Marketing político: conceito e importância para a imagem da figura política
Em ano de eleições municipais , especialistas falam sobre como buscar estratégias assertivas para o período eleitoral

Além do bom caráter, ações de transformação social e a busca por soluções inovadoras que contribuam com o bem-estar da sociedade, os políticos precisam utilizar ferramentas e estratégias para conquistar a popularidade e a confiança por parte de possíveis eleitores. O Marketing Político, é essencial para tornar a figura política uma referência que pode influenciar a escolha de eleitores com relação ao candidato, partido ou ideologia política.
Em ano de eleições municipais, o marketing político se faz necessário para que os eleitores possam analisar as propostas e, posteriormente, escolher bem seus representantes. Explicando o conceito de forma simples, a equipe da redação Start conversou com autoridades no assunto. Zeca Honorato, especialista e atuante do setor, afirma que marketing político é o conjunto de estratégias e ações que visam gerar reputação positiva e orientar a comunicação de agentes públicos, governos e entidades de classe.
Segundo ele, as pessoas confundem com marketing político eleitoral, que é baseado nos mesmos objetivos já citados, mas com o foco em eleições, sejam elas partidárias e eleições de clubes, entidades empresariais, sindicatos e outros. Já Fred Perillo, consultor político e professor, compartilha que é preciso fazer uma diferenciação entre ambos. Ele aponta que o marketing que se pratica especificamente no período oficial da campanha, é o eleitoral. Já o marketing político é permanente, não apenas circunscrito ao período eleitoral.

“A comunicação de um vereador, ou prefeito, ao longo de um mandato, de quatro anos, deve ser gerida sobre a perspectiva do marketing político. Ou seja, o marketing político ultrapassa o período eleitoral. Uma outra definição que gosto muito, bem simples, é que o marketing político busca maximizar forças e minimizar fraquezas de um candidato ou candidata”, comenta Zeca
Zeca compartilha ainda que a contratação de um bom profissional de marketing político pode ser vital para a construção da reputação, da comunicação e para a gestão de eventuais crises e o controle da narrativa é fundamental nesta área. Dessa forma, o profissional da área carrega a responsabilidade de auxiliar a figura política na conquista de seus eleitores de forma genuína.
“Trabalhar com pesquisas qualitativas é só desenvolver estratégias de comunicação. Para os candidatos e candidatas a vereador, eu recomendo atenção especial aos cadastros, CRM, contato com eleitores física e digitalmente de forma permanente. Não deixem para construir sua imagem e seu grupo multiplicador na última hora. A eleição não acontece na eleição. Ela se configura antes, na preparação e organização”, inclui Zeca.
Além disso, Fred acrescenta que é fundamental que o gestor público tenha apoio profissional na área de comunicação. Segundo ele, é importante que a comunicação tenha assento à mesa das decisões estratégicas. Ele afirma que a comunicação e o marketing não servem apenas para divulgar e sim participar com voz ativa das decisões estratégicas, seja um mandato, campanha ou empresa. Além disso, é necessário utilizar as redes sociais de forma estratégica e ativa para mostrar o que o político faz, de que maneira se posiciona e quais opiniões ele pode compartilhar com o seu público.
Ele destaca ainda a autenticidade como o princípio básico para manter a essência e, consequentemente, conquistar o público. Ele ressalta que um consultor capacitado, pode ser capaz de fazer uma eficiente leitura de cenário para extrair do candidato a sua essência, utilizando técnicas como pesquisa quantitativa e qualitativa, entrevista diamante, análise Swot e outras estratégias.

“Tudo começa pelo propósito, se ele for bem vendido, a campanha já começa bem. O pior marketing é aquele que "muda" o candidato. Nós fazemos ajustes, adaptações - olhando não apenas para o candidato mas também para a concorrência - para criar uma marca pessoal forte. Para isso, se trabalha a comunicação pessoal em vários níveis, incluindo o verbal, o não verbal e o vocal”, acrescenta Fred.
Entre os erros mais comuns cometidos pelos políticos, Zeca aponta o uso de ideias que deram certo para outros candidatos em outras praças, que geralmente não funcionam. Segundo ele, cada figura tem suas virtudes e deficiências a exaltar e corrigir, assim se faz necessário a presença de um consultor e profissional que possa orientar e criar estratégias assertivas para o perfil do candidato ou político.
Fred aponta ainda o erro de desconsiderar o peso da pré-campanha, focar a campanha (ou pré) apenas em elementos racionais, como as propostas, e por fim, o improviso, que é acreditar na vitória sem o auxílio de um profissional.
“A campanha de 2024 já começou há muito tempo. A pré-campanha simplesmente "engoliu" a campanha. O que se fizer nos próximos seis meses serão ainda mais decisivos do que a campanha propriamente dita, em agosto e setembro. Quem deixar para começar na última hora, está errando muito. O voto vem da emoção, e muito pouco da razão. Portanto, mais do que fazer, como eu já disse, é preciso ser. E entender que as redes sociais são canais de entretenimento. É preciso ter um time, mesmo a campanha de vereador mais modesta, porque hoje não há mais espaço para achismos. É profissionalizar ou morrer na praia”, afirma.
Ele compartilha uma metodologia criada, chamada Triângulo da Influência, onde é possível compreender que mais do que ter uma boa reputação (que é uma obrigação e não diferencial), é preciso que o candidato seja um influenciador. Ou seja, é necessário que ele tenha a capacidade de persuadir e convencer as pessoas.
“A estratégia é baseada no tripé Intenção, Ação e Conexão. Intenção é propósito, é mostrar para as pessoas o que move e motiva um político. Ação são os problemas que ele efetivamente resolve na vida das pessoas. E Conexão é a forma humanizada de se comunicar. Como eu sempre tenho dito, não basta fazer, é preciso ser. Hoje em dia, a personalidade de um político é tão ou mais importante do que a sua competência. Portanto, todo candidato tem que saber se comunicar criando conexão e empatia com as pessoas, e isso inclui técnicas como o storytelling e os gatilhos mentais”, finaliza Fred.