Sucesso consolidado no YouTube, humorista Marcos Castro aposta na criatividade para se manter em movimento

6/6/25
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Redação Start

Ao lado do irmão Matheus, com quem forma os Castro Brothers, youtubers subiu ao palco da Gramado Summit para compartilhar experiências e insights.

Foto/Divulgação
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Expoentes do humor na era digital, os irmãos Marcos e Matheus Castro — mais conhecidos como Castro Brothers — levaram toda a sua irreverência e expertise ao palco da Gramado Summit.

Hoje com mais de cinco milhões de seguidores, o canal do YouTube dos Castro Brothers foi lançado em 2012, com conteúdos humorísticos, como paródias, musicais, esquetes e animações. Antes disso, porém, em 2011, o projeto iniciou pelas mãos de Marcos Castro, que criou o canal que levava inicialmente o seu nome, com conteúdo direcionado ao público nerd e geek.

Os vídeos contavam com as participações recorrentes da esposa de Marcos (noiva à época), Luciana D’Aulizio, e de seu irmão Matheus Castro, além de convidados especiais, também criadores de conteúdo. O canal já contou com nomes de peso do humor e do universo geek como Rafael Studart, Fred Mascarenhas, Henrique Fedorowicz, Ygor Freitas e Ed Gama. A criação do jogo A Lenda do Herói, em 2014, por meio de uma campanha de financiamento coletivo, foi uma das apostas mais ousadas da carreira do grupo.

No ano seguinte, o canal Marcos Castro passou a se chamar Castro Brothers, enquanto o canal secundário recebeu o nome de Castroverso. Um dos quadros de maior destaque até hoje é o UTC - Ultimate Trocadilho Championship, no qual dois participantes se desafiam a ler trocadilhos e quem rir primeiro perde a disputa. O quadro fez tanto sucesso que se tornou um show de teatro itinerante que passou por mais de sessenta cidades brasileiras.

Durante a pandemia de coronavírus, os Castro Brothers também precisaram se reinventar mediante às restrições impostas pelas medidas de distanciamento social. Uma das apostas do grupo foi o Jornal Não Pode Rir, uma paródia de um telejornal em que os âncoras leem notícias absurdas com muito sarcasmo e bom humor. Atualmente, o canal segue com publicações semanais, além dos projetos pessoais de cada membro.

Gostaria que você compartilhasse um pouco sobre o começo da sua vida profissional como estudante de ciências exatas.

Bom, eu nasci no Rio de Janeiro, nasci, fui criado, vivo até hoje no Rio de Janeiro. Minha infância foi muito feliz, eu sempre fui uma criança que gostava de participar de tudo, de correr. Sempre fui muito competitivo, mas também fui uma criança muito nerd. Eu gostava de jogar muito videogame, na adolescência, inclusive. Fiquei anos desenvolvendo um jogo de videogame amador e, não à toa, acabei indo cursar a Faculdade de Ciência da

Computação e depois eu mudei para Matemática. Fiz um mestrado em MatemáticaAplicada, inclusive antes de começar na Comédia eu estava me preparando para dar aula na universidade.

Qual a sua relação com o humor? Você estudou teatro ou é uma característica

natural?

A minha relação com humor é desde a minha infância, porque o meu avô, cearense, como bom cearense, um exímio contador de piadas, ele sempre me contava muitas piadas, então eu sempre gostei de repassar, de recontar essas piadas. Eu não estudei teatro, eu comecei no stand-up em 2007, de forma muito curiosa, eu mandei um e-mail para o Comédia Em Pé, um grupo de stand-up que estava começando no Rio de Janeiro, e eles abriram espaço para novas pessoas, para experimentarem e mandar o seu texto. Aí eu mandei meu texto e, curiosamente, eles aprovaram. E aí eu meti a cara, fui na cara na coragem, nunca tinha subido num palco de teatro, a não ser em peça na minha escola. Fiquei muito nervoso, mas deu tudo certo.

De onde surgiu a ideia para criar conteúdo para o YouTube?

Depois dessa primeira apresentação pro stand-up em 2007, eu comecei a fazer outras apresentações, eu estava já me consolidando no stand-up, já tinha tido a oportunidade de participar de alguns programas de TV. Só que eu comecei a ver algumas pessoas, vamos dizer assim, passando a minha frente… Eu comecei a ver gente que estava chegando depois e gente que eu olhava e falava: “cara, essa pessoa tem uma capacidade, um talento maior do que o meu pro stand-up”. Então eu pensei em me diferenciar com aquilo que eu já sabia fazer, porque eu sempre fui esse cara, o cara nerd, sempre fiquei muito no computador.

Desde adolescente, na verdade, eu gostava de brincar com edição de imagens, edição de vídeos e aí eu comecei a ver que algumas pessoas já estavam fazendo vídeos para o YouTube, principalmente no formato de vlog, tipo o Felipe Neto, o Cauê Moura, a Kéfera. Eu olhei e pensei: “cara, acho que eu consigo pegar os meus textos de stand-up que não funcionam tão bem no palco por serem muito nichados e eu consigo trazer pra cá” com uma vibe mais nerd, com a temática de videogames, ou algum tema muito específico. Por exemplo, uma vez eu fiz um vídeo sobre mitologia grega. Isso não funciona no palco, mas funciona mais no vídeo. Então, foi assim que eu comecei a voltar a minha criação de conteúdo pro YouTube. Apesar de que eu já tinha um canal no YouTube, desde 2006, eu postava algumas coisas lá de stand-up. E um outro vídeo de animação que eu tinha feito antes de começar a stand-up. Então eu sou meio que um dinossauro na internet.

Como foi o processo de reinvenção quando vocês precisaram interromper as turnês com o UTC e vieram com o Jornal Não Pode Rir, em decorrência da pandemia de coronavírus?

Esse processo de reinvenção da pandemia foi um processo complicado porque a gente não tinha como estar no mesmo ambiente e o UTC requer que as pessoas estejam no mesmo ambiente porque são duas pessoas, uma na frente da outra tentando fazer a outra rir. Sóque a gente não podia fazer isso durante a pandemia. Então, a gente precisou pensar em algo que pudesse ser feito remotamente, mas juntando a nossa forma de fazer humor. E aí nesse processo de busca, esse processo de brainstorm, a gente se deparou com o conteúdo do College Humor nessa mesma pegada, um telejornal em que as pessoas tinham que manter ali o profissionalismo e não podia rir. E a gente olhou aqui e falou, poxa, é isso, a gente pode fazer isso. Apesar deles não fazerem remotamente, a gente falou, a gente consegue fazer isso aqui. Adaptamos para a nossa linguagem, trouxemos para pegada brasileira, para a nossa realidade e com essa verve de trocadilho, daí surgiu o Jornal Não Poder Rir.

Você está na atividade desde 2011, atuando na internet ou no teatro e já passou por diferentes fases na sua carreira. Qual o segredo para a longevidade desse trabalho?

O segredo para estar até hoje, não diria que é um segredo, mas uma coisa certa, pelo menos para mim, é que eu preciso estar inquieto, sabe. Buscar sempre me reinventar, mas por outro lado, eu não posso deixar a ansiedade tomar conta, porque é muito fácil você se deixar levar pela ansiedade, olhar o conteúdo do outro, olhar a carreira do outro e falar assim: “caramba, ele tá voando e eu tô aqui na primeira marcha”. Não adianta também só ficar mirando no futuro, se não degustar o presente. Hoje, eu particularmente coloco a minha felicidade e a felicidade da minha família em primeiro lugar, porque só com saúde mental eu consigo estar bem para explorar a minha criatividade. Eu penso muito que eu não tenho como oferecer algo bom se eu dentro de mim não estiver bem comigo mesmo.

Qual foi a experiência mais desafiadora e a mais prazerosa da sua carreira?

A experiência mais desafiadora e prazerosa da minha carreira, na verdade, eu posso juntar as duas em uma só. Foi quando eu fui ao Domingão do Faustão, em 2008. Eu tinha um ano de carreira, a primeira vez na TV, ao vivo. O Domingão do Faustão tinha uma audiência absurda, milhões de espectadores. E eu estava participando de um concurso chamado Quem Chega Lá. No primeiro dia do concurso, eu fui o único classificado. Eu fiquei muito nervoso porque eu nunca tinha ido à TV. E logo depois que eu tinha feito o meu texto, eu tinha preparado tudo, o Faustão me pede pra improvisar uma música no meio do nada. O Caçulinha começa a tocar uma música e, eu, desesperado. Tem esse vídeo no YouTube, quem quiser ver. Dá pra ver a minha cara de desespero, mas eu consegui fazer, sabe?

Mesmo naquele momento, eu tive calma o suficiente pra poder entregar alguma coisa. E aí, logo depois, eu recebendo ligações, vendo mensagens das pessoas. Era o Orkut, não tinha nem WhatsApp. Foi um sentimento de realização muito grande. Quando você vê que muita gente estava vendo. Pessoas que nem tinham tanto contato, pessoas que vibraram com a minha felicidade. Só pessoas que não precisavam estar felizes por mim, mas elas ficaram. E aí nessa hora a gente vê como é bom ter pessoas e como é bom fazer o bem, porque esse bem reverbera.

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