Esportes, saúde, inovação e empreendedorismo

30/3/23
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Publicado por 
Redação Start

Empreendedores falam como buscam impulsionar o mercado dos respectivos setores

Foto: Malik Skydsgaar - Unsplash
Foto: Malik Skydsgaar - Unsplash

Em um cenário onde muito se fala sobre as techs e o mercado de startups, para quem não conhece muito bem o assunto é possível se confundir facilmente, principalmente quando dois setores diferentes possuem uma certa conexão. Esse é o caso das healthtechs e sportechs, dois segmentos diferentes que utilizam a tecnologia para melhorar a saúde e o bem-estar das pessoas.

Sportechs são definidas como soluções baseadas em tecnologia para melhorar o desempenho esportivo e o condicionamento físico. Já as healthtechs se definem como empresas que utilizam bases tecnológicas para melhorar a prestação de cuidados de saúde e os resultados dos pacientes. Embora os dois sejam segmentos distintos, é possível observar uma certa conexão entre eles. Algumas tecnologias desenvolvidas podem ser utilizadas por ambos, o que demonstra essa relação.

Há um interesse constante no uso do esporte e da atividade física como meio de promoção da saúde e prevenção de doenças crônicas. Isso levou ao desenvolvimento de ferramentas esportivas, que foram projetadas para ajudar os indivíduos a atingir suas metas de condicionamento físico, performance nos esportes, ou simplesmente se manterem ativos e saudáveis. Portanto, healthtech e sportech são campos diferentes e com objetivos diferentes, mas que possuem oportunidades de colaboração e compartilhamento de conhecimento entre eles.

Assim como outros segmentos do mercado acompanharam uma evolução, os esportes também passaram por uma série de mudanças ao longo do tempo. Para o setor, a tecnologia é uma ferramenta que revolucionou a forma como os esportes são praticados, assistidos, divulgados e vivenciados. No Brasil, o setor de esportes enfrenta uma série de dificuldades, tanto para quem empreende, quanto para os próprios atletas que buscam se destacar no mercado. 

O potencial esportivo dos atletas do país é inegável, e muitos atribuem isso à garra dos atletas brasileiros, mas sem investimentos necessários, torna-se difícil dar continuidade à dedicação dos atletas às suas modalidades esportivas. As categorias que ocupam o topo no cenário esportivo e atletas de alto rendimento, como os jogadores de futebol e outros grandes esportistas recebem inúmeros patrocínios, ao mesmo tempo que outros lutam por espaço no mercado. 

As categorias de base e pequenos esportistas acabam por depender de auxílios governamentais como o bolsa-atleta, ONG’s de apoio de instituições públicas, como o que é oferecido pelas Forças Armadas aos atletas que competem nas olimpíadas. À medida que os próprios atletas enfrentam dificuldades para se doar por completo ao esporte, torna-se difícil empreender na área. Diante disso, para unir o sonho de empreender com o desejo de impulsionar esse mercado, a Soul Brasil Esportes surge com soluções inovadoras. 

A startup nasceu da paixão da ex-atleta profissional de judô Maria Teresa Publio Dias por esportes. Ao longo de 13 anos de experiência no setor, Maria Teresa já trabalhou com grandes equipes esportivas como Corinthians e Buffalo Bills (NFL), e estrelas do futebol como Marta e Alex Morgan. Após uma jornada como atleta, Maria decidiu se tornar Mestre em Administração do Esporte em uma universidade dos Estados Unidos, atuando em modalidades como futebol feminino e futebol americano.

A entusiasta do empreendedorismo e do esporte notou a diferença entre o desenvolvimento esportivo no país em comparação ao Brasil, desde a infância até a fase adulta. Em 2017, Maria passou a definir as primeiras ideias a respeito do negócio, que só foi validado oficialmente em 2020. Alguns estudos feitos pela startup mostram que cerca de 83% dos atletas não sabem fazer planejamento e, como consequência, não possuem entendimento básico de gestão financeira, treinos e competições.

Maria Teresa Publio Dias - CEO e fundadora da Soul Brasil Esportes | Foto: Alê Oliveira

As primeiras ideias se resumiam a criar um aplicativo para conectar atletas e patrocinadores. Hoje, a plataforma Soul Brasil Esportes oferece soluções completas para o atleta, com mais de 10 ferramentas que englobam os pilares da empresa. Por meio de um software especializado, a startup permite que o atleta consiga definir um diário de treinos, competições, calendário, objetivos e metas, gráficos e análises completas, cadastrar e analisar lesões, analisar oponentes, analisar as finanças e rankings.

O principal propósito da Soul Brasil Esportes é impulsionar todo o ecossistema esportivo a todos os envolvidos, desde os atletas até os possíveis investidores e espectadores do esporte. A startup busca gerar oportunidades para que as marcas possam explorar os ativos dos atletas e dar autonomia para que os mesmos busquem oportunidades que se encaixem em seus objetivos. O negócio se mantém ativo no mercado por meio de uma base tecnológica a partir de ferramentas nocode, como Bubble, como forma de baratear os custos e gerar rapidez nos desenvolvimentos.

A startup oferece três tipos de planos de assinatura para os atletas. Cada plano possui especificações e benefícios diferentes, como mentorias e conexões com treinadores, empresas e possíveis investidores. Já para empresas, a Soul oferece planos de assinatura que busquem se alinhar com a base de atletas, de acordo com os objetivos de cada empresa ou atleta. Além disso, a empresa pode utilizar o software B2B para a gestão dos atletas, acompanhando dados como performance, saúde e prestação de contas.

Por esse motivo, é importante que o atleta assinante da plataforma mantenha seus dados atualizados para que os possíveis players do mercado consigam avaliar e tomar as decisões de investimento. Para Maria Teresa, um direcionamento e mentoria de qualidade são essenciais para que o atleta se destaque no mercado.

Mas é importante avaliar questões como o status do atleta, se é profissional ou amador, quais modalidades ele pratica, se está dentro ou fora do mainstream e os objetivos de curto, médio ou longo prazo. A pirâmide do segmento é desproporcional se formos avaliar a quantidade de pessoas que praticam esportes, entre os que treinam frequentemente e participam de competições e os atletas que já ocupam o topo, que são os profissionais e de alto rendimento.

É importante lembrar que essa relação entre startup, atleta e empresários ou investidores precisam caminhar lado a lado. Maria afirma que muitos atletas chegam até a empresa buscando patrocínios, mas sem entender o mínimo para conseguir alcançar o sucesso em sua modalidade e se tornar um atleta profissional. Além do atleta, é preciso que as empresas estejam atentas e comecem a olhar para o esporte além da mídia.

“Já pensou em fazer um treinamento para a sua equipe com um atleta que é PMO certificado e já fez projetos em parceria com a NASA? Pois é, esse atleta existe, está na base da Soul e pode agregar seus conhecimentos técnicos com os valores e princípios do esporte. Claro que você levar a Marta para um evento de final de ano da empresa é uma coisa, e fazer um treinamento com um atleta amador é outra. São propostas diferentes. O nosso objetivo não é ter que escolher, mas sim mostrar que existem outros caminhos”, explica Maria Teresa.

Ela afirma ainda que, quando o empreendedorismo e a inovação caminham lado a lado, são capazes de desenvolver o setor de forma exponencial, com novos produtos, serviços e até mesmo novos nichos. Atualmente, a startup possui em sua base mais de 2,7 mil atletas em 41 modalidades diferentes e alcançou o top 5 em mais atletas de vôlei, basquete, futebol, atletismo e jiu-jitsu cadastrados.

“O mercado internacional há anos investe em inovação e fomenta novos negócios, justamente porque beneficia o ecossistema como um todo. Então acredito que, cada vez mais, o nosso país precisa olhar para o mercado esportivo, aplicar a inovação, estudar sobre novas tecnologias, disponibilizar para todos de forma acessível e fomentar cada vez mais o empreendedorismo”, completa Maria.

Por outro lado, existem negócios que buscam incentivar a saúde e bem-estar por meio dos esportes e exercícios físicos. As startups de saúde que promovem exercícios físicos estão se tornando cada vez mais populares, e a tecnologia tem sido a ponte para tornar os exercícios físicos mais acessíveis. Esse é o caso da Zenit, healthtech que oferece uma série de soluções em uma única plataforma.

A Zenit surgiu em 2016, quando os fundadores passaram a publicar conteúdos de exercícios em casa nas redes sociais e foram notados de forma expansiva, chegando a ter até 400 mil compartilhamentos em seus conteúdos. A partir disso, a equipe percebeu uma oportunidade de mercado que ia além das simples publicações no Facebook e resolveram investir no negócio.

A startup reuniu uma série de marcas em uma única plataforma, para que os usuários consigam realizar várias atividades dentro da plataforma. Ainda na fase inicial, a empresa se chamava Autoridade Fitness, mas após uma nova estruturação de marca, perceberam que o nome não fazia sentido com o propósito da empresa, que é oferecer um conteúdo amplo para todos os públicos, não apenas o nicho específico que se interessa pelo mercado fitness.

Para Fernando Teitelbaum, cofundador e COO da Zenit, os canais digitais para o segmento são essenciais diante da população sedentária. Segundo ele, cerca de 70% da população brasileira é sedentária ou possui algum tipo de problema com a saúde física e mental, o que demonstra a necessidade de investir no segmento. 

Foto: Divulgação | Fernando Teitelbaum, cofundador e COO da Zenite

Um estudo que durou nove anos de pesquisas, realizado pela Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, liga as atividades físicas ao fortalecimento do propósito e da vontade de viver. Durante o estudo, foram ouvidos mais de 18 mil participantes, entre homens e mulheres a partir dos 50 anos. A pesquisa consegue representar claramente a importância da prática de exercícios físicos e a relação dela com a saúde física e mental de cada indivíduo.

Fernando afirma que as soluções presenciais, como academias, estúdios de crossfit, grupos de corrida ou yoga, podem ser consideradas ambientes hostis para pessoas que não tem a prática dos exercícios. Outro motivo que leva ao sedentarismo é a falta de tempo para praticar atividades físicas ou até mesmo o alto custo das academias ou estúdios de modalidades específicas.

Por uma série de motivos, as soluções digitais se mostram mais eficazes para os públicos que querem mudanças na sua rotina, mas possuem certos empecilhos para de fato mudar. Como solução, a plataforma oferece todos os tipos de benefícios e atividades para os usuários. Entre as atividades, a ferramenta oferece treinos com o peso do corpo, treinos de baixo impacto, pilates, yoga, meditação, yoga para gestantes, treinos para pós-parto e com foco em diástase, lutas, crossfit, corridas, entre outros.

“Além disso, cada usuário com algum objetivo específico pode optar por entrar em pequenos grupos que possuem o mesmo foco, voltado para o seu propósito, com profissionais especialistas nas suas respectivas áreas, como educadores físicos de várias áreas e nutricionistas. O objetivo é ter uma solução que seja completa para que os usuários consigam definir as suas atividades conforme a necessidade e o perfil, com uma jornada hiper personalizada”, comenta Fernando.

Cada segmento, seja sportech ou healthtech, possuem a sua conexão em meio a um objetivo específico. No caso da Soul Brasil Esportes, o destaque é para atletas que buscam se inserir no mercado esportivo que vai além da saúde física e mental, e conseguir alcançar seus objetivos de sucesso por meio do cenário esportivo. Para a Zenit, os exercícios e atividades esportivas estão ligados diretamente ao condicionamento físico e saúde de cada usuário, que busca sair da jornada do sedentarismo e se movimentar para ter saúde acima de tudo. Mas, apesar das diferenças, as semelhanças são uma só, manter o corpo ativo seja qual for o objetivo do usuário de cada plataforma.

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