Panorama do e-commerce: evolução do setor no Brasil

1/11/23
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Redação Start

Especialistas compartilham as motivações que contribuíram para o crescimento do e-commerce no país

Foto: Unsplash
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Caracterizado como uma das alternativas utilizadas para as empresas que desejam impulsionar e ampliar suas vendas, o ambiente virtual é uma excelente ferramenta. O comércio eletrônico, ou e-commerce, possibilita que negócios ganhem visibilidade, alcancem novos públicos, trabalhem com produtos nichados e reduzam significativamente os gastos gerados. A importância do e-commerce para o cenário digital, em que vivemos atualmente, é fundamental, visto que as pessoas têm buscado com cada vez mais frequência comprar online. 

Segundo uma pesquisa da Neotrust, fonte de dados e inteligência sobre o e-commerce brasileiro, em 2022, o número de clientes únicos teve um salto de 23,3 milhões para 24,2 milhões. Para os próximos anos, existem inúmeros fatores que podem contribuir com o impulsionamento do mercado eletrônico. Juliana Vital, CRO da startup argentina Nubimetrics, afirma que apesar do crescimento ser contínuo, o mercado é desafiador. Segundo ela, o Brasil viveu uma deflação, já que geralmente o estoque é planejado com certa antecedência, ou seja, marcas e vendedores tiveram um custo para obter esse estoque que, agora na prática na hora de vender com a deflação, acaba valendo menos. 

Ela explica que isso pode afetar o ticket médio, por exemplo, e manter o crescimento em períodos como este - com o cenário macroeconômico global - é extremamente desafiador. Por isso, Juliana ressalta que é importante analisar o contexto ao lado da métrica de crescimento para entender o efetivo resultado. Em termos de projeções de mercado, a especialista acrescenta que, no geral, todas apontam que 2023 deve fechar com um crescimento positivo, pois ainda temos as datas de venda mais importantes do ano pela frente, que devem ter resultados melhores comparados ao ano anterior.

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O mercado brasileiro, sem dúvida, no e-commerce é o mercado mais maduro, com maior potencial, o maior mercado quando a gente olha para a América Latina como um todo, o jeito que esse mercado está estabelecido prova isso. A gente tem diversos players, grandes players dividindo o share de mercado, o que dificilmente acontece em outros países da América  Latina, você tem um ou dois grandes que dominam o mercado. Por isso, o mercado do Brasil é muito maduro e possui muito potencial, e nosso segundo mercado potencial é o México que tem negócios muito estabelecidos”, comenta Juliana.

Ela afirma ainda que quando olhamos para um mercado que costumava crescer em ritmos baixos, com no máximo 10%, cresceu no primeiro ano da pandemia cerca de 70%. No segundo ano de pandemia, a especialista afirma que o mercado apresentou um crescimento de mais 27%, o que reflete nos bons resultados que o país vem tendo nos últimos anos. Já no ano passado, Juliana compartilha que o país apresentou um crescimento de 5%.

“Oviamente o mercado se acomodou, mas é um movimento que não volta mais. Agora, é ano a ano seguir crescendo em ritmos acelerados (dentro da normalidade) de acordo com o cenário que se apresenta na macro economia global”, pontua.

Lucas Machado, marketing sênior da Cartpanda, empresa que oferece soluções para o ecossistema de e-commerce, compartilha que, segundo dados da ABComm, o e-commerce já faturou R$80 bilhões nesse primeiro semestre de 2023. Ele assegura ainda que o cenário atual é bem promissor para os grandes lojistas e também para os pequenos empreendedores. Ele compartilha que a tendência de crescimento deve continuar, especialmente com as mudanças nos impostos de produtos importados. Os consumidores devem procurar cada vez mais soluções dentro do próprio Brasil.

Para os próximos cinco anos, Lucas afirma que veremos uma necessidade de soluções logísticas ainda mais eficazes de forma geral, visto que as expectativas para os prazos de entrega estão altíssimas. Além disso, as empresas devem investir mais em experiências de compra personalizadas. Ele ressalta que, no decorrer dos anos, o e-commerce tem se mostrado muito maduro diante dos players do mercado, o que gera uma evolução do mercado, que precisa acompanhar o consumidor que também evoluiu muito nos últimos anos.

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“Algumas apostas para seguir essa evolução é a a hiperpesonalização na jornada de compras. Temos muitos dados rastreáveis no e-commerce sobre o comportamento do consumidor, inclusive com granularidade a nível individual, o que nos permite personalizar ao extremo essa jornada se antecipando às necessidades do consumidor. Outro ponto é que antes se falava muito de omnichannel, a evolução disso é não efetivamente estar em todos os canais, e sim os que fazem sentido para o seu consumidor e para a jornada de compra dele”, comenta Lucas.

Ele compartilha que, muitas vezes, a jornada de compra de um determinado produto começa em um canal online, passa pelo offline, e a finalização pode ser no online. Segundo Lucas, a evolução é garantir que essa jornada, independente por quais canais o cliente passa, seja fluida, projetada para levar a conversão e garantir a experiência de excelência com a marca em todas as etapas.

Andrea Miranda, CEO e cofundadora da STANDOUT, martech que auxilia marcas e indústrias a falarem diretamente com os seus públicos na página de produtos dos e-commerces, compartilha que no Brasil, o e-commerce apresentou uma baixa no setor de Eletrodomésticos, Telefonia e Eletrônicos, o que pode sinalizar que houve uma antecipação de consumo nessas categorias em 2022. Em oposição a esse cenário, ela explica que a categoria de perfumaria e cosméticos apresentou um crescimento de quase 6%.

Ela compartilha que é possível notar um crescimento e um bom desempenho no setor de Trade Marketing. Segundo ela, a maioria das grandes empresas multinacionais e uma boa parte das nacionais já percebeu a importância do trade digital no seu relacionamento com seus shoppers e tem conseguido inúmeros insights a partir dessa comunicação bem feita nos e-commerces. Segundo ela, o e-commerce será cada vez mais a grande porta de entrada do consumo e da informação. 

Andrea esclarece que os shoppers estão se acostumando cada vez mais a buscar dados e funcionalidades sobre os produtos e serviços que estão considerando adquirir nos varejos digitais. O público consumidor sabe que é no digital que tudo está de fácil acesso e usa essa proximidade para elaborar suas decisões de compra. Com cada vez mais usuários a cada ano, o e-commerce brasileiro deve se firmar como um dos maiores do mundo.

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“Tendência é sempre uma aposta, e cinco anos é realmente uma eternidade quando se fala de digital. Dito isto, eu apostaria minhas fichas na área de experiência do consumidor: algumas fichas em assistentes virtuais em linguagem natural, tanto para adquirir conhecimento dos produtos quanto para efetivação das compras, e algumas fichas em experimentação digital de produtos”, comenta.

Odair da Rosa, sócio e diretor comercial da Magazord, empresa que atua com soluções para e-commerces que desejam alavancar, afirma que olhando para o cenário geral, mesmo não sendo um grande ano para a economia brasileira, o mercado de e-commerce se mantém com ótimos números. Segundo ele, de janeiro a junho de 2023, o país teve uma média de 2,32 bilhões de acessos por mês em lojas virtuais. Levando em conta que o segundo semestre possui datas importantes para o comércio, como a Black Friday e o Natal, ele ressalta que é certo que os números em vendas serão ainda mais expressivos para este ano.

Além disso, ele compartilha que alguns setores que antes não tinham tanta relevância também despontaram, como é o caso do setor de calçados, que cresceu 6,4% até junho. Odair afirma ainda que o setor de transportadoras tem crescido bastante nos últimos anos e que grandes marcas varejistas vêm buscando se transformar em marketplaces, trazendo esse alto número de lojas virtuais como parceiros, fomentando a compra online e dando confiança aos consumidores no setor.

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“Olhando para frente, com certeza temos um caminho brilhante, mas com desafios. A tendência é de rápida expansão, onde a retenção de clientes se tornará essencial para quem deseja emergir no digital. Todos que adentrarem este mercado precisarão ter foco em construir relacionamentos duradouros. Os varejistas também enfrentarão o desafio de equilibrar o crescimento online com a otimização das lojas físicas, e isso será essencial para a sobrevivência dos negócios nos próximos anos”, comenta.

Ele compartilha ainda que o futuro é tecnológico, começando pela recente evolução da inteligência artificial, com chatbots e outros sistemas de atendimento automatizados. Outro setor que pode apresentar um crescimento voltado para o e-commerce é o setor financeiro, o M-commerce, que seria o comércio via dispositivos móveis e tecnologias de voz, ou seja, aquele que se adaptar e atender todas as demandas, ganha.

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