Representatividade negra e feminina nas olimpíadas

17/9/24
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Publicado por 
Redação Start

Em uma análise do cenário esportivo, a jornalista Júlia Belas fala sobre a importância da representatividade para inspirar futuras gerações

Foto: Divulgação
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As Olimpíadas de Paris 2024 representaram um marco importante na busca por maior representatividade negra e feminina no esporte. A presença de mulheres negras conquistando medalhas e demonstrando sua potência nos jogos foi um avanço significativo. Em análise, a jornalista Júlia Belas que acompanhou os jogos como espectadora, afirmou que foi fundamental ver essas atletas se destacando e inspirando futuras gerações. 

Segundo ela, isso não apenas oferece uma representação crucial para meninas e mulheres negras que assistem e se inspiram para se engajar no esporte, mas também ilustra como o esporte pode ser uma ferramenta poderosa para inclusão social e diversidade.

Historicamente, as Olimpíadas enfrentaram muitos desafios em termos de inclusão. Em 1964, Aída dos Santos foi a única mulher na delegação brasileira e teve que competir sem suporte adequado, refletindo a falta de estrutura e apoio para as atletas femininas na época. Desde então, houve avanços significativos, mas Júlia ressalta que ainda existem muitos desafios a serem enfrentados.

Foto: Arquivo pessoal
“O avanço é muito claro, mas não podemos ignorar que os desafios ainda são muitos”, afirma.

Os Jogos de Paris 2024 destacaram alguns desses desafios persistentes. Embora a mídia e as organizações esportivas estejam mais atentas às questões de gênero e raça, ainda há deficiências significativas. Júlia observa que, durante os jogos, surgiram polêmicas em relação a comentários machistas nas transmissões, indicando que as empresas que transmitem os eventos ainda precisam melhorar. 

“Durante os jogos, tivemos polêmicas de comentários machistas que são questões muito sérias e precisam ser tratadas. Além disso, ataques racistas e machistas nas redes sociais continuam a ser um problema significativo”, comenta Júlia.

Uma matéria divulgada pela BBC mostra a necessidade de maior inclusão e representação no esporte. A matéria aponta que a presença de atletas negras em competições internacionais ainda é sub-representada. Por exemplo, enquanto o número de atletas negras nas Olimpíadas aumentou, elas continuam enfrentando desafios significativos em termos de visibilidade e apoio. Em Paris 2024, apesar dos avanços, a representação negra ainda não reflete a diversidade da população global.

A visibilidade de atletas como Rebeca Andrade e Daiane dos Santos tem sido particularmente inspiradora. Julia destaca a importância dessas atletas não apenas por seus desempenhos, mas pelo impacto que têm em meninas e mulheres negras. 

“Rebeca Andrade e Daiane dos Santos são exemplos brilhantes que mostram como o investimento em esporte e a inclusão podem criar novas oportunidades para meninas e mulheres negras”, afirma. 

Segundo Júlia, o sucesso dessas atletas sublinha a necessidade de mais investimento em esporte e na criação de oportunidades para jovens talentos. No entanto, o jornalismo esportivo ainda tem um longo caminho a percorrer em termos de diversidade e inclusão. Júlia menciona que, apesar dos avanços, as grandes redações ainda são predominantemente compostas por profissionais brancos, o que afeta a forma como as histórias das atletas negras são cobertas. 

“O jornalismo esportivo ainda tem muito a melhorar, especialmente na forma como aborda e representa as questões de diversidade”, explica. Dados confirmam essa falta de diversidade nas redações: cerca de 77% dos jornalistas brasileiros são brancos, refletindo uma sub-representação das pessoas negras na mídia.

Em resumo, as Olimpíadas de Paris 2024 foram um ponto de inflexão para a representatividade negra e feminina no esporte, mas a jornada continua. A visibilidade e o sucesso de atletas como Rebeca Andrade oferecem uma nova esperança e inspiração, demonstrando que o progresso é possível.

“Quando vemos atletas como Rebeca Andrade brilhando nas Olimpíadas, isso inspira esperança e nos faz acreditar que as coisas podem melhorar”, conclui Júlia. 

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