Uruguai ocupa 6ª posição entre os países mais promissores no ecossistema de startups da América Latina
Com apoio da iniciativa pública e privada, mercado de startups se destaca quando o assunto é qualidade do talento e foco na educação tecnológica

Assim como a América do Norte e Europa, a América Latina vem se destacando e se tornando uma referência cada vez maior quando se trata de inovação e tecnologia. Apesar das dificuldades conhecidas no continente sul-americano, o mercado empreendedor se mostra no quesito inovação.
Falando sobre o país vizinho que faz divisa com o Rio Grande do Sul, Uruguai, a inovação é um tema favorável para impulsionar a economia do país. Apesar do agronegócio se apresentar como uma das principais atividades uruguaias e a região ser uma das principais exportadoras de alimentos, o país vem se mostrando cada vez mais aberto ao investimento em negócios com base na tecnologia, o que diretamente estimula o mercado de startups.
Segundo a “Global Startup Ecosystem Index”, de 2021, o país ocupava a 6ª posição entre latinoamericanos e caribenhos, à frente de países como Peru e Costa Rica. Os dados foram divulgados pelo Mapeamento de Ambientes Promotores de Inovação no Exterior, publicado pelo Gov.br e mostram como o país tem se posicionado com relação ao ecossistema de inovação. O relatório inclui ainda que os setores mais promissores que tem se destacado no país são smart cities, jogos digitais, healthtechs, software e, para o que já não seria nenhuma surpresa, o setor de agritechs, que trazem soluções inovadoras para o agronegócio e fazem do país um dos maiores exportadores de alimentos do mundo.
Para falar sobre o assunto, a equipe da redação Start conversou com startups que fazem parte desse ecossistema e tem buscado se destacar em meio a oferta de startups no país, por meio de soluções inovadoras e diferentes. Carolina Pérez, diretora da Tree House Deco, startup que atua no setor de tecnologia voltada para arquitetura e decoração, compartilha que o ecossistema de inovação e tecnologia do Uruguai experimentou um crescimento exponencial nos últimos anos.
Segundo ela, mesmo o Uruguai sendo um dos menores países da América do Sul, o país vem se destacando no campo devido a qualidade do talento e o foco na educação tecnológica, resultado de um investimento considerável voltado para a investigação e desenvolvimento, o apoio estatal com a implementação de políticas favoráveis e o interesse das novas gerações pela tecnologia, que contribuíram para um ambiente propício à inovação.
Ela conta que a Tree House Deco surgiu na garagem da própria casa, onde foi possível desenvolver o negócio em diversas esferas, desde a fabricação do produto, até a divulgação e a conquista de clientes. Carolina aponta que começou a testar produtos mesmo sem nem saber como iria ser a produção, até que encontrou um produto que seria a estrela do negócio: camas de madeira maciça com gavetas. Segundo a empreendedora, o mercado aqueceu e a mesma aprendeu e aprimorou sua produção, se destacando hoje com uma carpintaria própria e mais de cinco oficinas externas.

“Estamos nos posicionando como líderes no setor moveleiro de madeira maciça no Uruguai, inovando na forma de vendas e produção, introduzindo tecnologia e modernização em um setor que permaneceu na pré-história, com isso estamos não apenas promovendo nosso próprio crescimento, mas também aumentando o padrão da indústria no país. É claro que quando tomamos a decisão de nos tornarmos uma startup, levantarmos uma rodada de investimentos e introduzirmos tecnologia em nossos processos para acelerar nosso crescimento, encontramos um enorme muro de aço no setor”, esclarece Carolina.
Ela aponta que os mentores, investidores-anjos e fundos de capital não buscavam empresas de produtos físicos, e isso foi um dos desafios enfrentados pela empresa no mundo da tecnologia.
“Foi a época que mais recebi “não” na minha vida, mas tive a convicção e tive forte validação de que essa transformação tecnológica iria mudar a nossa empresa e a indústria moveleira de madeira maciça, e continuei solidificando o modelo até que as portas começaram abrir”, comenta.
Diferente do setor moveleiro, Salvador Reyes, head de marketing da Inswitch, startup que atua por meio de uma tecnologia financeira integrada, atendendo empresas e organizações para a rápida implantação de seus próprios serviços, o Uruguai tem trabalhado ativamente para melhorar o seu ambiente de inovação nos últimos anos, buscando atrair investimentos e incentivar o desenvolvimento tecnológico.
Segundo ele, a startup foi reconhecida por seu papel na promoção do setor fintech na região, não apenas no Uruguai, mas em toda a América Latina, fornecendo soluções tecnológicas financeiras para bancos, comércio eletrônico, varejo, viagens, contribuindo assim para o avanço da tecnologia na área financeira e democratizando esses serviços para o usuário final. Com uma plataforma baseada em API, qualquer empresa pode escolher a melhor solução para suas necessidades específicas com foco em operações financeiras, como: bancárias, cartões de crédito/débito, emissão e pagamento.
Para o cenário uruguaio e mundial, as startups e a tecnologia são de grande importância para o desenvolvimento econômico e social de um país, estimulando a criação de emprego, a inovação e a competitividade global.

“Na Inswitch pretendemos apoiar startups por meio da utilização de tecnologia para otimizar os seus processos e assim permitir-lhes permanecer na vanguarda e nos panoramas globais. O cenário de startups no Uruguai tem experimentado um crescimento constante, com destaque para o setor fintech. Expandimos nosso alcance além do Uruguai e oferecemos serviços para outros países da América Latina, Caribe e África. Além disso, atualmente contamos com colaboradores, equipes e escritórios praticamente em toda a LATAM e nos EUA”, comenta Salvador.
Carolina acrescenta que além dos benefícios financeiros e de expansão, o mercado de startups é responsável por solucionar problemas comuns e sociais do país, sendo responsável pela criação de novas formas de resolver problemas para o mercado e a sociedade. Ela esclarece que o setor também gera um novo ecossistema, que não existia há uma década, de jovens empresas e empreendedores, gerando apoio e união entre pares e facilitando um pouco o caminho do empreendedorismo.
Para movimentar a economia do ecossistema e ajudar startups a consolidarem suas marcas, ambos os empreendedores afirmam que existem formas de fazer parte dessa roda. Como eventos, conferências, feiras e encontros de networking, que reúnem empresários, investidores e profissionais do setor para trocar ideias e fomentar a colaboração na área tecnológica.
“Vejo-os especificamente como uma grande oportunidade para gerar novos contatos, negócios e oportunidades de expansão. Além disso, abrem a possibilidade de podermos compartilhar experiências com outros empreendedores e formar uma comunidade de apoio e união. Além da oportunidade de ouvir palestrantes e empreendedores mais avançados que ajudam você a aprender e evitar possíveis erros com sua experiência”, diz Carolina.