Você sabe o que são incubadoras de empresas?

19/1/23
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Publicado por 
Redação Start

Especialistas no setor falam sobre suas experiências e de que forma conduzem projetos de incubação pelo país

Em uma realidade de mercado competitiva no ambiente físico e digital, muitas empresas têm buscado auxílio por várias plataformas para se consolidar no mundo corporativo. Diante desse cenário, surgem termos que, mesmo que antigos, estão mais conhecidos em meio ao universo empresarial, como ‘Incubadoras’ e ‘Aceleradoras’ de empresas e startups.

Como já foi exposto em outro conteúdo produzido pela Redação Start, as aceleradoras são organizações que surgem para oferecer investimento e acompanhamento para startups em estágio inicial. As aceleradoras oferecem mentoria, networking, aporte de capital para consolidar os negócios no mercado e auxiliar na gestão de cada negócio. Já as Incubadoras buscam apoiar empreendedores em um estágio mais inicial ainda, antes mesmo de ideação até o começo da validação da startup. 

Com o objetivo de levar as pesquisas desenvolvidas por alunos e professores, a Universidade do Estado do Amazonas passou a investir e levar para fora dos portões da universidade, projetos que focam em empreendedorismo e startups. Então, a UEA criou a InUEA, incubadora da universidade que apoia projetos internos e externos. A incubadora teve início em 2013 e, neste ano, completa dez anos de atividades, impulsionando o mercado amazonense. 

Segundo o coordenador da InUEA, Felippe Rocha, muitos países aderem às políticas de desenvolvimento e inovação, criando polos e ecossistemas que focam em favorecer empregos qualificados e incentivar a competitividade. Localizada em Manaus, a incubadora recebe projetos com fluxo contínuo, sem datas definidas para o edital. Qualquer professor, aluno ou pessoas comuns podem candidatar seu projeto.

Felippe fala que os interessados podem acessar o edital, preencher o formulário e ser recebido pela equipe para apresentar seu trabalho, entregar um MVP ou a ideação e entender os processos da incubadora. Após esse processo, a equipe realiza uma banca com grandes nomes da indústria local para avaliar e, possivelmente, assinar o termo de vínculo para investir no projeto. Além de tudo, a startup ou projeto de startup pode utilizar a infraestrutura da UEA para desenvolver seu produto, com auxílio de mentores e docentes da universidade.

A InUEA classifica as empresas entre incubadas, graduadas e júnior. As empresas incubadas são definidas por residentes e não-residentes, em vínculo com a incubadora, e que já pode estar em fase de desenvolvimento e faturamento. As graduadas estão em fase de iniciação no processo, conseguiram desenvolver seu produto/serviço e conseguem ter um faturamento razoável para investir, sem a ajuda da Incubadora. As empresas júnior ainda estão em fase de ideação, não possuem produto ou serviço tangível e necessitam desenvolver, de recursos e dentre outros.

No Amazonas, o movimento de inovação passou a ser uma necessidade em desenvolvimento sustentável para preservar a floresta. A partir disso, a incubadora ganhou um papel fundamental para estabelecer uma conexão entre universidade e empresas, para gerar oportunidades de negócios entre alunos, professores e a sociedade. Essa conexão permite o desenvolvimento regional ao gerar empregos e renda de maior qualidade.

O coordenador afirma que a InUEA e as demais incubadoras presentes no Estado são essenciais para estabelecer um elo entre universidades e empresas. As incubadoras ajudam o estado do Amazonas a criar novas empresas e movimentar o PIB da região. Além disso, é possível observar a captação de recursos para startups, que podem investir no desenvolvimento de novas tecnologias. Dentre as empresas graduadas, Felippe fala que algumas já possuem faturamento milionário, ajudando no PIB, na arrecadação de tributos estaduais e municipais e mantendo serviços públicos.

“Em nove anos, graduamos 36 empresas que hoje não necessitam mais captar recursos, possuem receita própria, empregam e geram valor para a economia do Amazonas. Em janeiro de 2023, por acreditarmos na necessidade de sermos mais agressivos em startups e gerar valor, ingressaram 16 novas empresas que poderão ficar três anos captando recursos, amadurecendo seu produto e, aos poucos, gerando receita ao penetrarem no mercado local, nacional ou internacional”, finaliza Felippe.

Do ponto de vista da startup Navegam, apoiada pela InUEA, as incubadoras têm um papel importante ao oferecer a infraestrutura e networking necessários para aprimorar os serviços ou produtos de uma startup. Para o CEO e fundador da startup, Geferson Oliveira, as mentorias e recursos são fundamentais para as coisas mais simples até às mais complexas, como internet e acesso aos especialistas.

“Começamos como uma empresa voltada para a ticketagem, voltada diretamente para a venda de passagens (B2C), mas acabamos adicionando o serviço de leva e trás de produtos de vários segmentos do Amazonas (B2C). Isso nos levou a especialização no setor, ajudando a levar e trazer pessoas e cargas para os seus respectivos destinos”, fala Geferson.

A startup atua no mercado com vendas de passagens de barcos para quatro estados da região norte, e, atualmente, são especialistas em integração entre modais de transporte na região Amazônica. Para muitos estados do Brasil, a realidade de viagens por estradas é algo comum, mas na região norte, mais precisamente no Amazonas, o acesso aos municípios mais distantes da capital é feito por vias fluviais. 

A partir disso, as viagens de barco são extremamente comuns na região, pela facilidade de acesso e o baixo custo comparado às viagens de avião. Atualmente, a Navegam é especializada na região Amazônica, atuando com a integração entre modais de transporte e oferecendo tecnologia para os processos dentro das embarcações, que são feitos da mesma forma há mais de 300 anos sem o uso de tecnologia. 

Geferson afirma que a região norte é uma das regiões mais difíceis no Brasil quando falamos de logística e mobilidade, o que acaba refletindo no alto custo das passagens aéreas para outras regiões. A startup atua em toda a calha do Rio Amazonas, desde os municípios da fronteira, como Tabatinga, até a capital paraense, Belém, e Macapá, no Amapá. O negócio também oferece serviços de transporte de carga para municípios como São Gabriel da Cachoeira, município que está fora do eixo de transporte citado.

O processo de apoio da InUEA começou quando a Navegam participava do programa de aceleração da Samsung Creativa, coordenado pela Samsung. A InUEA forneceu à equipe da startup toda a infraestrutura essencial para a manutenção e apoio jurídico durante o programa. Atualmente, o negócio permanece incubado externamente e conta com o apoio da incubadora.

De norte a sul do Brasil

Saindo do extremo norte do país, voltamos para a região sul falando sobre uma incubadora que já possui 24 anos de história no Rio Grande do Sul. A Feevale TechPark fica localizada em Novo Hamburgo, incorporada à reitoria da Universidade Feevale em 2014, por meio da Diretoria de Inovação. A TechPark impulsiona as possibilidades de desenvolvimento ao empreendedorismo na região sul do país.

Em um cenário onde existem cerca de 363 incubadoras em todo o país, segundo uma matéria publicada pela Folha de São Paulo, com dados da Anprotec, as incubadoras tecnológicas são importantes para impulsionar a competitividade no mercado. A TechPark oferece serviços especializados nos laboratórios da instituição, com equipe qualificada para captar recursos e um time de mentores especialistas em inovação.

Para Débora de Leonço Monzon, diretora de Inovação da Universidade Feevale, a incubadora da Feevale atua de forma a acolher, capacitar e impulsionar negócios inovadores. A TechPark une o pilar do conhecimento por meio de uma assessoria especializada, cursos de qualificação para as empresas incubadas e conexões com investidores e instituições. Além de todo o processo, a incubadora colabora com o auxílio na captação de recursos junto a órgãos financiadores e oferta de serviços tecnológicos.

“Aliamos o acolhimento, por meio da observação individual e específica de cada empresa, criando soluções personalizadas. As potenciais ideias e empresas de base tecnológica ingressam por meio da prospecção em eventos, networking, programas nacionais de aceleração, bem como por meio da inscrição via site”, diz Débora.

Ela afirma ainda que a TechPark colabora e impulsiona a economia do Estado, auxiliando e fomentando o desenvolvimento de ideias e empresas inovadoras no mercado, que geram emprego e renda, novos produtos, processos e serviços. Ela fala que as incubadoras têm grande importância não só para o Rio Grande do Sul, mas para todo o país.

Outra startup que foi incubada pela TechPark foi a GrowDev, que surgiu em 2019 oferecendo serviços de software com formação e seleção de profissionais de tecnologia. A startup tem foco em reduzir riscos e custos de contratações de profissionais da área em empresas. A GrowDev atua com o propósito de mudar e facilitar a rotina de pessoas e organizações, conectando talentos que oferecem soluções tecnológicas.

Durante o processo de apoio com a TechPark, a startup desenvolveu o modelo de negócio junto aos mentores da incubadora, especializados em cada segmento de negócio. A mentoria da incubadora e os passos percorridos pela startup contribuíram com o sucesso do negócio, em um período de pré-incubação e incubação. 

O negócio atua formando profissionais e direcionando para empresas, visto que a área de tecnologia e software ainda necessita de profissionais qualificados. O CEO da startup, Manoel Roldão, afirma que os programas de formação proporcionam aos alunos experiências em projetos reais, onde esses projetos na maioria das vezes são contratados por empresas. 

Para Manoel, as incubadoras têm um papel fundamental para o ecossistema de inovação no Rio Grande do Sul, sendo algo crucial para o desenvolvimento do estado e do país.

“Elas estão na base da formação de negócios alinhados à nova economia, buscando sempre dar a sustentação, direcionamento e gerar oportunidades que qualquer negócio precisa, principalmente no estágio inicial”, diz o CEO.

Atualmente, a startup atua no formato B2C, buscando e formando talentos nas diferentes áreas de desenvolvimento de software, ciência de dados e design de produtos digitais. Já no formato B2B, o negócio auxilia empresas com as suas demandas de serviços em tecnologia, como outsourcing e desenvolvimento de aplicações.

A startup está presente em todo o Brasil, apesar de boa parte dos clientes estarem localizados entre o Rio Grande do Sul, berço da startup, e São Paulo, cenário principal de inovação no país. 

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