Empresas criam consultoria para promover diversidade no ambiente corporativo

13/5/20
|
Publicado por 
Redação Start

Pesquisa do Kantar Inclusion Index aponta que 41% dos entrevistados se sentiram desconfortáveis no local de trabalho no último ano

Empresas criam consultoria para promover diversidade no ambiente corporativo
Empresas criam consultoria para promover diversidade no ambiente corporativo

Conhecido pela sua diversidade, o Brasil se tornou referência mundial pela junção de raças, credos e etnias. A realidade, no entanto, ainda é um pouco distante quando falamos do ambiente corporativo. Mesmo estando no 7º lugar no Kantar Inclusion Index 2019, primeiro índice global de diversidade e inclusão baseado exclusivamente em feedbacks de funcionários de todo o mundo, a visão de muitos funcionários ainda é de um cenário carregado de alguns preconceitos.

A pesquisa aponta que 41% dos entrevistados se sentiram desconfortáveis no local de trabalho no último ano. Os resultados foram coletados após a entrevista de 18 mil pessoas, em 14 países e 24 setores. O objetivo é de fazer com que as empresas entendam e abordem temas como diversidade, inclusão e igualdade no local de trabalho, levando em conta questões como gênero, etnia, idade, saúde, orientação sexual e bem-estar no trabalho.

Para Maira Reis, fundadora da camaleao.co, startup focada em soluções para diversidade LGBTQ, a diversidade vai além do que pensamos como padrão. Com isso, todos nós podemos nos classificar como diversos, seja por nossa cor da pele, orientação sexual ou maneira de pensar.

Além disso, Maira ressalta a importância das empresas entenderem qual é o momento que está passando e por que está pensando em inclusão e diversidade dentro dos negócios. Antes de estipular metas é preciso pensar na gestão do seu quadro de funcionários. “Por exemplo, antes de querer contratar uma pessoa LGBTQ, alguns gestores precisam dar um passo para trás e se questionar: por que eu preciso desse tipo de pessoa dentro da minha empresa? Ela será uma pessoa bem aceita e respeitada na minha empresa?”, questiona.

Entender a realidade das comunidades é um dos primeiros passos para a contratação e para um entendimento efetivo sobre diversidade. Para Maira, é necessário entender quais são as dificuldades, alegrias e demandas que essa pessoa enfrenta. “Isso é tão importante que a camaleao.co desenvolveu um treinamento para que as empresas saibam se portar no momento em que forem realizar um processo seletivo com pessoas LGBTQ, sabendo quais termos usar, ou evitar, por exemplo”, declara.

Para Gabriela Augusto, criadora e diretora da Transcendemos, não existe uma solução one-fits-all quando o assunto é diversidade. “Devemos entender quais são as dores específicas de cada empresa e, a partir daí, desenvolver um plano de ação. Mas, de forma geral, eu diria que o primeiro passo é conscientizar e treinar os seus colaboradores. Todas as pessoas precisam estar aptas a respeitar e promover uma cultura de inclusão”, relata.

O líder de diversidade e inclusão no Sicredi, Matheus Felippe, acredita que a grande força da diversidade é o trabalho com protagonismo. Locais mais abertos e que entendem seus colaboradores serão os primeiros a se adaptarem com um sistema de diversidade nos negócios. “É preciso também valorizar as pessoas. Muitas vezes, temos a realidade de empresas que se apoiam em cotas inclusivas e esquecem de todo o processo por trás disso”, salienta.

Mais do que realizar contratações sem um viés de geração de resultados, as empresas precisam enxergar a diversidade como meio para novas estratégias na empresa. Para a camaleao.co, o uso de métricas e revisão de formatos de negócio devem ser constantes para o desenvolvimento saudável da empresa.

Outro ponto crucial para a inclusão nas empresas é o acolhimento do ambiente e da equipe com os novos colaboradores. “A empresa precisa acolher os colaboradores que ela pretende inserir. É preciso que as pessoas sintam no ambiente que ele é um espaço de respeito e que a diversidade é respeitada”, coloca segundo Matheus Felippe.


“Não se posicionar também é um posicionamento”

Gabriela Augusto aponta que muitas empresas ainda têm algum tipo de receio para falar sobre diversidade e para se posicionar. “O grande problema é que não se posicionar também é um posicionamento. Podemos dizer, inclusive, que omissões como essa geralmente custam mais caro do que a implementação de um bom programa de diversidade e inclusão”, comenta.

A Transcendemos tem como objetivo ajudar outras organizações a se tornarem mais inclusivas. Desta forma, o principal desafio é mostrar para os líderes das empresas que diversidade e inclusão são assuntos estratégicos, pois têm impactos em várias áreas de um negócio: na atração e na retenção de talentos, na produtividade, na saúde mental e no bem estar de colaboradores e clientes. “Nós estamos desde 2017 trabalhando por um mundo mais justo”, conclui Gabriela.

Confira mais posts do Start