Você sabe o que são aceleradoras?
Alguns especialistas no assunto esclarecem algumas dúvidas, como por exemplo os ativos que mais garantem sucesso entre startups
![](https://cdn.prod.website-files.com/63038c785983f6a9927435d8/638f4e003107636e525e1e6b_52004197546_13949c1b5e_w.jpg)
Diante de um cenário cada vez mais competitivo, muitas empresas não conseguem se consolidar no mercado e acabam fechando as portas nos primeiros anos de existência. Segundo um levantamento feito pelo Sebrae, pelo menos 25% das startups fecham com menos de um ano, outros 50% com uma média de quatro anos e 75% das empresas em aproximadamente 13 anos.
Considerando que mesmo que os negócios sejam boas iniciativas a serem investidas, muitas vezes acabam não sendo geridas de forma assertiva. As aceleradoras surgem enquanto organizações que oferecem investimento e acompanhamento intenso para projetos e negócios em estágio inicial, em busca de consolidar os negócios no mercado.
Basicamente, aceleradoras são empresas que buscam impulsionar projetos de startups por meio de mentorias, networking e aporte de capital para auxiliar na gestão financeira de cada negócio. Com presença forte em todas as regiões do país, a Ventiur surgiu como a primeira aceleradora do sul do Brasil em 2013. A organização possui uma vasta rede de parceiros de negócios, entre investidores e mentores, e já carregam o peso de 8 mil startups avaliadas e 84 investidas e aceleradas.
O processo de escolha para acelerar uma startup começa por meio de uma seleção. A Ventiur investe no estágio pré-seed, com investimentos de 200 mil e podendo chegar a até 1 milhão de reais. A equipe se atenta a startups que já possuem MVP (produto mínimo viável) em rede. Outro quesito importante é o engajamento da equipe da startup. Segundo a head de aceleração da Ventiur, Gabrielly Balsarin, a equipe deve possuir um certo “brilho nos olhos”, conhecimento de mercado e pelo menos dois sócios, além de potencial de mercado.
Para a Ventiur, o processo de aceleração de uma startup dura em média nove meses e foca em eliminar possíveis obstáculos para encurtar os caminhos no mundo dos negócios. “O processo de aceleração conta com acompanhamento intenso, tendo encontros remotos semanais e geração de conexões com a rede, conectando a startup com mentores, investidores, especialistas do mercado e empreendedores do portfólio”, afirma Gabrielly.
Além disso, a organização também oferece auxílio para a captação de novas rodas de investimento e, ao término do processo, a aceleradora continua dando um certo apoio à startup. Gabrielly afirma também que a empresa tem preferência por negócios B2B e B2C, em alguns casos. Ela ainda destaca alguns pontos que podem comprometer o sucesso dos negócios.
“Acreditamos que um dos pontos mais importantes está relacionado com o time da startup e sua capacidade de execução. Há alguns negócios que não crescem como o esperado. Na maioria dos casos está relacionado com a postura dos fundadores, os quais falham na gestão, processo de vendas e/ou não são abertos a ouvir opiniões de mentores e investidores que os acompanham na jornada. Outros casos estão relacionados à falta de aceitação da solução no mercado”, conclui Gabrielly.
De norte a sul do Brasil, podemos observar bons projetos a serem investidos. O InovAtiva é uma política pública fundada em 2013, que busca projetos por todo o país e tem como diretriz a promoção da diversidade entre as startups. A organização conta com uma equipe de voluntários que atuam regionalmente para fortalecer o ecossistema de inovação local, em busca de oportunidades de investimento.
Segundo a InovAtiva, o ciclo de aceleração é dividido por etapas. A primeira etapa dura em média quatro meses, onde os empreendedores têm acesso a mentorias individuais e coletivas com especialistas de mercado. Ao fim da etapa, a instituição promove o InovAtiva Day, em que os empreendedores têm acesso a uma agenda de palestras, painéis e treinamentos de pitch.
A segunda etapa do processo dura em média dois a cinco meses, em que trazem soluções maiores de mercado. Além das mentorias, o ciclo é encerrado com o InovAtiva Experience, no qual os empreendedores recebem o feedback dos mentores e apresentam o seu pitch no Demolation. O pitch final é apresentado para a maior banca de investidores do país no Demoday.
Cada mentoria é especializada e focada no segmento de negócio da startup ou projeto acelerado. Com base nisso, o InovAtiva de Impacto Socioambiental também oferece capacitação para o empreendedorismo de impacto. Os empreendedores especializados na área são conectados a investidores e interessados em apoiar a startup.
De acordo com o gestor de aceleração do InovAtiva Brasil, Giovani Scalcon, o processo de escolha para acelerar algum projeto de startup é rigoroso, portanto, é difícil encontrar um projeto que não atenda às expectativas do programa. Há casos em que a falta de comprometimento das startups reflete no baixo desempenho ao longo do processo.
A escolha de startups é definida de acordo com o regulamento do ciclo. Em 2022, o regulamento expõe que uma startup deve estar em fase de validação, estar cadastrada por um empreendedor maior de 18 anos e possuir um faturamento bruto anual de até 4,8 milhões.
Após esse processo, o negócio passa por avaliação onde especialistas atribuem notas, como grau de maturidade, grau de inovação, potencial de mercado, composição da equipe e potencial escala de solução. As notas geram um ranking a qual são selecionadas as primeiras startups, conforme a quantidade de vagas do ciclo.
Giovani afirma ainda que, projetos de ecossistemas de empreendedorismo mais desenvolvidos têm maiores chances de tomar conhecimento do programa e realizar a submissão. O principal valor que a aceleração oferece aos negócios são as conexões e orientações oferecidas às startups, mas é preciso haver compromisso e engajamento com o processo.
“Para ter sucesso, a equipe deve estar comprometida com o programa e aberta às sugestões e críticas dos mentores. Um dos principais valores entregues pelo InovAtiva é a conexão com mentores especializados nas dores que a startup está sentindo. Muitas vezes o caminho para o sucesso pode ser doloroso, mas o enfrentamento desse desafio é essencial para que a startup cresça e evolua, para estar pronta para dar o próximo passo: conexão com potenciais investidores”, comenta Giovani.
Já a Wow Aceleradora conta com um processo seletivo de quatro fases para acelerar uma startup early stage. Com nove anos de atuação no mercado e uma rede de 300 investidores anjo, a aceleradora já possui uma marca de 140 startups aceleradas em todas as regiões do país e inúmeros segmentos. A aceleradora também conta com oito exits.
As quatro fases definidas pela Wow iniciam pela aplicação de um formulário e entrevistas com as startups. O processo é aberto para todos os investidores que assistem aos pitches, para tirarem dúvidas, debaterem entre si e, por fim, votarem nas startups preferidas. O investimento é feito por todo o grupo, e a avaliação foca em resolver possíveis problemas, levar soluções e alinhar a equipe com o desafio.
O CEO da Wow, André Ghignatti, afirma que não existe fórmula perfeita para garantir o sucesso de uma startup. “Naturalmente, a equipe é o pilar que tem a maior influência no resultado. É difícil apontar um tema mais frequente. Nosso portfólio é bastante diversificado, tanto por setores da economia quanto em modelos de negócio. Predomina o modelo SaaS B2B”, completa André.