Filhos na era digital: Executivas revelam os principais desafios em ser mães na era digital

17/5/24
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Redação Start

Crescente adesão ao home office, dedicação intensa às tarefas cotidianas no mundo virtual e busca incansável dos filhos por telas, são alguns dos obstáculos

Foto: Unsplash
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Um total de 95% das crianças e adolescentes entre 9 e 17 anos de todo o Brasil acessam a internet, o que corresponde a mais de 25,1 milhões de pessoas nessa faixa etária no mundo virtual. É o que revela o estudo conduzido pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br) do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br), ligado ao Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br).

Os dados divulgados em outubro de 2023 mostram que em 24% do total de casos, o primeiro acesso à internet aconteceu antes dos seis anos. Diante do cenário cada vez mais tecnológico, mães enfrentam inúmeros desafios para conciliar o trabalho com a vida familiar. A crescente adesão ao home office, dedicação intensa às tarefas cotidianas no ambiente virtual e busca incansável dos filhos por telas são alguns dos desafios encontrados. Mães que enfrentam essas adversidades, uma vez que os filhos já estão bem avançados no uso da tecnologia revelam seus olhares sobre o contato no ciberespaço. Veja a seguir:

Patricia Travassos, fundadora da Prosa Press, produtora audiovisual

“Minha filha de 9 anos quando senta à mesa para tomar café da manhã, cumprimenta a assistente virtual como se fosse mais alguém da família”, conta Patricia Travassos.
“Depois de interagir com a Alexa para saber da previsão do tempo, ligamos o Waze para evitar congestionamentos até a escola. Na volta, sem pressa, a gente liga o Spotify e vem cantando. Quando chega em casa, o tablet já está tocando. São as amigas chamando no Messenger Kids para jogar Roblox”, completa.

O relato, que parece ficção científica na infância, é da executiva com a filha de 9 anos. Ela reconhece que o mundo mudou se comparado com a sua infância. Por isso, um dos principais desafios enfrentados é reduzir o tempo de tela da filha.

“Reconheço o acesso a tantos estímulos e informações interessantes. Por outro lado, tem tanto conteúdo vazio fazendo um sucesso perigoso. É preciso estar atenta. O equilíbrio é uma busca diária aqui em casa. Mas, confesso que, às vezes, duvido que ele exista”, explica.

Segundo Patricia, os eletrônicos são proibidos na mesa durante as refeições. Até surgir a primeira dúvida sem resposta, conta.

“Neste caso, sugiro a busca em ferramentas de busca, mas só depois do jantar. Desta forma, conseguimos dar um tempo do mundo virtual e aproveitar mais os momentos longe da tecnologia”, pondera.

Andrea Miranda, CEO da STANDOUT, maior empresa de trade marketing digital do Brasil e referência em inteligência no setor.

"Meu filho está nos iminentes 18 anos, e para mim, mãe e executiva de tecnologia, eu diria que a Era Digital tenha começado um pouquinho antes. Tive a oportunidade de ter debates sobre tempo de tela numa época em que os smartphones eram praticamente inacessíveis para as crianças e, ao mesmo tempo, superestimados pelos executivos. Mas a questão que se impõe nesse debate é atemporal e agnóstica quanto a tecnologia: “Onde está o limite?”, conta a CEO.

Andrea reconhece que os excessos, seja no tempo dedicado às telas ou em qualquer outro aspecto da vida, podem ser prejudiciais. No entanto, como profissional do ramo de tecnologia desde muito antes da transformação digital, ela valoriza a importância de manter uma perspectiva equilibrada, uma vez que a tecnologia é uma parte integrante do nosso futuro:

“Quero olhar para a médica do amanhã que salvará vidas operando por meio de robótica por ter sido a menina gamer que, devido ao tempo de tela, saberá diferenciar um pixel de outro como ninguém. Quem sabe imaginar o advogado do futuro que se divertiu com os milhares de livros digitais que leu ou talvez a pilota de drones que foi imbatível jogando avançados simuladores aéreos”, conta.

A mensagem central da CEO é clara: o foco deve estar na qualidade do tempo gasto diante das telas, tanto para as crianças quanto para os adultos. Em um mundo cada vez mais digital, é essencial repensar a educação e encontrar uma harmonia que promova o desenvolvimento saudável em todas as áreas da vida.

Natália Castan, CEO e fundadora da Unite, ecossistema latino-americano de soluções para o atendimento ao consumidor.

“Sou mãe de um casal de filhos, Paulo com 12 anos e Isabela com 11 anos. Meu desafio é fornecer-lhes ferramentas e consciência para que não se tornem fantoches nas mãos das tecnologias que são programadas para manipulá-los. Mostrar a eles que o mundo é muito maior do que os algoritmos é uma obrigação. Evitar o acesso a qualquer programa que não seja adequado para a idade deles é fundamental, por mais que seja, muitas vezes, nadar contra a maré”, enfatiza a CEO.

Como profissional experiente, Natália acredita que consciência é poder, e seu objetivo é torná-los cidadãos críticos no mundo digital.

“Entendo que repertório, diálogo, viagens, e experiências das mais diversas, de preferência na natureza, dará a meus filhos amplitude de visão, para que a tecnologia esteja no nível de importância que merece. Ora, se os filhos dos próprios criadores dessas tecnologias não têm acesso livre, por que os meus teriam?”, finaliza.

Carolina Fernandes, CEO e fundadora da Cubo Comunicação, hub de marketing e comunicação

“Nesta rotina, a Alexa me ajuda. Meu filho coloca o timer de 30 minutos - tempo estabelecido no nosso combinado - e, assim que ela toca, ele desliga a TV. Dessa forma, crio autonomia e responsabilidade”; é como a executiva Carolina Fernandes, CEO e fundadora da Cubo Comunicação, descreve como a tecnologia está presente na sua rotina com seu filho de seis anos.

Ela comenta que estabeleceu horários e padrões para ter mais tempo de qualidade e aproveitando o dia a dia ao lado dele.

“Ajustei minha rotina para home office na maior parte do tempo, exceto quando estou em viagem. Tenho um cômodo, que é o meu escritório, dentro da minha casa. Dessa forma, mesmo com a rotina corrida, consigo ter algumas refeições juntos e levá-lo na escola. Nem todo dia é possível por conta de reuniões e eventos externos, mas tento estabelecer de duas a três vezes por semana nesse formato”, informa.

Carolina diz que, por mais que a tecnologia esteja presente no dia a dia, estabelece horários para que o filho tenha tempo de qualidade longe das telas.

“Temos as nossas ‘regrinhas’ coladas na porta da geladeira para ele e para apoiar a minha ajudante nessa rotina. Seja brincando com os vizinhos ou indo à piscina nos dias de sol, é essencial ter esse tempo fora da vida online. Retirei o videogame nos dias de semana, mas aos fins de semana segue na mesma linha de respeitar os horários”, conclui.

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