acelerado a todo custo. Segundo ela, as startups Camelo e Unicórnios se diferem principalmente na forma como gerenciam seu crescimento e recursos. Enquanto os Unicórnios buscam um crescimento rápido, as startups Camelo adotam uma abordagem mais cautelosa. 

“Elas focam na eficiência, resistência e adaptabilidade, priorizando a sustentabilidade a longo prazo. Elas valorizam a rentabilidade e a estabilidade financeira, além de demonstrarem uma grande capacidade de adaptar-se a mudanças no mercado e a situações adversas”, explica Tânia.

Guilherme Kudiess, sócio e diretor de operações da Ventiur Smart Capital, cita exemplos de startups conhecidas que podem ser consideradas unicórnios ou camelos , a Nubank e a Uber. Para se tornarem um Unicórnio, é necessário que a empresa capte rodada atrás de rodada de investimento, para crescer de forma rápida e queimando o caixa, não necessariamente focando no lucro, como é o caso da Nubank. Já a Uber, na visão de Guilherme é um modelo de startup que prioriza o equilíbrio e o crescimento menos acelerado.

Particularmente, Guilherme explica que o modelo de startup Camelo consegue passar por crises e problemas, como escassez de recursos no mercado ou algo fora do planejamento. Isso porque, muitas vezes, ela não tem um custo muito maior do que as suas receitas. Segundo ele, o número de startups Camelo têm crescido significativamente devido à escassez de recursos no mercado, comparado a quantidade de recursos disponíveis no período entre 2020 e 2021.

‘Uma vez que tem pouco recurso disponível no mercado para venture capital, essas startups que buscam crescer por meio de rodadas atrás de rodadas, acabam se tornando insustentáveis. A alternativa acaba sendo investir em negócios que buscam um ponto de equilíbrio. Os investidores estão olhando para startups rentáveis, que vão conseguir atingir seu ponto de equilíbrio o mais rápido possível, do que startups que vão se aproveitar de alguma tendência e lá na frente vão ver se vão conseguir pagar as contas”, explica Guilherme.

Andrea Miranda complementa que as startups unicórnio acabam sendo mais vulneráveis a problemas financeiros. Como exemplo, ela explica que se a empresa falhar no resultado da operação ou se o novo aporte for em um valuation menor que o esperado ou até mesmo se não vier o novo aporte, a probabilidade de quebrar é considerável. Por outro lado, a gestão Camelo vai ponderar o melhor momento para receber aporte, privilegiar um smart money frente a um investidor menos sinérgico, e apostar em um crescimento orgânico, que deseja ser independente de aportes.

Segundo ela, as startups Camelo fazem parte de uma tendência consistente devido a nova percepção dos investidores com relação ao ecossistema de startups.

“Os investidores e as empresas estão valorizando agora são startups Camelo, com crescimentos contundentes, porém sem a obrigatoriedade de tentar atingir um crescimento que era irreal para muitos negócios. Como costumamos dizer aqui na Standout, já houve quem nos julgasse conservadores demais, agora estamos na moda”, explica.

Já Felipe Ferreira, diz que ambos modelos de startup querem o crescimento, mas buscam maneiras diferentes para alcançar uma posição de valor. Conforme ele explica, por motivos organizacionais e a realidade atual do mercado financeiro, os investidores optam por investir em um negócio sustentável e que traga o retorno esperado sem tantos riscos. Por conta desta mudança na priorização do investidor, a startup acaba sendo obrigada a baixar seu valuation porque o mercado não aceita mais esses valores ou tem dificuldade de captar investimento. Segundo Felipe, esse cenário impacta em alguns movimentos que buscam a estabilização, como no caso das demissões em massa.

“O ideal é que sempre que uma startup camelo chegue ao final do uso do aporte, o fluxo de caixa esteja no azul, sem depender de mais dinheiro para sustentar a operação. A melhor forma de uma startup Camelo alcançar o sucesso é não se limitar, não achar que por ter menos recursos é menos eficiente. Invista no marketing de conteúdo, se posicione de forma assertiva na internet e foque em SEO, sempre olhando para o sucesso do cliente, entregando um produto que esteja aderente e com uma boa experiência ao usuário. A melhor forma de você se destacar sendo uma startup camelo, é tornando os poucos canais que você tem otimizados e sendo referência neles”, explica Felipe.

O especialista Guilherme Kudiess, completa ainda que a startup Camelo atinge uma posição consolidada se ela conseguir entregar resultados de um produto que resolve um problema real e relevante de uma forma repetível e escalável. Esse sucesso é resultado de um negócio focado no cliente e no usuário, para que dessa forma ela encontre a solução exata, entregue a proposta de valor correta, e encontrando quem esteja disposto a pagar por essa solução de uma forma que sustente o negócio.

“Diferente das startups que tem uma pegada mais de um unicórnio, que é buscar rodadas atrás de rodadas, contratações constantes, buscar crescimento a qualquer custo e queimando o caixa de forma desenfreada, as startups Camelo são muito mais racionais, mais pensadas e ponderadas. Obviamente, isso influencia no lucro e no equilíbrio da empresa. Por isso é importante ter o controle das finanças, tendo um olhar muito mais estratégico para marketing e vendas, o uso do recurso mais racional, fundadores focados em sustentabilidade do negócio, governança robusta e mais estruturada”, explica Guilherme.

Tânia e Andrea completam que é necessário ter muito planejamento e resiliência para enfrentar os desafios do mercado, uma boa reserva financeira para segurar um fluxo de caixa relativamente desafiador, priorizar a eficiência operacional, a rentabilidade e a sustentabilidade a longo prazo. Além disso, ambas afirmam que as startups Camelo devem investir em talentos que compartilhem da mesma visão de longo prazo, valorizando a inovação, a adaptabilidade e a resiliência.

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