Jardinagem como negócio: o potencial de unir uma atividade terapêutica com o empreendedorismo

10/7/24
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Publicado por 
Redação Start

Jardinagem como negócio: o potencial de unir uma atividade terapêutica com o empreendedorismo

Foto: Unsplash
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Em um mundo onde a busca por qualidade de vida e bem-estar se torna cada vez mais intensa, a jardinagem surge não apenas como uma atividade relaxante, mas também como uma oportunidade de negócio lucrativo. Transformar a paixão pelas plantas em algo rentável vem sendo uma alternativa muito positiva para muitos brasileiros, que unem a criatividade e a dedicação em busca de um lugar no mercado. 

Histórias inspiradoras de pessoas que fizeram da jardinagem um negócio de sucesso mostram como é possível enfrentar desafios, inovar e colher os frutos de um trabalho apaixonado. Casos de sucesso, tendências do setor e a potencialidade da jardinagem como chave para uma vida mais próspera e harmoniosa são temas que revelam o impacto positivo dessa transformação.

Gabriela Pileggi, fundadora do @JardineiroFiel, inicialmente advogada, encontrou sua verdadeira paixão no paisagismo e decidiu transformar essa paixão em um negócio. Ao abrir sua empresa de paisagismo, começou vendendo plantas para que os clientes pudessem decorar seus próprios espaços. Porém, percebeu que os seus clientes tinham preferência por serviços personalizados. Com isso em mente, ela mudou o foco de seu negócio para oferecer serviços completos de paisagismo, incluindo projetos e consultoria. Atualmente, a empresa é reconhecida pela criação e implantação de projetos de paisagismo e pela consultoria especializada que oferece.

Ao longo dessa jornada, Gabriela conta que as pessoas só passam a pensar em paisagismo após terminarem suas grandes reformas e gastarem muito com decoração e arquitetura, e esse momento passa a ser desafiador devido à pouca disponibilidade financeira dos clientes neste momento. A partir disso, a empreendedora passa a ajudar seus clientes a superarem essas barreiras, entrando no processo de paisagismo logo após a obra principal, e depois mostrando como é possível gastar de forma consciente ao incorporar plantas no projeto e na implantação.

Além disso, ela destaca que outro momento desafiador nessa jornada foi perceber a importância de separar os serviços de implantação e manutenção de jardins. No início, Gabriela oferecia serviços completos, desde o projeto até a implantação e manutenção dos jardins, utilizando a mesma equipe de jardineiros. No entanto, logo percebeu que a manutenção exigia um cuidado diferente e precisava ser realizada por profissionais especializados. Foi aí que Gabriela decidiu focar exclusivamente na implantação de jardins, com uma equipe dedicada apenas à criação de projetos de paisagismo, enquanto a manutenção é terceirizada para parceiros especializados.

Foto: jardineiro fiel
"Minha empresa é relativamente pequena, com poucos funcionários. Nossa principal estratégia é o uso das mídias sociais para divulgar nosso trabalho, gerando boca a boca e atraindo clientes, muitos via Instagram. Além disso, participo regularmente de programas como Casa Cor e eventos no Iguatemi, associando nossa marca a públicos-alvo relevantes. Essas parcerias estratégicas nos ajudam a ampliar nossa visibilidade e alcançar novos clientes. Em termos operacionais, tenho uma pessoa interna dedicada a compras de plantas, garantindo que cada escolha seja como adquirir uma obra de arte. Para projetos maiores, organizamos cuidadosamente a logística de entrega das plantas, tanto localmente quanto em outras regiões”, comenta Gabriela.

Gabriela conta que viu sua trajetória dar um salto significativo em 2015 quando recebeu um convite para participar do programa da GNT.

"Recebi um convite inesperado do diretor do programa, e isso mudou minha visibilidade e desafios profissionais", lembra Gabriela.

Após três anos no programa, ela se tornou conhecida no meio, o que trouxe oportunidades como colunas na Casa Cláudia e programas semanais no Iguatemi sobre jardinagem, antes da pandemia. Para Gabriela, a exposição na mídia não só aumentou a visibilidade de sua marca, mas também a distinção entre jardinagem e paisagismo.

"Jardinagem envolve serviços diretos ao cliente, enquanto paisagismo é mais sobre projetar e criar. Por esse motivo, treinar equipes se torna essencial para atender à demanda crescente", enfatiza a empreendedora sobre a importância de ter uma equipe bem preparada para garantir o sucesso no setor.

Assim como Gabriela, Rafael Barbosa, fundador do @VidadeJardineiro e da Clínica do Jardim, descobriu sua paixão pela jardinagem de maneira inesperada e transformadora. Antes trabalhando como office boy e insatisfeito com sua carreira, Rafael teve um momento revelador durante uma entrega de medicamentos. Ao encontrar um conhecido cuidando de um pequeno jardim, Rafael ficou curioso ao notar a lucratividade e a gratificação pelo trabalho desenvolvido pelo seu colega. Ele conta que ao ver seu conhecido com um retorno positivo por meio de uma atividade tão simples e satisfatória, enquanto ele, insatisfeito com uma carga de trabalho excessiva, foi a principal motivação para buscar a transição de carreira.

Ele destaca que uma das suas maiores dificuldades enfrentadas ao longo da jornada empreendedora foi aprender a lidar com aspectos básicos que fazem parte da vida do empreendedor, mas que, em sua maioria, são aprendidas por meio de experiência ou cursos profissionalizantes, como gestão de negócios, finanças e liderança. Rafael conta que, sem referências familiares no ramo, enfrentou a falência e o endividamento antes de buscar ajuda e reconstruir sua carreira. Foi na combinação de fé e ação que encontrou o seu caminho para reerguer seu negócio.

Com pouca experiência em marketing digital, o empreendedor percebeu o poder das redes sociais para expandir seu novo empreendimento e passou a produzir conteúdos voltados para o seu nicho. Em suas redes sociais, ele ensina que ao compartilhar seu conhecimento, constrói uma relação de confiança com seu público-alvo, mostrando exemplos na prática. Atualmente, sua empresa evoluiu de focar em manutenções para se destacar em projetos completos de paisagismo, gerenciando cuidadosamente os insumos essenciais, como EPIs e materiais para roçadeiras, para garantir a qualidade dos seus serviços. Quanto às plantas, ele adota uma abordagem estratégica, fazendo suas encomendas próximas às datas de implantação, assegurando a saúde e beleza das plantas durante o transporte e adaptação ao ambiente.

Foto: Arquivo pessoal
"Nossos serviços semanais exigem flexibilidade e planejamento constantes, sabendo que nunca alcançaremos a perfeição em organização. Nos adaptamos rapidamente às mudanças para manter a empresa em movimento contínuo. Ao contrário do que muitos pensam, não foi um único serviço que nos trouxe reconhecimento. Dia após dia, obra após obra, documentamos nosso trabalho em imagens e vídeos, destacando nossa dedicação e constância. Valorizamos mais o esforço contínuo do que o talento isolado. Em cada vídeo, transmitimos a mesma empolgação, enfatizando nossa atenção aos detalhes, essenciais para nossos clientes, cujas casas representam seus sonhos. Essa abordagem nos destaca e conquista o coração de proprietários de todos os tipos de espaços”, comenta Rafael.

Para quem deseja investir em um segmento, Rafael indica que é essencial absorver o máximo de conteúdo relevante ao seu nicho, como seguir com referências no ramo, investir em cursos e conhecimento para se destacar da concorrência. 

Bióloga de formação, Bianca Maria, assim como Rafael e Gabriela, viu nas plantas uma oportunidade de unir sua paixão pelas plantas a um negócio que pudesse trazer resultados financeiros e satisfação de trabalhar com algo que ama e levar qualidade e beleza aos ambientes dos seus clientes, utilizando plantas nativas da Amazônia. Ao finalizar seu curso de graduação, Bianca conta que foi trabalhar na Secretaria de Meio Ambiente, em Manaus, Amazonas, e foi designada para atuar no Orquidário do Parque do Mindú, reserva ecológica na área urbana do município.

Ela relata que na época passou a pesquisar cursos e profissionalizações que pudessem enriquecer ainda mais os seus conhecimentos sobre plantas, foi quando percebeu que no Amazonas o mercado de paisagismo ainda era carente, e começou a pesquisar cursos fora do Estado, especificamente em São Paulo, onde permaneceu por um ano. Durante esse período, ela conta que se dedicou integralmente aos estudos e à prática, aproveitando todas as oportunidades de aprendizado e estágio, inclusive com o renomado escritório de Ricardo Cardim, pioneiro em paisagismo sustentável no Brasil.

Após uma longa jornada de aprendizados, Bianca voltou para Manaus e se deparou com um grande desafio, que é o alto custo de insumos e pouca variedade de insumos para o paisagismo. Segundo ela, plantas que em São Paulo custam em média 10 reais, em Manaus podem custar até 65 reais. Esse preço elevado dificulta a criação de projetos acessíveis. Para enfrentar essa dificuldade, além de manter um viveiro de plantas na própria casa, Bianca trabalha com fornecedores fixos e, na maioria dos seus projetos, busca promover o chamado paisagismo sustentável, que utiliza plantas nativas para decorar os ambientes. 

Apesar dos desafios, a empreendedora tem encontrado sucesso no seu modelo de trabalho, visto que boa parte dos seus clientes entendem e aceitam a importância de usar plantas nativas em suas decorações. Ela destaca que a popularidade de seu trabalho vem crescendo ao longo dos sete anos de dedicação, principalmente por meio de indicações, além do investimento recente nas redes sociais em busca de atrair novos clientes e fortalecer sua presença no mercado de paisagismo em Manaus.

Foto: @paisagistabiancamaria
“Infelizmente, na área da jardinagem  tem muita gente de má vontade, que mostram a foto de uma planta e quando chega é outra coisa. Então eu procuro fechar parcerias com fornecedores de confiança para evitar surpresas. Atualmente, estou fazendo o projeto da fábrica do Waku Sese, franquia de açaí, onde o cliente pediu pra usar da minha criatividade. Cheguei com ele com a sugestão de fazer um bosque com tudo sustentável, usando espécies frutíferas amazônicas como guaraná, açaí, caju, urucum, jutairana mapati, sorva, entre outras. Vai ser um grande bosque com as plaquinhas especificando cada espécie com os nomes de uma agrofloresta, uma estação gigantesca de painel solar, um projeto que ainda está em andamento”, conta Bianca.

Para ela, o mercado de paisagismo e jardinagem é amplo e oferece inúmeras oportunidades para profissionais dedicados. Ela acredita que qualquer pessoa que for inserida ao mercado vai entender que ela terá o seu local de destaque.

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