Mulheres na TECH: dores e vitórias nas lideranças

26/5/23
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Redação Start

Por Giovanna Rossi, Diretora de Produtos e Design da Rethink

Foto: Divulgação - Rethink
Foto: Divulgação - Rethink

Falar sobre liderança feminina no setor de tecnologia é algo que mexe muito comigo, porque ser mulher no mundo corporativo ainda é um grande desafio. E ser mulher, líder e estar num setor majoritariamente masculino é definitivamente uma luta diária.

Trazendo um pouco da minha trajetória, foi difícil colocar em palavras exatamente os elementos que me fizeram chegar onde estou, a verdade é que fui aprendendo a lidar com as adversidades do mundo corporativo e me superando a cada obstáculo. Na maioria das vezes eu era a única mulher dentre muitos homens e precisei aprender a conviver e sobreviver neste ambiente. No início da minha carreira eu falava pouco, tinha medo de me posicionar, expor os meus pensamentos, medo de ser julgada, interrompida ou de não ser ouvida. Medo de não ser capaz o suficiente para falar sobre aquele assunto, por mais que eu o conhecesse muito bem.

Mas desde pequena sempre quis ter uma carreira sólida, liderar causas, pessoas, iniciativas, sempre quis aprender e me desenvolver, assim como muitas meninas e mulheres por aí, e se eu não falasse como ficaria o meu sonho? Então, aos poucos, conscientemente, fui me forçando a me posicionar e encontrando maneiras de ter voz. Era uma tarefa árdua, pois no meio das tentativas enfrentava muito machismo mesmo que velado em palavras calmas e sorrisos sarcásticos. Arrisco dizer que uma mulher gasta pelo menos 4 vezes mais energia mental e física do que um homem para realizar tarefas simples no ambiente corporativo, pois sentem que precisam pensar muito antes de falar ou agir para não serem mal interpretadas ou julgadas.

Com o passar do tempo e experiência, comecei a ter mais segurança sobre mim, entender melhor como funciona a dinâmica corporativa e a importância de enfrentar os diversos cenários aos quais eu me encontrava. Quando entrei no mercado de tecnologia os desafios não foram diferentes, o setor de tecnologia é conhecido por ser dominado por homens, o que pode tornar difícil para as mulheres avançarem em suas carreiras e assumirem cargos de liderança.

No entanto, entendi que muitas habilidades que ganhei ao longo da minha trajetória, principalmente comportamentais, me ajudariam a crescer nesse mercado tão promissor. A capacidade de me adaptar, de mudar, de trabalhar em equipe, ter um olhar holístico sobre a situação e a necessidade dos negócios me ajudou a unir a visão dos negócios com a tecnologia, a liderar e inspirar muitas pessoas na área a olharem para a mesma direção e atingirem juntos os mesmos objetivos.

Chegou um momento em que o medo ficou de lado e quando vi, já estava liderando mais de 70 pessoas em uma empresa do setor tecnológico. Até hoje é uma tarefa que exige esforço e consciência da minha parte, mas o mercado foi mudando ao longo dos anos, o assunto sobre igualdade de gênero está sendo cada vez mais discutido e ganhando espaço nas corporações que vêm contribuindo para que as mudanças ocorram de maneira mais acelerada. E o melhor é ver outras tantas mulheres em busca do mesmo movimento e representatividade.

As dores que as mulheres enfrentam ao tentar assumir cargos de liderança no setor de tecnologia, assim como em muitos outros setores, incluem a falta de representação feminina em cargos de liderança, a discriminação de gênero e a falta de oportunidades de desenvolvimento profissional. Muitas vezes, as mulheres são subestimadas e não recebem o mesmo reconhecimento que seus colegas masculinos, o que pode levar a uma falta de confiança e autoestima.

Mas hoje, depois de mais de 13 anos de profissão, percebi que assim como eu, as mulheres que conseguem superar essas barreiras e assumir seus papéis com coragem e consistência experimentam muitas vitórias. Elas se tornam modelos para outras mulheres que desejam seguir seus passos e inspiram mudanças positivas no setor de tecnologia e em muitos outros. Além disso, as mulheres líderes trazem perspectivas únicas e valiosas para a mesa, o que pode levar a uma maior inovação, criatividade, humanização e sucesso nos negócios.

Para ajudar as mulheres a superar as dores e alcançar as vitórias em suas carreiras, é importante que as empresas adotem políticas de diversidade e inclusão, ofereçam oportunidades de desenvolvimento profissional e criem uma cultura de apoio e igualdade de gênero. As mulheres também podem se beneficiar de mentores e redes de apoio, bem como de se envolver em organizações que promovem a igualdade de gênero.

Também é muito importante que haja uma quantidade significativa de mulheres em posições de liderança, pois só assim, as mulheres poderão se apoiar e dar espaço para outras vozes femininas e essas, serem ouvidas com menos preconceitos e julgamentos. Líderes mulheres tendem a apoiar e puxar outras mulheres para o lugar do crescimento, o que ajuda a abrir cada vez mais portas para todas. Ter outras mulheres na mesa, encoraja todas a avançarem juntas diante desse grande desafio e mais, com o apoio adequado encorajamos as próximas gerações a não silenciar, superar as barreiras de gênero e a entender que juntas elas podem estar onde quiserem estar.

*Giovanna Rossi é formada em Relações Públicas com pós-graduação em Gestão de Negócios e Pessoas pelo Insper. Há mais de 12 anos atua como líder em gestão de produtos digitais em ambiente ágil, desde a estratégia, concepção até o lançamento e crescimento de aplicativos, sites, API e SaaS. Trabalhou em empresas do mercado de veículos e food service e hoje está como Diretora de Produtos e Design e sócia da Rethink, empresa que cria e repensa soluções digitais, liderando os times de Produto, Agilidade, Design e Dados. Atualmente, a empresa conta com mais de 200 colaboradores e tem entre os seus principais clientes a Smiles, Comgás, Esfera, Gol e Abastece-aí.

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