Tecnologia impulsiona a cafeicultura no Brasil

24/1/23
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Publicado por 
Redação Start

O país ocupa o primeiro lugar no ranking de maior produtor no mundo

O Brasil é destaque internacional na produção de café, sendo o maior produtor e exportador para o mundo inteiro e à frente de países localizados em parte da América do Sul, América Central, África e Ásia, segundo a Organização Internacional do Café. Essa história já dura cerca de 150 anos e teve início no século XVIII, quando as primeiras mudas foram plantadas no Pará, em 1727.

Francisco de Melo Palheta, um militar luso-brasileiro, estava no Brasil a serviço da coroa portuguesa e foi a figura responsável por trazer e plantar as primeiras sementes de café no norte do país. O solo e o clima da região favoreceram a produção a se expandir, dando início a cafeicultura no país. Em outro conteúdo publicado pela ABIC (Associação Brasileira da Indústria do Café), os estados com maior representatividade na produção de café são: Minas Gerais, Espírito Santo, São Paulo, Paraná, Rondônia e Bahia.

O avanço tecnológico de ferramentas e técnicas de produção, com a indústria do café acompanharam a expansão da tecnologia em diferentes setores. Esse avanço afeta diretamente nas maneiras de produção e comercialização do produto, que foram se modernizando e tornando os processos mais ágeis, eficientes e qualificados. Outro ponto importante é a influência que a indústria tem sobre os consumidores.

A ABIC divulgou um estudo que apresenta o índice de consumo do café entre novembro de 2019 e outubro de 2020. Os dados mostram que o país consumiu 21.004.430 sacas/ano. O produto se destaca também na segunda posição como a segunda bebida mais consumida no Brasil, ficando atrás somente da água. O sucesso do café brasileiro é tão grande que existem até músicas dedicadas ao produto, como The Coffee Song, do grande músico e artista Frank Sinatra.

Seguindo essa ideia de sucesso, empresas e startups têm buscado inovar no setor, oferecendo produtos e serviços de qualidade para os apaixonados pelo produto. Este é o caso da CertifiCafé, startup que trabalha com a certificação de pequenos produtores de café. O negócio teve início após Mauro Júnior, CEO e fundador da startup, perceber a quantidade de produtores de café que não possuíam certificação, devido ao alto custo e burocracia para regularizar os serviços de produção.

Após a inscrição no programa Avança Café, da Universidade Federal de Viçosa em parceria com a EMBRAPA, Mauro viu a importância de investir no segmento, que servia para curar as dores do cafeicultor. Ele observou essa necessidade de certificação a partir de uma experiência pessoal, trabalhando na roça com os pais, pequenos trabalhadores rurais em uma lavoura de café, na cidade de Manhuaçu, Minas Gerais. 

Segundo Mauro, a certificação garante a qualidade dos processos produtivos do grão aliada também à sustentabilidade do produto. O empresário comenta ainda que há um desequilíbrio entre o Brasil ser o maior produtor e exportador de café do mundo, e ter menos de um por cento das fazendas com certificação. No último dia 6 de dezembro de 2022, a União Europeia concordou com uma nova lei que impede que as empresas da UE comprem café e outros produtos que sejam ligados ao desmatamento em todo o mundo, o que reforça ainda mais a importância da certificação.

A CertifiCafé é organizada por meio de três etapas de fiscalização e uma plataforma que oferece praticidade para o produtor organizar os lançamentos e informações da propriedade. A primeira etapa é o diagnóstico e a análise de solo que gera um plano de ação para o produtor. A segunda etapa é um aplicativo que organiza as informações e documentações do jeito que a certificação exige. A terceira e última etapa é a geração de relatórios de maneira automática, exatamente do jeito que o produtor precisa para apresentar na auditoria.

Imagem: Divulgação
"Enquanto um produtor de maneira convencional leva um ano para conseguir certificar, com o aplicativo da CertifiCafé em no máximo seis meses ele já estará apto. Com o aplicativo, ele economiza 60% do investimento que faria se fosse feito por conta. O aplicativo consegue também atender com os consultores de certificação e as cooperativas de maneira que eles consigam aumentar a base de produtores certificados”, fala Mauro.

Para Mauro, a tecnologia é uma grande aliada da indústria cafeeira, proporcionando o aumento da lucratividade de todos que fazem parte da cadeia produtiva do café e da qualidade do produto. A tecnologia garante uma produção mais ágil com menos recursos para o produtor e transparência para o consumidor final, desde a plantação até a xícara de café comprada na cafeteria ou feita em casa.

Outra startup que investe no setor cafeeiro é a franquia The Coffee, que surgiu em 2018 após uma viagem dos fundadores Alexandre Fertonani, Carlos Fertonani e Luis Fertonani, para o Japão. Com inspiração nas cafeterias japonesas, eles iniciaram as primeiras atividades em Curitiba, no modelo To Go, seguindo a ideia de praticidade para tomar um bom café.

Com um design minimalista e moderno, a equipe buscou inserir tecnologia nas formas de comprar café, criando um modelo inovador para o país, juntando café de qualidade e a inserção de tecnologia. Após oito meses de inauguração da primeira loja da The Coffee, a equipe abriu uma nova loja também em Curitiba, dando início ao modelo de franquias.

Imagem: Divulgação/The Coffee Gramado

Em constante crescimento, a startup já expandiu com lojas em todo país, que permitem que o cliente viva a experiência da marca. A empresa já possui presença em 47 municípios e em países como Espanha, Colômbia, França, Portugal e Peru. Para os clientes, o modelo minimalista chama a atenção e torna o ambiente da cafeteria mais confortável e leve para visita.

Depois da ideia inovadora da cafeteria, a startup passou a desenvolver produtos próprios que levam o nome da marca, como uma linha exclusiva de ecobags, pacotes de café de alta qualidade, tumblers, guarda-chuvas e sachês de cafés coados. A empresa se especializou no assunto para oferecer os melhores grãos para os clientes.

Além dos cafés especiais, a cafeteria também oferece lanches naturais, sem aditivos, corantes e conservantes, ampliando ainda mais a carta de produtos disponíveis na loja. O aplicativo e a plataforma de autoatendimento também passam por constante atualização para otimizar os serviços.

Segundo a relações públicas da The Coffee, Beatriz Galindo, a experiência do cliente é o principal foco da startup.

As ferramentas utilizadas pela empresa visão simplificar a rotina dos consumidores, de forma que crie uma experiência personalizada para o gosto de cada cliente, como por exemplo a escolha de pouco, médio ou muito açúcar ou leite no café. Para Beatriz, a tecnologia gera automação e diminui custos para a empresa, permitindo eliminar intermediários, auxiliar na padronização de processos e aumentar a produtividade.

“As pessoas não consomem tecnologia, mas a tecnologia traz muita eficiência para a produção dos produtos e serviços que as pessoas consomem. Isso vale inclusive para a indústria cafeeira. A tecnologia pode nos aproximar do produtor, nos fazer conhecer o caminho que nosso café percorre, ela auxilia os roasters no processo de desenvolvimento da curva de torra e em muitos outros aspectos do processo”, fala Beatriz. 

Beatriz comenta ainda sobre a proporção de consumo de café no Brasil e compara à qualidade dos grãos comercializados no Brasil e os que são exportados. Há alguns anos, o café consumido no Brasil era considerado de baixa qualidade por muitos, mas à medida que as pessoas conhecem mais sobre o produto, os investimentos na qualidade aumentam.

Sobre a franquia estabelecida na cidade de Gramado, Rio Grande do Sul, Beatriz fala que por ser uma cidade com alta movimentação turística e eventos relevantes para o país, é uma ótima chance para desenvolver ainda mais os negócios.

“A presença da The Coffee na cidade é vista não apenas por moradores locais e turistas brasileiros, mas também turistas de todo o mundo, que passam a conhecer a marca, nossos produtos e seus diferenciais”, finaliza Beatriz.

Assim como Mauro, da CertifiCafé, outros empreendedores também passaram por influência familiar no meio rural, como é o caso de Gabriel Barruffini, fundador e CEO da Veroo, que é filho e neto de produtores de café, em São Paulo. Em 2020, a região foi responsável pela produção de 370 mil toneladas do produto, o que representa 39,7% a mais em comparação ao ano anterior.

O Boletim da Agricultura Familiar, publicado Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), com dados do Censo Agro de 2017, aponta que 77% dos estabelecimentos agropecuários são considerados como agricultura familiar no Brasil. O artigo mostra ainda que o setor emprega mais de 10 milhões de pessoas, o que representa 67% dos trabalhadores rurais.

Gabriel conta que a sua história com a Veroo nasceu a partir dessa vontade de empreender no setor em que ele estava inserido desde o nascimento. A fundação da startup surgiu para democratizar o acesso a cafés de qualidade em parceria com pequenos e médios produtores que não conseguem chegar ao grande mercado. A startup tem o propósito de conectar o cliente com um produto de qualidade produzido por pequenas lavouras de café, remunerando cerca de 25% a mais que os grandes mercados.

Rodrigo (cofundador Veroo), Taina (Equipe Veroo), Elton de Oliveira (produtor do mês de dezembro), Gabriel Barruffini (eu), Valdir Duarde (produtor), Fante (Equipe Veroo)

Nascida em Ribeirão Preto, São Paulo, a empresa oferece um canal de assinaturas onde o cliente recebe mensalmente um café exclusivo. A curadoria da empresa viaja pelo Brasil em busca de conexão com produtores rurais, criam uma edição exclusiva de cada produtor e enviam aos assinantes. Para Gabriel, esse processo é uma forma de movimentar a economia dessas fazendas, que não conseguem se inserir com grande êxito no mercado.

Além do envio, os assinantes recebem um material gráfico que conta a história de cada produtor, o processo de plantio e produção, para que a experiência do cliente se torne ainda mais exclusiva e prazerosa. A Veroo trabalha com o conceito de colocar o cliente no centro dos negócios, para que a empresa esteja em constante desenvolvimento a partir dos feedbacks dos assinantes e melhorando a plataforma de acesso à startup.

“A importância da tecnologia para a indústria cafeeira é fundamental para o desenvolvimento cada vez mais sustentável para essa cadeia. Olhar para a tecnologia em todas as etapas da produção do café desde o plantio até o consumidor final. O cliente é mais exigente atualmente”, finaliza Gabriel.

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